sexta-feira, outubro 26, 2012

Basta que me permitas a representação

Meu namorado sempre me sussurra ao pé do ouvido quando está prestes a gozar: “vou amarrar você nua sobre a cama e trepar assim durante muito, muito tempo.” Mas toda vez que acabamos, ele não mais toca no assunto. Outro dia, porém, logo que ameaçou afastar-se de mim, falei:

“Quando me vais amarrar?”

Apenas riu.

“Falo sério”, continuei, “falas o tempo todo nisso e não concretizas.”

“Você quer mesmo?”

“Claro, pois não diria à toa.”

Ainda nua, levantei e procurei um cordonete. Voltei ao quarto e o entreguei a ele.

“Você quer agora?”

“Agorinha. Neste mesmo instante.”

Deitei-me e lhe ofereci os punhos. Amarrou-me. Os braços atados forte à cabeceira; as pernas, abertas, presas pelo cordão, que ele enroscou na parte inferior do estrado.

“Ainda falta algo”, sugeri.

“O quê?”, olhou-me curioso.

“Quero que me amordaces.”

Foi ao banheiro e voltou com uma fita larga de esparadrapo. Grudou-a sobre minha boca.

“E agora, o que faço?”, perguntou.

Por meio de “hum, hum", expressei-me. Mas meu olhar, mais convincente, apontou-lhe o pênis.

Começou a brincar sobre o meu corpo. De repente, deu a sugestão.

“Espere, pensei uma coisa mais excitante. Vou sair um pouco e deixar você amarradinha aí.”

Levantou-se e começou a vestir-se. Ao me olhar, quando acabou de calçar o tênis, reparou minha testa franzida.

“Não fique preocupada, volto logo.”

Bateu a porta e saiu.

Fiquei a meditar sobre o que estava tramando. No início até achei boa a ideia, mas com o escorrer dos minutos comecei a ficar preocupada. Como ele poderia ter feito isso comigo? Eu, sem me poder soltar, sem a capacidade de emitir sons, e sozinha em casa.

Meu coração ia adiantado quando ouvi a porta abrir.

“Entre, por favor, espere aqui na sala”, ouvi a voz dele. Nossa! Quer dizer que ele trazia alguém.

“Será que não estou incomodando?”, a outra voz, e de mulher.

“Não, fique um pouco, ela já chega, disse que não ia demorar.”

“Prefiro voltar mais tarde.” Só então reparei que era a vizinha. “Ela me prometeu a receita, mas não é tão urgente.”

“Vou procurar. As coisas dela ficam numa gaveta no quarto, um momentinho”, levantou-se e veio para junto de mim. Sorriu e falou em surdina: “acha melhor chamá-la para vir até aqui?”

Movi a cabeça querendo dizer que não, que a despachasse.

Ele voltou à sala de mãos vazias.

“É melhor eu ir, estou com a comida no fogo. Depois falo com sua mulher.”

“Ok, dou o recado”, ele falou.

“Ouvi a porta bater.”

Voltou então ao quarto. Havia tirado toda a roupa.

“Viu? Deixei você por um triz”, subiu sobre meu corpo. Trepamos.

Eu estava molhadinha, de nervoso e de desejo. Devido à situação, gozei duas vezes. Depois, destapou-me a boca e pediu que eu o chupasse, ainda amarrada. Foi então que gozou,

Só no dia seguinte tocou de novo no assunto:

“Quer que eu amarre você hoje?”

“Claro. E estou a imaginar quem irás trazer dessa vez.”

“Que explicação daremos à visitante?”, ele quis saber.

“Nenhuma. Mas quero que a dispa e a amarre também. Só que na sala.”

"E o que faço caso eu traga um homem?”

“Nada, basta que o mande vir ao quarto no teu lugar.”

domingo, outubro 21, 2012

Como devo fazer para dar a ideia?

Uma amiga me veio falar sobre um namorado.  Contou que ele a obriga a ações extravagantes.

“Obriga?”, pergunto.

“Maneira de dizer. Na verdade ele pede, e eu consinto.”

“Consente? Dê um exemplo.”

“Se você quiser, dou vários, mas escute este.”

