– A água do mar está tão boa, que não dá vontade de sair.
– Está muito agradável.
– Chegue aqui juntinho de mim.
– Assim?
– É, assim, assim.
– Você é muito bonita, sabia?
– Sim, eu sei, mas desça as mãos pelas minhas costas, vai.
– Tá bom assim?
– Está, mas desça mais um pouquinho; até abaixo do cóccix.
– Você quer que eu apalpe seu bumbum?
– Isso, apalpe!
– Ai, você está nua!
– Estou...
– Cadê seu biquíni?
– Está aqui, enroladinho no meu pulso, fiz dele uma pulseira.
– Me deixe ver.
– Olhe só de relance.
– Ah, quero usar essa pulseira um pouquinho.
– Não, nada disso, fique quieto.
– Você me pede para descobrir você nua e ainda me quer quieto?
– Calma, se você continuar assim, eu me visto e acabo com a brincadeira.
– Sou tarado por biquínis, principalmente quando escapam para as minhas mãos.
– Eu sei disso...
– Enrole-o no meu braço um instantinho só.
– E se você me deixar nua aqui dentro d'água, como é que eu vou fazer?
– Eu não vou deixar, não, juro.
– Não, nada disso, fique quieto, me abrace bem apertado e me beije.
– Hum...
– Isso, assim, assim... Me faça carinho.
– Então me dá o seu biquíni.
– Você prefere uma mulher nua ou um biquíni? Parece criança...
– É. Uma mulher nua é bem melhor.
– Então, aproveite! Você já encontrou alguma mulher nua na praia?
– Não.
– Então, vá, me agarre, me aperte com força, me beije, me faça carinho, depois eu dou o biquíni.
– Jura?
– Juro.
– Jura mesmo?
– Já não falei que sim?
– Tá bom, vamos lá...
– Isso, aí, aí, nesse ponto eu adoro...
– Assim?
– Isso, continue, continue que está gostoso.
– Então me de o biquíni, estou fazendo carinho, você jurou.
– Não pare, não pare, eu já estava quase lá...
– Só continuo se você me der o biquíni.
– Está bem, segure, enrole no braço, cuidado pra não perder, mas não pare.
– Ficou bem assim?
– Ficou, mas continue, não pare, por favor...
– Assim?
– Isso, como estava antes...
– Você vai gozar?
– Não fale nada, fique quieto e continue. Não pare... Isso, isso, agora, ah, ah... Ei, aonde você vai? Volte aqui!
Filho da puta, me deixou nua. Não devia ter dado o biquíni a ele.
– Marg, estou aqui.
– Ah, graças a deus, é você! Você me deixou de molho já há uns dez minutos. Cadê meu biquíni?
– Está bem guardadinho.
– Onde você o colocou?
– Lá na sua bolsa.
– Vá buscá-lo, por favor, alguém pode descobrir que estou nua, vai ser um vexame...
– Quem mandou você brincar de pulseira?
– Não faça isso. Alguém pode reparar que estou nua...
– Está bem, espere um pouco.
– Não demore, por favor!
Ai, que ele não vem...
– Ei, moça, sabe as horas?
– Não.
– A praia aqui é boa, não é mesmo?
O homem, um quarentão, quer conversa. Temo virar-me na direção dele. Quero fugir, mas estou nua e meu namorado pode não me achar; ai, que demora...
Quando mal percebo, o homem está quase grudado em mim. Muito rápido ele me taca um beijo molhado, um beijo longo com gosto bom de mar.
Não resisto, relaxo e entrego-me lânguida.
– O que houve com seu biquíni?
– O bicho comeu? – sorrio.
– E como você vai fazer?
– Dou um jeito.
– Você está sozinha?
– Não – surpreendo-o –, meu namorado vem lá – aponto na direção da faixa de areia.
– Como faço pra ver você de novo?
– Digite "margarida nua" em qualquer sítio de busca; escreva pra mim.
O desconhecido se afasta.
Meu namorado se aproximava mesmo, e me trazia o biquíni.
– Você não vai vestir?
– Lembra que era uma pulseira? – dou duas voltas no mesmo braço onde estivera.
– Eu vi um estranho junto a você. Demorei de propósito; você nem mais está tremendo...
– Como você gostaria que eu estivesse?
– Assustada, pelo menos.
– É mesmo?
– Deixa eu te abraçar.
– Pra quê?
– Adivinha; agora eu quero; você nua me mata de tesão...
– Negativo; você não viu o homem que conversava comigo?
– Vi, e daí?
– E daí... E daí aconteceu...
– Aconteceu o quê?
– O que pode acontecer quando um homem encontra uma mulher nua?
– Mas assim, tão rápido?
– E foi tão bom!
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