“Aqui moram os rapazes da engenharia, eles são completamente
loucos. Fazem festas toda semana, convidam as garotas, vivem bêbados. Quando uma
de nós passa em frente ao CT, eles gritam como se nunca tivessem visto uma mulher. E, além de tudo isso, possuem um varal de calcinhas. Não me pergunte a quem pertenciam
porque não sei dizer.”
Ouvi a história e achei tudo muito engraçado.
Dias depois, após o começo das aulas, tive de passar algumas
vezes em frente ao alojamento desses rapazes. Eles, na verdade, agiam
exatamente como minha amiga me contara. Gritavam, falavam besteiras, apontavam
para o citado varal e perguntavam se eu não queria participar da próxima festa
que estavam preparando.
Transcorreram-se alguns dias até que conheci Aline, uma caloura
recém-chegada de Vitória. Era o tipo da pessoa animada para qualquer coisa,
sempre aberta a todo tipo de novidade. Após sairmos de uma aula, ela falou:
“Você
já reparou os rapazes do CT? São tão bonitos.”
“Não se aproxime deles”, alertei assustada, “dizem que são terríveis,
e depois será você que ficará com má fama.”
“Má fama?”, ironizou.
No sábado, Aline me telefonou.
“Vamos a uma festa?”
“Onde?”, eu quis saber.
“Adivinha?”
“Não é a dos rapazes do CT?”
“Claro que não”, assegurou.
Fomos as duas. Eu vesti um vestido estampado soltinho, de fazenda leve, que descia até um pouquinho acima dos joelhos. Já Aline usou um desses vestidinhos super curtos, coladinho ao corpo.
A festa ficava num bairro um tanto distante da universidade. Tivemos de pegar um ônibus. Chegamos lá pelas onze da noite, à hora combinada.
A festa ficava num bairro um tanto distante da universidade. Tivemos de pegar um ônibus. Chegamos lá pelas onze da noite, à hora combinada.
A casa, local da festa, estava toda decorada. Logo que
entrei cutuquei minha amiga:
“Aline, só estou vendo homens, cadê as moças?”
“Ah, que bom que só existem homens por aqui”, ela sorriu muito animada.
Depois de algum tempo chegaram as garotas. Mas a grande
maioria dos convidados era composta por rapazes. Alguns deles se aproximaram e se mostraram muito afetuosos.
Um logo me conquistou. Aline também não demorou a arranjar um par.
A festa ocorreu num clima de muita música, muita bebida e
azaração. Lá pelas tantas era difícil encontrar alguém sóbrio. Eu e Aline
nos juntamos a outras meninas e dançamos repetidas vezes, chegamos até a
ensaiar alguma coreografia. A festa acabou lá pelas quatro da manhã. Alguém nos levou
para o meu pequeno apartamento, no centro da cidade. Mas nem eu nem minha
amiga sabemos dizer quem.
Na segunda seguinte, ao passar em frente ao CT, reconheci alguns dos rapazes que estiveram na festa. Ao me verem, começaram a gritar e a fazer a maior
algazarra. Um deles apontou para o varal das calcinhas, que alguém colocara na janela, em destaque. Um rapaz louro gritou que nele havia mais duas. Todos os outros fizeram coro. Ai, não tive onde enfiar a
cabeça.
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