Contou que o homem adora sexo ao ar livre.

“Na praia?”

“A praia é um dos lugares favoritos dele. Mas há outros, como no meio ao mato, numa subida de serra, tudo durante a noite. Também adora me deixar nua num trecho escuro da rodovia estadual, partir com o automóvel e voltar um quarto de hora depois para me resgatar.”

“Resgatar?”

“Isso. Me pegar de volta.”

“Mas você não teme que algo possa dar errado?”

“Errado, como assim? Confio tanto nele.”

“Pode acontecer alguma coisa, como um enguiço no carro, ou mesmo um acidente. Como então você faz para voltar?”

“Sabe, Glória, nunca pensei nisso. Acho que quando se está amando, a gente não pensa nessas coisas.”

Terminamos nossa conversa com a chegada de outra pessoa. Logo depois me despeço e vou embora.

No caminho de casa continuo pensando sobre o que ela me contou. Nua na estrada, nua na praia, tudo no escurinho da noite, ou mesmo da madrugada. O importante é estar nas mãos do namorado, segundo ela, o maior frisson.

Os dias se passam, e eu sem namorado. Ao pensar novamente na minha amiga nua, sinto um arrepio. Quem sabe eu consiga um homem assim.

Sem querer, avisto seu namorado quando estou no Shopping. Ele me reconhece e me vem cumprimentar. Ah, se fosse eu a nua!, exclamo em silêncio. Primeiro aperta a minha mão, depois me beija e arregala os olhos, imensos, acho que chega a me desejar.

“Como vai a Isabel?”, pergunto.

“Vai bem. Ela falou que encontrou você um dia desses.”

“É, encontramos sim, lá no calçadão.”

O homem me come com os olhos, e não é impressão. Será que ela lhe falou sobra a conversa que tivemos? Chego a suspeitar.

“Vamos marcar um encontro um dia desses. Eu, Isabel e você. Leve mais alguém, vamos a um bar, na orla, ok?”, sugere.

Imagino nós três bebendo, depois ele levando a Isabel e eu para a rodovia, pedindo para tirarmos a roupa. Saímos então do carro nuas. Oh, minha mente maldosa!

“Não deixe de aparecer, leve o namorado, a gente conversa um pouco, é bom conhecer novas pessoas”, continua.

Despedimo-nos, eu parto. Vou pensando se ele já não está entediado de deixar a namorada nua por aí, pois para sair com ela precisa de outras companhias.

Depois desses dois encontros estou a procurar um namorado. E arrepiadíssima. Nua na estrada, quem dera! E se arranjo alguém, como faço para dar a ideia?

segunda-feira, outubro 15, 2012

Um caso a pensar

“Valdo, por favor, pare com essa brincadeira”.

“Que brincadeira, Valéria?”

“Não posso voltar nua pra Barra Mansa”.

É ótimo dormir com ele. Toda sexta. Ele tem lá suas taras, mas isso é normal nos homens. Valdo me quer nua o tempo todo. Sempre transamos duas ou três vezes na mesma noite. Pela manhã, corro de volta pra minha cidade.

Eu andava na Nossa Senhora de Copacabana. Era uma dessas sextas calorentas que antecipam o verão. Ia de calça justa e blusa curta, a roupa acentuando as minhas curvas. Pernas grossas, seios volumosos. De repente...

“Ei moça, vamos conversar”.

“Verdade?”, mostrei-lhe o rosto.

“Verdade verdadeira”, falou, “mas vamos antes beber alguma coisa”.

“Não sou de beber. Mas quero lhe dizer uma coisa, estou pra um programa, nem cobro tanto”.

“Não calculei que você fosse prostituta”.

“Prostituta?”

“Isso. Como posso chamar você?”

“Valéria”.

“Valéria, não gosto de prostitutas”.

“Quando você me tiver na cama, não falará assim”.

“As prostitutas trepam mecanicamente. Só pensam em acabar logo pra levar o dinheiro do cliente”.

“Se você pensa assim a meu respeito, tchau”.

Dois quarteirões à frente veio ele de novo. Só então reparei que ainda me seguia.

“Qual o preço?”

