“Que brincadeira, Valéria?”
“Não posso voltar nua pra Barra Mansa”.
É ótimo dormir com ele. Toda sexta. Ele tem lá suas taras,
mas isso é normal nos homens. Valdo me quer nua o tempo todo. Sempre transamos duas
ou três vezes na mesma noite. Pela manhã, corro de volta pra minha cidade.
Eu andava na Nossa Senhora de Copacabana. Era uma dessas
sextas calorentas que antecipam o verão. Ia de calça justa e blusa curta, a
roupa acentuando as minhas curvas. Pernas grossas, seios volumosos. De repente...
“Ei moça, vamos conversar”.
“Verdade?”, mostrei-lhe o rosto.
“Verdade verdadeira”, falou, “mas vamos antes beber alguma
coisa”.
“Não sou de beber. Mas quero lhe dizer uma coisa, estou pra
um programa, nem cobro tanto”.
“Não calculei que você fosse prostituta”.
“Prostituta?”
“Isso. Como posso chamar você?”
“Valéria”.
“Valéria, não gosto de prostitutas”.
“Quando você me tiver na cama, não falará assim”.
“As prostitutas trepam mecanicamente. Só pensam em acabar
logo pra levar o dinheiro do cliente”.
“Se você pensa assim a meu respeito, tchau”.
Dois quarteirões à frente veio ele de novo. Só então reparei
que ainda me seguia.
“Qual o preço?”
“Você não vai achar caro”.
“Quanto?”
“Duzentos”.
“Pode ser pela noite toda?”
“Pra quem diz que não gosta de prostitutas...”
“Sim ou não?”
“Não. Preciso voltar pra minha cidade”.
“E se eu dobrar a oferta?”
“É um caso a pensar”.
Acabei aceitando. Fomos ao apartamento dele.
Não costumo ir a apartamentos, frequento apenas os hotéis
onde os funcionários me conhecem. Medida de segurança. Mas ele pareceu ser boa
pessoa.
“Você é muito bonita. E muito gostosa”, disse assim que
acabamos de transar pela primeira vez.
“Ainda me quer pelo resto da noite?”, pensei nos homens que me
abandonam assim que gozam.
“Claro, ainda não acabamos”.
“Não?”, fingi surpresa.
Reparei que escondera minhas roupas. Mas nada falei.
Transamos novamente. Depois caímos num sono gostoso.
De manhã, acordei ainda nua. Ele dormia ao meu lado. Andei
um pouco pelo pequeno apartamento. Quando sentei novamente na cama, Valdo me
agarrou pelas costas sem que eu esperasse. Trepamos de novo.
Eram nove da manhã quando falei: “gostei muito de você, mas
não posso voltar pelada pra casa”.
Passamos a nos encontrar toda sexta, no mesmo lugar, à
mesma hora. Bebemos, comemos e depois subimos ao apartamento.
“Acho que não vou mais cobrar, já somos namorados”, falei ontem.
"Nada disso, nada de namoro, você é minha contratada para
toda sexta".
Vesti uma saia curtinha, só pra ele. Ele me trazia um
presentinho: calcinha e sutiã.
"Quer que eu vista agora?", sorri mostrando as duas peças.
"Quem sabe", respondeu.
Depois da terceira transa, pediu: "veste o meu presentinho,
veste; você vai ficar linda dentro dele”.
“Vou tomar um banho primeiro. Mas não posso voltar pra casa de calcinha e sutiã,
Valdo!”
“Quem sabe”, fez cara de safadinho.
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