quinta-feira, outubro 11, 2012

Amuada

Você jura que não vai me roubar?

Claro; não sou ladrão.

Estou preocupada, ouça, nos conhecemos agora, são dez pras duas da madrugada, estamos numa rua deserta, não sei onde estou com a cabeça.

Sobre o pescoço, não?

Não brinque, estou com medo, acho que vou embora.

Mas foi você mesma que me abordou...

Sei, mas estou arrependida, era só uma brincadeira.

Então vá; quer que eu a acompanhe até sua casa?

Não, ainda não, acho que fico mais um pouco.

Como quiser.

Mas jure que não vai me roubar.

Juro, não sou ladrão.

Então vamos no meu carro.

Ok.

Gostou?

Gostei.

Silencioso, não?

Muito.

Vou parar um instantinho, quero faze xixi.

Ei, pra fazer xix não é preciso tirar a roupa toda!

Não consigo fazer xixi vestida.

Já voltou? Você ainda nem se agachou...

Quero pedir uma coisa primeiro.

Peça.

Não vai me roubar, vai?

Ah, já disse que não.

Preste atenção. Estou saindo nua do carro, vou me agachar atrás daquela árvore, o carro é meu e tudo que possuo está aqui dentro, até a roupa do corpo, não vai me roubar, viu?

Que demora, pensei que você não fosse mais voltar...

Foi de propósito, e até estou amuada.

O que foi, alguma coisa deu errado?

Não. Quer dizer, sim.

Fiz algo que feriu você?

Fez.

O quê?

Você não entendeu a brincadeira...

Brincadeira? Que brincadeira?

Não me roubou!

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