Outro dia, andava eu pela Av. Rio Branco quando ouvi uma voz
de mulher às minhas costas: “não sei como essas garotas têm coragem de usar esse tipo de roupa,
tão curta para andar pelo centro da cidade.” Depois de vinte segundos, olhei
para trás e pude reparar que a mulher falara a um homem jovem. Ambos
caminhavam juntos, e a garota do assunto deles era eu. Mal sabem que a garota
aqui já beira os quarenta. Continuei o meu caminho e não mais os vi. Depois de
atravessar a avenida, reparei que outro homem me olhava. Lembrei-me então de
uma amiga de tempos atrás. Ela sempre me falava:
“Não consigo usar roupas tão curtas como você, me sinto nua."
Eu brincava:
"Roupas, que roupas?"
"Essas, como as tuas."
Eu então retrucava:
“No começo isso acontece, mas depois a gente acostuma.”
“Não sei”, ela de novo, “sempre acho arriscado roupa muito
curta, quem sabe eu não encontre meu shortinho depois de fazer amor?”
Eu ria.
“Tereza, isso só vai acontecer se você quiser voltar nua pra
casa. Nunca vi um short desaparecer.”
“Acontece, sim. Há homens que são tarados. São doidos por
deixar a gente pelada.”
“O problema então é outro, Teresa”, continuei, “é preciso
saber com quem você está saindo.”
“Mas você mesma diz que às vezes topa sair com um homem no momento que o conhece...”
“Verdade, mas faço isso muito raramente.”
Voltando ao meu passeio pelo centro, senti um frisson. Não
sei por quê. Talvez pelas palavras da senhora, talvez pelo olhar dos homens.
Fazer amor no primeiro encontro, quem sabe? Lembrei-me de outro fato.
Havia um hotel na Senador Dantas, nem sei se ainda existe. Certa vez fui lá com um namorado. Não se tratava de sexo no primeiro encontro, já estávamos junto fazia um ou dois meses. Ele tirou toda a minha roupa. Era verão, e eu usava também um shortinho. Na época, estava na moda a miniblusa. Eu, quase nua. Almoçamos no apartamento. Ainda ganhamos uma garrafinha de espumante. Acho que meio litro. Era dezembro, época de festas, de ofertas. Sei que a bebida me deixou num fogo... Transamos duas ou três vezes, e o meu fogo não abrandava.
Havia um hotel na Senador Dantas, nem sei se ainda existe. Certa vez fui lá com um namorado. Não se tratava de sexo no primeiro encontro, já estávamos junto fazia um ou dois meses. Ele tirou toda a minha roupa. Era verão, e eu usava também um shortinho. Na época, estava na moda a miniblusa. Eu, quase nua. Almoçamos no apartamento. Ainda ganhamos uma garrafinha de espumante. Acho que meio litro. Era dezembro, época de festas, de ofertas. Sei que a bebida me deixou num fogo... Transamos duas ou três vezes, e o meu fogo não abrandava.
“Estou em brasas”, repeti ao namorado.
“O que você deseja que eu faça?”
“Que comece de novo.”
“Ok”, falava ele e recomeçava.
Em determinado momento, alertou:
“Temos de ir embora, vai acabar o período e não tenho mais
dinheiro.”
“Paga com o meu short”, sussurrei no seu ouvido.
“Será que eles aceitam?”, brincou.
“Não sei, mas podemos tentar.”
“E se não aceitarem?”, olhou para mim ansioso.
“Não vamos pensar nisso agora, vem, vem mais uma vez.”
Ele veio. E transamos de novo. Ainda bem que esse namorado
tinha uma saúde e tanto.
Quando pedimos a conta, ele olhou pra mim e disse:
“E agora?”
Coloquei as mãos dentro do short e comecei a esticá-lo de
um lado e de outro, fazia como se fosse descê-lo.
O namorado chegou a dizer:
“Não, por favor.”
“Não é nada disso”, sorri debochada.
Tirei então uma nota de cinquenta e coloquei na mão dele.
“É pra ajudar a pagar.”
Saímos do hotel e ele me levou pra casa.
Nos dias seguintes fui ao Centro, sozinha. Entrei numa
livraria. Fiquei mais de uma hora olhando e folheando alguns livros. No final,
percebi um paquera. Ele veio até onde eu estava. O que será que vai falar?,
pensei.
Ele me pegou pelo braço:
“Vamos, você chegou cedo hoje.”
Fiz de conta que o conhecia. Saímos da livraria. Namoramos
naquela mesma tarde. Nada falamos. Apenas gemidos de ambas as partes.
Foi o melhor de todos.
Você quer o meu shortinho?, pensei mas nada disse.
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