Um ex-namorado me chamou outro dia por vídeo, no Zap. Chamá-lo ex é contraditório, acho que é namorado mesmo, embora não mais nos encontremos. Sei que ainda gosta de mim, por isso o considero como tal. O homem ligou a mil, tesão completo. Além disso, eu estava nua, prestes a entrar numa ducha. Falei com ele, mostrava apenas o pescoço e o rosto, às vezes aparecia aquela parte do corpo entre os seios e o pescoço, revelando minha nudez. Ele nada comentou, mas percebi seu gosto. Vou tomar um banho, falei, aproveitei e peguei a toalha. A toalha vai cair, ele disse. Como poderia cair se eu nem mesmo me cobria com ela. Não vai cair, não, disse de brincadeira. Travamos uma longa conversa. Falei das coisas boas da minha vida, nada de problemas. Os homens, ou melhor, as pessoas se afastam caso contemos problemas. Represento. Sou a mulher mais feliz do mundo. Não ia eu conversar sobre homens, é claro, mas dei a entender que sou muito desejada. A toalha vai cair, falou de novo. Por que você quer me ver nua?, já cansou de me ver sem roupa, em situações mesmo mais extravagantes, soletrei. É, bons tempos, rebateu. Aliás, ele queria rebater mesmo, estava doidinho para estar ao meu lado, me virar de frente me rebater pelas costas, várias as posições, me sentir molhadinha. Como estou de cabelos curtos, minha face se apimentou, cara de sacana, lábios sensuais. Então, disse, o banho me espera, a ducha aberta, água correndo, de graça. Sentei sobre a tampa do vaso. O teu telefone te mostra bem, é boa a imagem, disse porque não tinha mais o que dizer. Todos os telefones de hoje têm boa imagem, confirmei. Comprei um biquíni novo, assim que der praia vou usar. Queria ver se ele ia me pedir para vestir naquele momento. Nada falou, não quis se dar de graça. Bem, não sei, mas já não vou à praia faz tempo, afirmou. Vou sempre que posso, disse solícita, todos me conhecem naquele pedaço, perto do Country, tenho de procurar outro lugar, conhecer outras pessoas. Arregalou os olhos. Nesta tua cidade, conhecer novas pessoas... Sempre conheço, assegurei, não havia dúvidas nas minhas palavras. Outro dia um cara que veio trabalhar na Petrobrás, o mulheril todo em cima, veio valar comigo, me convidou para o Ilhote. Você foi?, ele curioso como sempre. Quem sabe, não dei certeza. Você está tão importante assim, tão rara, cuidado, não é sempre que aparecem essas oportunidades. Estava certo o homem, mas não queria eu lhe dizer a verdade, desejava criar ciúmes, fazê-lo vibrar mais de tesão. As pessoas são assim, tantos os homens como as mulheres, se criamos um entrave, se ficamos mais difíceis, interessam-se mais. Ciúme revelador: você está linda nua, falou como se me visse pelada naquele momento. Você acha?, entrei no jogo. Acho, uma delícia. Vieram as lembranças, as idas à praia, o agarra agarra dentro d’água, ele puxando as tiras do meu biquíni. Lembra no Mar do Norte, eu te deixei pelada dentro d'água, achou engraçada a lembrança. Ardiloso, ele. Continuei a fazer o jogo. Lá não era, com não é, praia de nudismo. Mas nós aproveitamos, sentenciou. Isso, aproveitamos, mas agora vou aproveitar o banho. Vai, bom banho, disse em tom de final de conversa. A toalha caiu, disse eu. Reparei, retrucou. é como no esgrima, um avança, outro recua. Recuo, sem a toalha, ri. Beijos, despediu-se. Beijos, até breve, eu. Quando ia entrando sob a ducha, veio a mensagem de voz, você esqueceu a toalha, como àquela vez voltando da praia, nua no banco do carona! Ah, deixara o vídeo ligado, nua no chuveiro. Não foi intencional. Mas quem vai ter certeza!
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