terça-feira, dezembro 06, 2016

O presente e o frisson

Meus seios sempre foram grandes, não que isso me cause algum tipo de problema, muito pelo contrário, os homens adoram, e me olham com um desejo e tanto. Mas, às vezes, sinto um pouco de vergonha, principalmente quando uso blusas soltas. Não posso sair sem sutiã, ou sem algum tipo de top. Outro dia, um namorado insistiu para eu sair com ele sem o top.

“Já fico nua pra você, por que quer que os outros vejam meus seios?”

Ele nada falou, na verdade queria me exibir às outras pessoas. Fiquei um pouco chateada com a insistência e pensei em terminar o namoro. Nada de ser objeto de exibição.

Um episódio, porém, me surpreendeu e mexeu comigo. Aconteceu no último sábado. Eu caminhava pela praia, vinha do Pecado quando na altura do Durval me deparei com uma senhora que também caminhava. Ela vinha de camiseta e sem top, seus seios eram grandes e, apesar da idade, eram rijos e bonitos. Fiquei pensando por que andava daquele jeito, sem vergonha alguma e desejosa de mostrar o que tinha de mais bonito. Será que seu objetivo era arranjar namorado ou, quem sabe, sentia prazer em mostrar os seios?

“Jacqueline, você tem os seios grandes!”, exclamam minhas amigas caso me surpreendam nua, “queria ter seios assim”, dizem com certa inveja.

“Não é fácil ter os seios grandes”, rebato, “os namorados ficam loucos, e me querem sempre com os peitos de fora.”

Elas riem, acham ótimo, adorariam ter namorados como os que me aparecem.

E apareceu de novo o namorado que me desejava sem o top. Acabei saindo com ele, um sábado à noite. Fomos a um restaurante. Dele o convite. Um lugar aconchegante, à luz de velas. Bebemos vinho, culinária francesa, tudo do bom e do melhor. Será que vai me querer nua depois do jantar?, pensei. Lembrei na hora a mulher que caminhava pela praia de camiseta, sem o top. Ela seria a primeira a tirar a blusa. No final do jantar, andamos um pouco pela praia, uma brisa fresca, um arrepio. Ele contou uma história, uma viagem, barcos e aviões. O mar inspirava. No final, deu a senha.

“E então?”

“Então o quê?”, fiz-me séria, como se não o entendesse.

“Você vai me deixar roubar o teu sutiã?”

“Rá, rá, sorri forçada, você não esquece isso.”

“Como eu poderia esquecer, você com esses seios grandes é um charme.”

“Você quer mesmo meu sutiã?”

“Claro.”

Lembrei algo que eu queria comprar mais não tinha dinheiro, e era tão bonito. Falei a ele.

“Será que a loja está aberta, agora?”

“Quem sabe?”, respondi.

Deixamos o shopping para o domingo à tarde, pois era sábado, quase meia-noite. Mas fui para casa dele. Trepamos. Um gozo e tanto.

“Vou roubar teu sutiã agora, e quero que você vá apenas de blusa até lá fora”, o homem morria de ansiedade.

“Nada disso”, contestei, “você terá de esperar até amanhã.”

Ele esperou. No dia seguinte, fomos à loja determinada e ele comprou o que pedi. Não falo qual o presente porque morro de vergonha, as pessoas podem pensar que sou prostituta.

No carro, no escurinho da noite, ele:

“E então?”

Enquanto o homem dirigia, tirei a blusa, depois o top, coloquei as duas peças no banco traseiro do automóvel.

Com o presente na bolsa, valia a pena passear de torso nu, tanto mais no escurinho da estrada. Comecei a entender a senhora que passeava de camiseta e seios soltos à beira da praia. Um arrepio. Aliás, dois, o presente e o frisson.

Nenhum comentário: