Naquela noite eu estava de namorado novo, saindo de um restaurante onde comemos e bebemos bem. Já na rua, ele me perguntou onde eu ainda desejava passear. Meu telefone vibrou, o homem percebeu. Nesses momentos, não é bom deixar o telefone à vista, mas eu estava num tamanho enlevo, que acabei não prestando atenção. Pode atender, ele disse. Não, claro que não vou atender; além disso, estamos na era das mensagens, não se telefona diretamente a ninguém nos tempos atuais, contrapus. Mas deve ser um admirador especial, para ligar a esta hora. Não, nada disso, eu argumentava tentando fazê-lo esquecer meu celular, você ligaria para alguém às onze da noite?, perguntei. Quem sabe, quando se está apaixonado, as horas são meras abstrações, sentenciou. Não atendi. Ao chegar ao apartamento do namorado, nos poucos segundos em que fiquei sozinha, vi que havia o nome de quem fizera a ligação, um ex-namorado. Quero dizer, não era tão ex assim, porque só saíramos duas vezes. Como eu não atendera, deixara a seguinte mensagem: vamos tomar café da manhã? Dizia a hora e local do encontro, para o dia seguinte. Ainda bem que o novo namorado nada sabia sobre isso. Eu iria já apagar a mensagem, quando ele apareceu. Fiz de conta que olhava um vídeo de uma amiga, quis mesmo lhe mostrar. Veja que engraçado, falei. Os homens são expertos, ele sabia que não era nada disso.
O homem que me convidava para o café da manhã era casado. Eu
não me aborrecia por isso. Nas duas vezes em que saí com ele, passeáramos pela
manhã. Na segunda vez, me levou para cama na hora do café da manhã, um hotel em
Botafogo. Eu vestia biquíni de praia, uma camiseta e bermudinha de lycra.
Tomamos café no hotel. Comemos tudo que veio na bandeja, depois nos entregamos
ao amor.
Mas na tal noite, com o novo namorado, não queria estragar o
prazer da primeira vez. O que fazer? Ou melhor, como desfazer a tal situação?
De que você mais gosta?, perguntei. De uma namorada de olhos castanhos, de pele
bronzeada e... Posso completar?, ele, tímido. Sim, complete, eu disse solícita.
De peitos de fora. Ah, deixei escapar a interjeição e sorri, mas assim tão de
repente. É como gosto, você perguntou, estou sendo sincero. Dei as costas, tirei
a blusa, soltei o sutiã, larguei-os sobre o sofá lateral e me voltei ao
namorado. Pensei que a história do telefonema estava esquecida, porém, na
quentura do sexo, ele solta já sei, você é casada!, e ele está procurando onde
a mulher pode estar numa hora dessas. Eu, casada?, repliquei, esqueça isso,
vamos namorar. Tive uma namorada como você, adorava andar nua ao meu lado pra
lá e pra cá, depois descobri que era casada, uma confusão e tanto. Venha, por
favor, fiz seu pênis escorregar mais uma vez para dentro de mim, nada de
histórias de outras namoradas nem de maridos. Se sou casada, prometo que você
pode me deixar pelada na porta de casa. A seguir, beijei-o na boca e não mais permiti
que falasse.
Esses namorados têm muita presença de espírito.