“Você não vai achar caro”.

“Quanto?”

“Duzentos”.

“Pode ser pela noite toda?”

“Pra quem diz que não gosta de prostitutas...”

“Sim ou não?”

“Não. Preciso voltar pra minha cidade”.

“E se eu dobrar a oferta?”

“É um caso a pensar”.

Acabei aceitando. Fomos ao apartamento dele.

Não costumo ir a apartamentos, frequento apenas os hotéis onde os funcionários me conhecem. Medida de segurança. Mas ele pareceu ser boa pessoa.

“Você é muito bonita. E muito gostosa”, disse assim que acabamos de transar pela primeira vez.

“Ainda me quer pelo resto da noite?”, pensei nos homens que me abandonam assim que gozam.

“Claro, ainda não acabamos”.

“Não?”, fingi surpresa.

Reparei que escondera minhas roupas. Mas nada falei. Transamos novamente. Depois caímos num sono gostoso.

De manhã, acordei ainda nua. Ele dormia ao meu lado. Andei um pouco pelo pequeno apartamento. Quando sentei novamente na cama, Valdo me agarrou pelas costas sem que eu esperasse. Trepamos de novo.

Eram nove da manhã quando falei: “gostei muito de você, mas não posso voltar pelada pra casa”.

Passamos a nos encontrar toda sexta, no mesmo lugar, à mesma hora. Bebemos, comemos e depois subimos ao apartamento.

“Acho que não vou mais cobrar, já somos namorados”, falei ontem.

"Nada disso, nada de namoro, você é minha contratada para toda sexta".

Vesti uma saia curtinha, só pra ele. Ele me trazia um presentinho: calcinha e sutiã.

"Quer que eu vista agora?", sorri mostrando as duas peças.

"Quem sabe", respondeu.

Depois da terceira transa, pediu: "veste o meu presentinho, veste; você vai ficar linda dentro dele”.

“Vou tomar um banho primeiro. Mas não posso voltar pra casa de calcinha e sutiã, Valdo!”

“Quem sabe”, fez cara de safadinho.

quinta-feira, outubro 11, 2012

Amuada

Você jura que não vai me roubar?

Claro; não sou ladrão.

Estou preocupada, ouça, nos conhecemos agora, são dez pras duas da madrugada, estamos numa rua deserta, não sei onde estou com a cabeça.

Sobre o pescoço, não?

Não brinque, estou com medo, acho que vou embora.

Mas foi você mesma que me abordou...

Sei, mas estou arrependida, era só uma brincadeira.

Então vá; quer que eu a acompanhe até sua casa?

Não, ainda não, acho que fico mais um pouco.

Como quiser.

Mas jure que não vai me roubar.

Juro, não sou ladrão.

Então vamos no meu carro.

Ok.

Gostou?

Gostei.

Silencioso, não?

Muito.

Vou parar um instantinho, quero faze xixi.

Ei, pra fazer xix não é preciso tirar a roupa toda!

Não consigo fazer xixi vestida.

Já voltou? Você ainda nem se agachou...

Quero pedir uma coisa primeiro.

Peça.

Não vai me roubar, vai?

Ah, já disse que não.

Preste atenção. Estou saindo nua do carro, vou me agachar atrás daquela árvore, o carro é meu e tudo que possuo está aqui dentro, até a roupa do corpo, não vai me roubar, viu?

Que demora, pensei que você não fosse mais voltar...

Foi de propósito, e até estou amuada.

O que foi, alguma coisa deu errado?

Não. Quer dizer, sim.

Fiz algo que feriu você?

Fez.

O quê?

Você não entendeu a brincadeira...

Brincadeira? Que brincadeira?

Não me roubou!

quinta-feira, outubro 04, 2012

No vão da bomba d'água

Estou nua, fora da área da casa, no espaço intermediário entre o muro e a construção. Ouço o ruído de pessoas que se aproximam. Corro para a lateral, agacho e me escondo no estreito vão da bomba d’água. Para não ficar tão aflita, ajo do mesmo modo de quando me vejo em apuros. Começo a pensar em outras coisas. Principalmente coisas excitantes.

