Eu havia entrado no bar, daqueles bem pé sujo. Pedi ao senhor do caixa será que posso dar um telefonema? Ele respondeu não senhorita, o telefone é para uso exclusivo da casa. Então insisti, falei com dengo, usei todo o meu charme, parecia até que ia fazer carinho no homem, deixa é só por um instantinho. Ele retrucou não, já disse que não é possível. Algumas pessoas que estavam ali tomando cerveja e conversando começaram a me apoiar. Disseram deixa, deixa, deixa a belezinha telefonar. Ah, esqueci de dizer, eu estava de biquíni. O bar era perto da praia e o biquíni bem pequenininho, uma coisinha à toa. No início gostei do apoio que recebi daqueles homens. Mas só no início. Insisti mais um pouco. Insinuei minha quase nudez, tentava seduzir o guardião do telefone. O dono do bar não cedeu. Então reparei que o coro foi crescendo a meu favor. Àquelas pessoas juntaram-se outras. Apesar da forte oposição, ele era irredutível. De repente, começou a confusão. Voou uma garrafa, um prato, copos, tudo na direção dele. Concluí que eu precisava escapar. Só então percebi que as pessoas eram muitas, me impediam a passagem. Nem sei de onde surgiu toda aquela gente. Me vi espremida contra o balcão, aquele empurra-empurra. Tentei me proteger. Senti, porém, um ligeiro beliscão quase junto à virilha esquerda. Depois alguém me apalpou um dos seios. A seguir, palmearam minha bunda. Mãos anônimas se multiplicaram e avançaram em minha direção. Muito assustada, mal conseguia me esquivar de tantos beliscões e apalpadelas. E de nada valeram meus protestos quando uma daquelas mãos me arrancou o biquíni. No meio da confusão, alguém deu um tiro para o ar. O estampido provocou correria e abriu espaço no salão. Ouviu-se som de sirene. Alguém gritou é a polícia. A multidão precipitou-se porta afora. Na confusão, ainda uma daquelas mãos, ágil e anônima, teve de tempo de me deixar sem o sutiã. Então foi minha vez de correr dali. Peladinha.
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