quarta-feira, novembro 20, 2013

Achei tão bom!

Pensei que você hoje não viesse mais, falou logo que entrei.

Estou tão atrasada assim?

Pra mim você sempre está atrasada, ele disse e me agarrou com voracidade. Não demorou e eu estava nuinha.

Não é melhor bebermos alguma coisa antes, ou mesmo ouvir uma música?, sugeri.

Sim, tanto que você continue nua.

Colocou um CD de jazz: trompete, cordas e percussão. Veio de novo e me abraçou, percorreu minhas costas com as duas mãos, puxou-me para junto de si. Beijei-lhe a boca, um beijo demorado.

Adoro quando você vem ao meu apartamento, disse ele.

Também gosto muito. Aqui ficamos os dois bem tranquilos, no maior amor.

Levei-o um passo adiante, como num ligeiro bailar, encostei-o na parede e apertei seu tórax com os meus seios. Ficamos assim um longo tempo. Depois rolamos pelo chão, ali mesmo. Então, ele se colocou sobre mim. Trocamos carícias antes de eu me oferecer totalmente a ele. Mas, antes de gozar, ele me fez um pedido.

Você desfila pra mim?

Desfilar?

É, desfilar, como as modelos.

Mas as modelos vestem saias, blusas, vestidos, ou mesmo biquíni, eu estou nua.

Não faz mal, vamos fazer de conta.

Então ele se pôs a anunciar a nova coleção de verão.

É bom que seja de verão mesmo, porque estou peladinha.

Como havia uma revista de moda no porta-revistas, ele a abriu numa determinada página e começou a falar o nome dos conjuntos. Eu fingia que andava numa passarela comprida.

Vocês, espectadores, não digam que a rainha está nua, porque não é verdade, falei depois de mais alguns passos.

Você é linda nua, exclamou.

Pena que não posso sair nua por aí, eu ia fazer o maior sucesso.

Pode sim, quem sabe a gente tenta.

Você acha?, perguntei fazendo cara de mulher perplexa.

Acho, basta você ter coragem.

Coragem eu tenho, afirmei convicta.

Então vamos!

Vamos aonde?

À rua, falou.

Agarrei-o de novo, lancei-me sobre ele no sofá. Trepamos. Tudo que representamos até ali tinha me excitado bastante. Foi uma transa ótima.

Estou angustiada, falei quando acabamos.

Então vamos mais uma vez ao sexo, sua angústia vai passar rapidinho, falou e se pôs de novo sobre mim.

Sei, amorzinho, mas não é essa a questão, faço a mesma pergunta de há pouco. Por que não se pode andar nua por aí?

Não é melhor você posar nua apenas para mim? Por que se mostrar a todos?

Não quero me mostrar a todos, quero ter a liberdade sobre o meu corpo, sobre como me apresentar.

Mas existe coisas chamadas costumes, leis, disse ele, não se pode derrubá-los de uma vez só, causaria espanto, confusão, até uma guerra.

Então vamos quebrar os costumes aqui entre nós, rasgue minha roupa e me deixe sem ter o que vestir...

Você quase acertou a proposta que eu ia lhe fazer, ou melhor, sabe naquele momento em que estávamos agarradinhos, ali no canto do tapete? Eu queria dizer que não deixaria você se vestir hoje, ia esconder o seu vestido.

Mesmo?

Sim. Você costuma ir ao banheiro nua; quando voltasse, não encontraria suas roupas.

Ah, então vou ao banheiro. Estou louca pra fazer xixi. Quando voltar, vou olhar se meu vestido ainda vai estar ali, na cadeira. Não me decepcione, olhei nos olhos dele.

Queridos leitores, adivinhem o que aconteceu depois. Pensaram direitinho? Querem mais um tempinho ou está bom? Posso dizer? Ah, sim. Não encontrei meu vestidinho nem naquela noite nem no dia seguinte. Como fui embora? Adivinhem... Vocês, principalmente as mulheres, já se viram na mesma situação. É tão bom, não? Então, mãos à obra, escrevam contando-me!

Nenhum comentário: