domingo, março 22, 2020

Como arranjar namorado

Tenho amigas que acham difícil arranjar namorado. Apesar de não ser jovem como muitas delas, sempre que desejo namorado, consigo. O segredo? A atitude mental. Parece besteira, ou mesmo uma brincadeira, mas ela é muito importante. Por exemplo, não me visto ou me dispo com o objetivo de conhecer um homem, ou de arranjar alguém para aquele momento. Visto-me bem porque gosto de viver. Outra dica: sempre estou alegre, sorrindo, procurando não pensar negativamente sobre os homens. Nada de pensar que eles são egoístas, que não desejam o nosso bem e só desejam tirar proveito. Isto já se torna um impedimento. Na verdade, quem tira mais proveito somos nós.

É bom estar vazia interiormente. Como fazer? Não é aconselhável se perder em pensamentos, mas estar em harmonia com o dia que segue, com o sol, com a imensidão do mar, com os animais, aliás, com toda a natureza, e também com as pessoas que nos rodeiam, sentir a vida como algo maravilhoso, uma espécie de espetáculo. Assim, estaremos abertas a tudo que surgir. A receptividade atrai coisas boas, entre elas namorados!

Certa vez fui passear na orla marítima, na minha cidade. Caminhei de um lado a outro. Sentia-me feliz, nenhuma preocupação, parecia que eu nascia ali, ou, para dizer melhor, que surgia pela primeira vez. Surpreendia-me com o que via, o mundo era uma descoberta constante, tudo sempre novo. Podem ter certeza, caso consigam essa postura, o restante será fácil, inclusive a aproximação de homens leais. Não acreditam? Claro que existem, às vezes eles se tornam difíceis de encontrar porque não conseguimos enxergá-los. O importante é nos livrarmos dos preconceitos. Em outras palavras: estar nua interiormente. Um exemplo: a roupa é uma espécie de invólucro, ela transmite nossa opinião, nossos gostos, nossa maneira de pensar e de ser. Quando se está nua, não há o que refletir senão o próprio ser original. Surgiu-me durante meu passeio à orla um homem de cinema. Mesmo que quisesse me valorizar, não pude, entreguei-me inteira.

Conto uma história. Tenho uma amiga, assanhada como ninguém, que desce todo fim de semana de Glicério para a praia. Ela faz um truque com o minúsculo biquíni, que enlouquece qualquer homem. Quando a encontro na praia, sempre acho que está pelada, embora ela afirme, altiva, que seu biquíni é muito recatado. Num dia desses, ao entardecer, ela estava deitada na cadeira de praia vestindo a tal roupinha de banho que só ela consegue enxergar quando surgiu um homem. Que maravilha!, exclamou silenciosa. Encantou-se o recém-enamorado. Aproximou-se. De início fez-se de entediada, três quartos de hora depois abriu-se. Diz que passou dias saborosos (o adjetivo é ela) ao lado dele, quentinha. Quem agir assim – isto é, andar nua por aí – é certo que sairá vencedora, haverá mesmo uma carreira de homens caminhando ao seu encontro. Mas, sabemos, que tal postura tem suas desvantagens. Minhas dicas, no entanto, são outras. Vou pela nudez interior, a outra será mera consequência.

“Eduarda, sempre vejo você com homens bonitos”, muitas chegam a exclamar. “Não quero botar olho não”, disse outra, “mas você anda com cada bonitão, conta o segredo, vai.” Do jeito que as amigas comentam, até parece que saio com todos os homens da cidade. Isso não é verdade. Mas, voltando ao tal receituário, não há segredos, basta a atitude mental.

Nos meus contos não é assim que acontece, alguém poderá observar, “você é muito levada, sempre está nua em algum lugar da cidade, sobretudo durante a noite.” Vocês têm toda razão. Mas não ajo assim para arranjar namorado, trata-se apenas do tal arrepio. E sobre isso, a gente conversa numa outra hora.

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