sábado, dezembro 15, 2012

Arrepiada

No Arpoador, como a calçada é alta, o passeio forma um paredão em relação ao nível da areia da praia. Assim, à noite, aquele pedaço de areia torna-se um espaço quase privilegiado para casais que desejam namorar sem serem observados. Hoje, quase ninguém mais namora às escondidas, mas sempre há pessoas que gostam do risco, homens e mulheres que sentem imenso prazer em descer à praia de madrugada e ficar ali se agarrando. Revelei esse desejo ao meu namorado. Ele, no começo, achou perigoso. Porém, após eu insistir, acabou cedendo. E ficou morrendo de tesão quando eu, nua, o abracei, nas areias da praia.

“Você não tem medo de que apareça alguém?”, parecia nervoso.

“Não penso nisso, só quero o prazer.”

“Mas podemos ser presos. Já pensou, você nua na delegacia? Vai ser o maior escândalo.”

“Esquece isso, por favor. Agora, trepa comigo”, pedi.

Começamos a namorar. Ele pouco a pouco foi esquecendo o perigo, encostou-me no paredão, levantou-me e encaixou seu pênis entre as minhas coxas. O friozinho da noite contrabalançava ao ardor que eu emanava pelos poros. Fechei os olhos e também esqueci onde estava. Pedi em seguida que ele se deitasse e fui sobre ele, seu pênis sempre ereto.

Ouvíamos a explosão da arrebentação e o rugir do mar, que ia e vinha em espumas que deslizavam sobre a areia. Também era possível escutar o ruído dos automóveis que desciam a avenida.

Permanecemos enroscados um ao outro por quase uma hora. Depois que gozei, deitei-me sobre ele. Meu namorado forrara a areia com a própria camisa.

Embalamo-nos num sono leve e confortável. Quando demos pela hora, o céu parecia anunciar a manhã. Meu namorado antecipou-se:

“Vamos embora, já vai ficar claro.”

“Espera ainda um pouquinho”, pedi.

Abracei com força seu tórax e rolamos pela areia, quis que ele ficasse sobre mim.

“Já está tarde”, falou.

“Não te preocupa, só mais um pouquinho”, pedi.

Transamos mais uma vez. Quando acabamos, já era dia.

Então, anunciei:

“Vais ter de me levar pelada para casa.”

“Por quê?”

“Não reparaste que cheguei nua?”

“Lembro que, no carro, você estava vestida; mas quando chegamos aqui embaixo, não sei como você fez para aparecer nua.”

“Combinei com uma amiga, bobo. Pedi que ela levasse minhas roupas. Falei a ela: tenho um namoradinho novo, ele tem cara de que é capaz de resolver qualquer problema.”

Beijei sua boca. Ele me abraçou.

“Por que você não deixou suas roupas por perto?”, ele.

“Porque gozo em dobro correndo riscos.”

“Você é terrível, Mara. Vou ver o que posso fazer.”

Ainda sussurrei:

“Olha como estou arrepiadinha!”

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