domingo, outubro 21, 2012

Como devo fazer para dar a ideia?

Uma amiga me veio falar sobre um namorado.  Contou que ele a obriga a ações extravagantes.

“Obriga?”, pergunto.

“Maneira de dizer. Na verdade ele pede, e eu consinto.”

“Consente? Dê um exemplo.”

“Se você quiser, dou vários, mas escute este.”

Contou que o homem adora sexo ao ar livre.

“Na praia?”

“A praia é um dos lugares favoritos dele. Mas há outros, como no meio ao mato, numa subida de serra, tudo durante a noite. Também adora me deixar nua num trecho escuro da rodovia estadual, partir com o automóvel e voltar um quarto de hora depois para me resgatar.”

“Resgatar?”

“Isso. Me pegar de volta.”

“Mas você não teme que algo possa dar errado?”

“Errado, como assim? Confio tanto nele.”

“Pode acontecer alguma coisa, como um enguiço no carro, ou mesmo um acidente. Como então você faz para voltar?”

“Sabe, Glória, nunca pensei nisso. Acho que quando se está amando, a gente não pensa nessas coisas.”

Terminamos nossa conversa com a chegada de outra pessoa. Logo depois me despeço e vou embora.

No caminho de casa continuo pensando sobre o que ela me contou. Nua na estrada, nua na praia, tudo no escurinho da noite, ou mesmo da madrugada. O importante é estar nas mãos do namorado, segundo ela, o maior frisson.

Os dias se passam, e eu sem namorado. Ao pensar novamente na minha amiga nua, sinto um arrepio. Quem sabe eu consiga um homem assim.

Sem querer, avisto seu namorado quando estou no Shopping. Ele me reconhece e me vem cumprimentar. Ah, se fosse eu a nua!, exclamo em silêncio. Primeiro aperta a minha mão, depois me beija e arregala os olhos, imensos, acho que chega a me desejar.

“Como vai a Isabel?”, pergunto.

“Vai bem. Ela falou que encontrou você um dia desses.”

“É, encontramos sim, lá no calçadão.”

O homem me come com os olhos, e não é impressão. Será que ela lhe falou sobra a conversa que tivemos? Chego a suspeitar.

“Vamos marcar um encontro um dia desses. Eu, Isabel e você. Leve mais alguém, vamos a um bar, na orla, ok?”, sugere.

Imagino nós três bebendo, depois ele levando a Isabel e eu para a rodovia, pedindo para tirarmos a roupa. Saímos então do carro nuas. Oh, minha mente maldosa!

“Não deixe de aparecer, leve o namorado, a gente conversa um pouco, é bom conhecer novas pessoas”, continua.

Despedimo-nos, eu parto. Vou pensando se ele já não está entediado de deixar a namorada nua por aí, pois para sair com ela precisa de outras companhias.

Depois desses dois encontros estou a procurar um namorado. E arrepiadíssima. Nua na estrada, quem dera! E se arranjo alguém, como faço para dar a ideia?

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