Minha avó saía com todos os homens que conhecia, tinha 57 anos, era magra, bem cuidada, tinha facilidade de arranjar namorados. Soube de tudo quando vi o celular dela se iluminar. Tomava banho e deixou o telefone sobre a mesa da sala. Você vai mandar ou não a foto de teu bumbum?, a mensagem que li. Peguei o telefone e procurei outras mensagens do mesmo homem. Que safada, ela provocava, dizia que iria pensar, que ele não era fiel a ela. Isso foi em outros tempos, ele rebatia, tua bunda sempre fui muito bonita, continuava a mensagem. Coloquei o celular no mesmo local e fingi que fazia outra coisa quando minha avó saiu do banheiro.
Nos dias que se seguiram, consegui olhar de novo seu
celular, li outras mensagens, de outros homens, pelo menos uns cinco diferentes.
Todos queriam fotos, diziam que ela era gostosa. Um lembrou uma vez que transou
com ela numa praia em M, depois da meia-noite, que sensação, jámais senti algo
igual. Ele parecia vidrado. Ela respondeu quem sabe a gente vai lá de novo.
Passaram-se alguns dias e achei que aquilo tudo era apenas
conversa de zap, apenas para passar o tempo. Um dia, porém, encontrei minha avó
no Ilhote Sul. Eu estava com duas amigas da minha idade, dezenove, vinte anos,
todas da faculdade. Como o restaurante estava cheio, ela não me reparou. Minha
avó estava acompanhada de um homem jovem, que podia ser meu namorado! Fiz de
conta que não a conhecia. Pensei segui-la, mas não daria certo. O que fazer?
No dia seguinte, descobri no celular dela quem era o tal
homem. Ela o chamava de meu amor, ele a apelidara de gostosinha. Havia um dia e
endereço onde iriam se encontrar de novo. Mas, naquele mesmo dia, encontrei outra
mensagem, de outro homem. Ela respondia que sim, que sairia com ele dois dias
depois.
Eu não sentia necessidade de sexo, chegava a conversar sobre
isso com algumas amigas. Elas diziam que era assim mesmo, toda garota que se
inicia na vida sexual, no começo não sente prazer. Comecei a achar que minha avó
era o exemplo disso, cada vez que ficava com mais idade o prazer era maior.
Será que com o passar dos anos a vontade de trepar aumenta, ou será que minha
avó é uma safada de primeira linha? Cheguei a perguntar a algumas pessoas sobre
sexo. Elas diziam você está tão interessada nisso agora, o que está
acontecendo? Eu tinha que desconversar. Eu tivera apenas dois namorados, naquele
momento estava sozinha, transara mesmo apenas com um, e não tinha sentido muito
prazer.
Algumas semanas depois, deixei de lado o telefone dela. Eu arranjara
um namoradinho. Ele começou a me levar para passear nos mais diversos lugares.
Como era mais velho do que eu quase dez anos, já tinha a vida estabilizada.
Uma noite comemos muito e paramos o automóvel diante de um
hotel na praia do pecado. Entramos e alugamos um apartamento por boa parte da
noite. Quando saímos, já quase pela manhã, resolvemos descer até a praia. Era
um local que não dava para chegar pela orla, foi preciso caminhar por uma rua
interna, cercada de vegetação alta de ambos os lados. O carro não conseguia atravessar.
Nossa intenção era sentar na areia e apreciar o amanhecer.
Quando nos aproximamos do final da praia, meu namoradinho disse
silêncio, acho que ouvi alguma coisa. Nos agachamos e ficamos observando. Uma
mulher inteiramente nua estava deitada sobre um uma canga e um
homem acariciava suas costas.
Temos companhia, vamos mais adiante.
Não, eu disse, quero ver se conheço a pessoa.
Para que fui falar tal besteira. A mulher se levantou e caminhou para a beira d’água, nua como viera ao mundo. Pela estatura e pelo corte de cabelo, pude reparar que era a minha avó. Ela estava tão bonita, combinava com o lusco-fusco do amanhecer que se anunciava, era capaz de irradiar uma bondade que apenas eu podia perceber. Naquele momento, quis ser igual a ela. Cheguei a prometer que faria tudo para seguir seus passos na vida, descobrir o prazer que ela sentia em cada gesto, o êxtase que a natureza irradiava do corpo dela. Todo o preconceito que eu tinha contra ela desaparecera como num toque de mágica.
Nada falei ao namorado, ele conhecia a minha avó, sabia que a mulher ali à beira d'água era ela. Teve a elegância de nada comentar.
Como estava nua, ficou. O homem a seu lado a acariciava.
Afastamo-nos sem sermos percebidos. Eu também ficaria nua, mas em outro lugar.
Dali em diante, minha vida seria outra.
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