Lembro-me de um namorado antigo. Como era carinhoso o homem. Queria namorar durante a maior parte do dia e também me queria nua pela casa. Me fazia vestir apenas sapatos. Eu podia escolher os mais bonitos. Depois desejava me ver com uma bolsa no ombro, ou mesmo numa das mãos caso fosse pequena. Eu fazia de conta que chegava daquele jeito à casa dele. Muitas vezes fui ao lado de fora para bater e ele abrir a porta. Me recebia como se eu fosse a pessoa mais vestida do mundo. Sem demonstrar pejo algum, eu entrava. Ele pedia, então, que eu sentasse. O que eu fazia com elegância; cruzava as pernas e esperava que ele iniciasse a conversa. Perguntava o que eu desejava comer e beber. Após alguns minutos, voltava com uma bandeja de prata, tudo no maior requinte. Tempos bons aqueles.

Outra lembrança que me afogueia é a de um namorado que me levava de carro para passear. Como me admirava muito de roupa curta, pedia que eu saísse de casa quase pelada. Às vezes eu nem tinha coragem de sair do carro. Certa vez acabei indo de biquíni. “Não vou poder sair do carro desse jeito”, falei. Mas, lá pelas três da manhã, comemos num quiosque na orla marítima; ele me emprestou a camisa para eu vestir sobre as duas mínimas peças. Numa outra ocasião, me levou para uma estrada escura. Quis que eu saísse do carro e deixasse as roupas com ele. Senti um friozinho na barriga. “E se aparecer alguém, já imaginou? Você vai me perder pra outra pessoa; eu nem terei como nada negar. O que posso dizer caso alguém me encontre nua numa estada?” E lá fui assim mesmo para lhe satisfazer a vontade.

Então aconteceu... Houve o policial. O que você faz quando um policial lhe surpreende nua? Nada, não é mesmo? Não há nada a fazer nessa situação, a não ser esperar. Eu esperei que ele me levasse presa. Mas não foi esse o final. Ele me levou para sua casa e quis me namorar. Além de namorarmos de todas as maneiras possíveis e impossíveis, tinha mania de investigador. Me soltava nua dentro de um pequena floresta, digamos assim sobre o lugar, e pedia que eu me escondesse. Não é que sempre me encontrava, e bem antes do amanhecer.

Meses depois estava eu vestidíssima, no teatro, assistia à melhor peça da temporada. E ia acompanhada de um ator, que tinha me conquistado num restaurante. O policial? Ficara para trás. Eu e o ator, depois da primeira saída, representamos os mais diversos papéis. Eu ia ora vestida, ora nua. Mas o que valia era minha atuação. Foi tão bom.

Vocês hão de perguntar, por que não permaneci com algum desses namorados se todos sempre são tão adoráveis, carinhosos e me queriam bem. Na verdade eu vivia uma ciranda, saía da mão de um para cair na de outro. Não havia nada melhor.

E agora estou aqui, nua, do lado de fora de casa. Por que esses homens sentem tanto prazer com essas pequenas perversões? E não é que passei também a gostar? Cada um que me faz uma proposta desse tipo, me injeta mais combustível; voo então a mil. Ainda há pouco queria tanto sair por minha conta, nua, às dez da noite, mas foi ele quem me pediu. Aquele que estava na plateia e acabou por me arrebatar. Mas as pessoas que chegaram não estavam no roteiro. E sei que este meu namorado vai oferecer cerveja, vai conversar, e vou mofar aqui, neste vão da bomba d’água... Não fosse meus seios grandes, voltava correndo lá pra dentro, peladinha!

Não posso deixar que se esgote meu estoque de lembranças.

Houve também uma praia, deixei meu biquíni nas mãos de um admirador que conhecera naquela mesma tarde, e eu dentro d’água, meu destino em suas mãos... Ai, não sei por que a sensação do creme hidrante sobre a pele, eu toda molhadinha; quem gostava de me deixar lambuzada assim era aquele lá do começo, que me colocava nua sobre saltos e carregando uma pequena bolsa; eu prestes a tragá-lo; ou, caso quisesse escapar, impossível, tão escorregadia...