sexta-feira, novembro 17, 2006

Em Roma

Numa viagem a Roma em companhia de uma tia, há alguns anos, vivi momentos inesquecíveis. Acordávamos cedo e saíamos para descobrir a cidade. Confesso que tive predileção por lugares singelos, ruas simpáticas, lojas que vendiam pequenas bugigangas, algum apetrecho que ecoasse a simplicidade e alegria de um povo de muitos séculos.

Titia queria visitar todas os monumentos e ruínas do antigo império. Acompanhei-a ora com curiosidade, ora com um pouco de enfado, ora até mesmo assustada. Confesso que fiquei atemorizada ante à arena do Coliseu; imaginei a agonia de gladiadores ensangüentados e de todos os que eram devorados por leões; também não me foi difícil visualizar a multidão que há quase dois milênios gritava alucinada na assistência.

Nada semelhante a Roma dos dias de hoje, cidade até certo ponto tranqüila – apenas o ligeiro tráfego de automóveis nos assusta -, seu povo alegre, suas casas e prédios elegantes, a citá colorida, com lojas e butiques de marcas conhecidas.

Também admiramos os cafés; sim o café expresso é de invenção italiana e são muitas as cafeterias que se espalham pela cidade, plenas de gente bonita, principalmente ao entardecer, momento em que parávamos para tomar um capuccino.

Fora às visitas históricas e ida e vindas a restaurantes, onde não deixamos de saborear todo o tipo de prato típico, fizemos diversas compras. Era freqüente chegarmos ao hotel apinhadas de bolsas; um dos porteiros vinha então até o táxi, abria a porta do automóvel e nos ajudava a carregar todos aqueles objetos.

Fiz amizade com umas meninas italianas, ou melhor, umas jovens. Eram muito atiradas. Certa noite, convidaram-me para ir a uma boate que ficava nas proximidades do hotel. Falei com titia; ela decidiu descansar, já que o dia fora um dos mais movimentados.

Às nove horas, elas apareceram e a funcionária da recepção ligou para nosso apartamento. Desci rápida e embarcamos num pequeno automóvel.

Na verdade, era uma comemoração. Uma das amigas fazia aniversário e eram muitos os convidados. Logo apresentaram-me à maioria das pessoas. Percebi que muitos admiravam minha beleza e a roupa que eu vestia. Trajava vestido rosa tomara-que-caia, bem justo ao corpo e bem curto. Despertei os olhares de todos os homens e rapazes.

A festa transcorreu animada e sem incidentes. Predominava música americana; todos dançamos alegres e entusiasmados. Alguns rapazes aproximaram-se e queriam estar grudados a mim durante todo o tempo. É que no calor da música, meu vestido subia, as coxas ficavam de fora e por pouco não aparecia a calcinha; acho que em alguns momentos até apareceu, mas a aglomeração das pessoas, a dança, o piscar incessante de luzes coloridas não permitiram que os curiosos a percebessem mais do que durante breves segundos. Ao mesmo tempo, eu não podia esticar a parte de baixo do vestido, porque corria o risco de os meus seios saltarem. Só sei que foi tudo muito divertido. Deixei os italianos, que não demoraram a se tornar meus fãs e amigos, excitadíssimos.

No final da noite, quando as meninas me deixavam no hotel, tentava compreender o que uma delas me perguntava: queria saber onde eu comprara o vestido. Disse que o trouxera do Brasil.

Enquanto entrava no apartamento e observava titia dormindo, lembrei-me que estava num país que ditava a moda, mas que, naquela noite, eu tinha sido a pessoa que mais brilhara.

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