quarta-feira, novembro 27, 2013

Boa ideia!

Eu saltara na estação do metrô Cantagalo e procurava a praia. Vi um homem que aguardava ao sinal e me aproximei.

Você pode me informar como vou à praia?

Basta seguir esta mesma rua, apontou.

Obrigada.

Você vem de longe?, ele quis saber.

Da Pavuna.

Poxa, é um bom pedaço.

De metrô é rapidinho, falei e sorri.

Já não vou a praia faz tempo, falou e sorriu também.

O sinal abriu para nós. Caminhamos juntos um trecho da rua. De repente, diante de um prédio, ele parou.

Moro aqui, qualquer coisa que precisar toca no 502, me chamo Manoel.

Obrigada, falei e segui. Fiquei a pensar no homem que morando ali tão pertinho da praia disse que não a frequentava fazia tempo.

Passei quase o dia inteiro em Copacabana, bem juntinho ao mar. Tomei duas latinhas de cerveja, encontrei três amigos. Um deles me paquerou, mas desconversei. Ele reparou muito o meu corpo, acho que adorou o meu minúsculo biquíni. Quando decidi ir embora, saí sem que notassem. Voltei pela mesma rua da manhã. Ao passar pelo prédio do tal Manoel, olhei para cima, imaginei qual seria a sua janela. Junto ao portão estavam os botões com os números dos apartamentos. Aproximei-me e toquei o 502. Logo ouvi a sua voz.

Alô?

Aqui é a moça a quem você informou de manhã como se ia à praia, lembra?, senti uma ponta de vergonha após a última palavra.

Ah, lembro sim, o que houve?

Não houve nada, apenas passei e resolvi tocar.

Que bom que você lembrou. Quer subir?

Você permite? Gostaria de um copo d’água.

O portão abriu e subi ao quinto andar. Quando me aproximei, a porta do apartamento já estava aberta.

Entre, fique à vontade, falou.

O homem morava sozinho. Ele me ofereceu um refresco, acho que de maracujá.

Você não quer tomar um banho. É bom depois da praia.

Boa ideia, exclamei.

Lá fui para o banheiro. Ele deixou uma toalha grossa junto à porta.

Saí após o banho enrolada na toalha. Havia lavado o biquíni e o pendurara na parte superior do box. Não sei por que, ao olhar para ele, lembrei-me de um patrão para quem trabalhara fazia dois anos. Chegamos certa vez a nos envolver, apenas uma transa, mas depois ele precisou viajar e ficou muito tempo fora. Quando voltou, nosso caso já esfriara, não nos referimos nenhuma vez ao que passou, e eu ainda continuei um bom tempo como sua funcionária.

Ele me ofereceu algo para comer.

Não, obrigada, já comi demais hoje.

Você realmente é muito elegante, ele sorriu.

É bom tomar um banho após a praia, você tem razão. A gente se sente refrescada.

Lembrei o meu vestidinho que servia de saída de praia. Voltei ao banheiro e o vesti.

Assim é melhor para voltar pra casa, falei.

Você não acha que é muito curto, observou o homem.

Não para vir à praia. As pessoas sabem que quem usa está de biquíni.

Pensei então no biquíni estendido no banheiro. Acho que Manoel teve o mesmo pensamento.

Como você vai fazer para voltar para a Pavuna?

Do mesmo jeito que fiz para vir, respondi. Mas não era isso que ele estava perguntando. Eu havia entendido, mas me fiz de sonsa.

Depois de um tempo, falou:

Tenho roupa de mulher aqui, é de uma irmã que vem vez ou outra. Caso você precise, apontou o armário.

Depois de uns trinta minutos, parti. Antes, perguntei:

Posso deixar o biquíni secando aqui no seu apartamento?

Claro, respondeu. Quando vier de novo à praia, telefone antes. Ele me deu o número.

Fui embora, com o mesmo vestidinho com que viera. E, só para provocar, deixei o homem com a dúvida se eu vestia ou não alguma roupa por baixo.

É claro que voltei outras vezes. E, então, não foi apenas para vestir o biquíni!

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