quinta-feira, julho 15, 2010

Adorei a surpresa, e eles também!

A ideia foi dele, meu namorado. Estávamos na minha casa. Fica em Macacos, um lugarejo montanhoso próximo a BH, num condomínio fechado. As casas são distantes uma das outras, e durante a semana não há quase ninguém.

Saímos da casa, contornamos pelo lado esquerdo. Nos fundos, há uma rede para se deitar, num espaço entre o corpo da casa e o muro que limita o terreno. Como o dia estava meio ensolarado, cismou que eu tinha de ir de biquíni.

Relutei:

“Aqui não tem piscina, ninguém fica de biquíni.”

“Não faz mal, está sol, você pode até ficar um pouco moreninha, já que é tão branquinha.”

Acabou me convencendo. Experimentei um dos meus biquínis. Achou um pouco grande. Vesti o segundo. Também não gostou. Quando vesti o terceiro, apaixonou-se. Um biquíni minúsculo, raso. Para usá-lo era preciso estar inteiramente depilada, e eu estava.

“Deixe-me procurar algum pano para enrolar o corpo, a casa ainda não tem o muro da frente.”

“Não será necessário”, falou.

“Não será necessário, por quê?”

“Você vai assim mesmo, qualquer problema basta ficar dentro da rede.”

“Tenho muitos amigos e conhecidos, não posso sair assim, sempre aparece alguém.”

“Caso apareça, escondo você.”

“Esconde? Onde? Dentro da rede? Tenho um metro e sessenta e cinco e sessenta e dois quilos. Não é possível que você consiga me ocultar em algum lugar sem que alguém note.”

“Vamos. Não vai chegar ninguém. Ninguém faz visitas às duas da tarde.”

“Não? Você vai ver”, acabei concordando.

Na verdade, senti uma ponta de excitação pelo desejo do namorado. Ele sempre inventava artifícios que me despertavam ardor. Acabei também achando que não chegaria ninguém.

Rodeamos a casa e mergulhamos na rede. Demoramos um pouco até encontrar uma posição confortável. Depois ele me abraçou com mais força, me beijou. Por fim, tirou o meu biquíni.

Quando já íamos lá pelas tantas num namoro frenético e embolado, escutamos a buzina de um automóvel.

“Não falei? E agora, como vamos fazer?”, tentei sair da rede e encontrar o biquíni. Mas depois vi que seria pior. Resolvi permanecer imóvel, deixando a ele, o inventor daquilo tudo, a tarefa de encontrar uma solução.

Saiu da rede sozinho, vestiu rapidamente a bermuda e foi até a frente da casa.

Voltou em menos de vinte segundos.

“São dois homens, disseram que alguém mandou entregar um presente a você, mas é preciso que você mesma o receba.”

“Presente? Não faço aniversário nem há data importante para comemorar.”

“Alguém está te presenteando com um carro”, falou cabisbaixo.

“Um carro? Quem haveria de me dar um carro? Não conheço ninguém que me daria um presente desses.”

“Mas é verdade, e é de um tal de Itamar.”

“Itamar? Não diga? Ele está aí? É você que vai ficar escondido dentro da rede, viu? Vou despachá-lo, fico com o presente e o mando embora. Depois corro pra você de novo.”

“Ei, espere, volte aqui, ele não esta aí, são só os entregadores. Volte aqui, você está nua!”

Corri pra frente da casa. Meu galanteador não estava lá. Mas eu e os entregadores adoramos a surpresa!

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