sábado, maio 23, 2009

Pulseira

– A água do mar está tão boa, que não dá vontade de sair.

– Está muito agradável.

– Chegue aqui juntinho de mim.

– Assim?

– É, assim, assim.

– Você é muito bonita, sabia?

– Sim, eu sei, mas desça as mãos pelas minhas costas, vai.

– Tá bom assim?

– Está, mas desça mais um pouquinho; até abaixo do cóccix.

– Você quer que eu apalpe seu bumbum?

– Isso, apalpe!

– Ai, você está nua!

– Estou...

– Cadê seu biquíni?

– Está aqui, enroladinho no meu pulso, fiz dele uma pulseira.

– Me deixe ver.

– Olhe só de relance.

– Ah, quero usar essa pulseira um pouquinho.

– Não, nada disso, fique quieto.

– Você me pede para descobrir você nua e ainda me quer quieto?

– Calma, se você continuar assim, eu me visto e acabo com a brincadeira.

– Sou tarado por biquínis, principalmente quando escapam para as minhas mãos.

– Eu sei disso...

– Enrole-o no meu braço um instantinho só.

– E se você me deixar nua aqui dentro d'água, como é que eu vou fazer?

– Eu não vou deixar, não, juro.

– Não, nada disso, fique quieto, me abrace bem apertado e me beije.

– Hum...

– Isso, assim, assim... Me faça carinho.

– Então me dá o seu biquíni.

– Você prefere uma mulher nua ou um biquíni? Parece criança...

– É. Uma mulher nua é bem melhor.

– Então, aproveite! Você já encontrou alguma mulher nua na praia?

– Não.

– Então, vá, me agarre, me aperte com força, me beije, me faça carinho, depois eu dou o biquíni.

– Jura?

– Juro.

– Jura mesmo?

– Já não falei que sim?

– Tá bom, vamos lá...

– Isso, aí, aí, nesse ponto eu adoro...

– Assim?

– Isso, continue, continue que está gostoso.

– Então me de o biquíni, estou fazendo carinho, você jurou.

– Não pare, não pare, eu já estava quase lá...

– Só continuo se você me der o biquíni.

– Está bem, segure, enrole no braço, cuidado pra não perder, mas não pare.

– Ficou bem assim?

– Ficou, mas continue, não pare, por favor...

– Assim?

– Isso, como estava antes...

– Você vai gozar?

– Não fale nada, fique quieto e continue. Não pare... Isso, isso, agora, ah, ah... Ei, aonde você vai? Volte aqui!

Filho da puta, me deixou nua. Não devia ter dado o biquíni a ele.


– Marg, estou aqui.

– Ah, graças a deus, é você! Você me deixou de molho já há uns dez minutos. Cadê meu biquíni?

– Está bem guardadinho.

– Onde você o colocou?

– Lá na sua bolsa.

– Vá buscá-lo, por favor, alguém pode descobrir que estou nua, vai ser um vexame...

– Quem mandou você brincar de pulseira?

– Não faça isso. Alguém pode reparar que estou nua...

– Está bem, espere um pouco.

– Não demore, por favor!


Ai, que ele não vem...

– Ei, moça, sabe as horas?

– Não.

– A praia aqui é boa, não é mesmo?

O homem, um quarentão, quer conversa. Temo virar-me na direção dele. Quero fugir, mas estou nua e meu namorado pode não me achar; ai, que demora...

Quando mal percebo, o homem está quase grudado em mim. Muito rápido ele me taca um beijo molhado, um beijo longo com gosto bom de mar.

Não resisto, relaxo e entrego-me lânguida.

– O que houve com seu biquíni?

– O bicho comeu? – sorrio.

– E como você vai fazer?

– Dou um jeito.

– Você está sozinha?

– Não – surpreendo-o –, meu namorado vem lá – aponto na direção da faixa de areia.

– Como faço pra ver você de novo?

– Digite "margarida nua" em qualquer sítio de busca; escreva pra mim.

O desconhecido se afasta.

Meu namorado se aproximava mesmo, e me trazia o biquíni.

– Você não vai vestir?

– Lembra que era uma pulseira? – dou duas voltas no mesmo braço onde estivera.

– Eu vi um estranho junto a você. Demorei de propósito; você nem mais está tremendo...

– Como você gostaria que eu estivesse?

– Assustada, pelo menos.

– É mesmo?

– Deixa eu te abraçar.

– Pra quê?

– Adivinha; agora eu quero; você nua me mata de tesão...

– Negativo; você não viu o homem que conversava comigo?

– Vi, e daí?

– E daí... E daí aconteceu...

– Aconteceu o quê?

– O que pode acontecer quando um homem encontra uma mulher nua?

– Mas assim, tão rápido?

– E foi tão bom!

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