quinta-feira, julho 08, 2010

Você está vendo esta pracinha?

Você está vendo esta pracinha e a escadaria ao fundo? A escadaria dá na rua de cima, que se chama Cardeal. Tanto a pracinha como a rua me lembram um acontecimento muito divertido. Tive um namorado que morou aqui, no último prédio da rua que fica à direita da escadaria. Ele morava sozinho e eu vinha aqui namorar com ele. Adorava me ver nua, aliás, como todos os homens. Só que ele tinha suas extravagâncias. Depois de bebermos sempre uma garrafa de vinho, gostava de andar comigo de madrugada por esse lugar. Um dia quis me levar nua para passear. Eu disse: “nua?, mas se aparecer alguém?” Ele insistiu: “não aparece, não, é tarde, já estão todos dormindo.” Eu replicava: “esse lugar é muito movimentado, vai que aparece alguém...” Depois de muitas idas e vindas, chegamos a um acordo. Eu iria vestida apenas com uma camisa social dele transformada numa espécie de minivestido. Com o cinto que eu vestia ao chegar até que fiquei arrumadinha. A camisa, o cinto e a sandália, nada mais. Saímos depois de meia noite. Subimos a escadaria e seguimos pela Cardeal; contornamos uma outra rua e nos metemos por outra ainda mais íngreme. Sabe como é Santa Teresa, um bairro cheio de ladeiras. Encontramos, no caminho, um bar. Estava mais para um botequim; havia homens bebendo cerveja e duas ou três mulheres. Eu e meu namorado entramos, pedimos também uma cerveja. Começamos a beber; ele perguntou com olhar lânguido, como se quisesse descobrir minha nudez por debaixo da camisa: “como você está se sentindo nua?” “Não estou nua”, respondi. “Está sim”, reafirmou. As pessoas conversavam em voz alta. Tentamos ouvir o que falavam. Às vezes riam da inflexão de voz que algum deles emitia. Lembro que um comentou sobre uma peça de teatro. Acho que a haviam assistido naquela mesma noite. Ao acabar de beber, pagamos e saímos. Meu namorado estava louco para me agarrar em algum canto escuro. Dei a mão a ele e nos metemos pelo mesmo caminho, só que de volta. Quando descíamos a escadaria, ele me encostou num dos corrimões e me deu um longo beijo. Depois ficou agarrado comigo sem deixar que eu me mexesse. Então soltou meu cinto e desabotoou minha camisa. Acabou por me deixar nua. Fizemos amor ali mesmo. Imagine, eu nua, no meio daquela escadaria, às duas da madrugada. Posso afirmar que foi ótimo. Depois acabou acontecendo o que ele queria no início. Lembra que falei do desejo dele de que eu saísse nua naquela noite? Pois é, não saí nua, mas voltei. Ele não me deixou vestir. Mas no final deu tudo certo. Quando já estávamos dentro do seu apartamento rimos muito.

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