quinta-feira, fevereiro 09, 2017

Quinhentos reais

Enviei a ele uma dessas mensagens de whats app. Dizia o seguinte: deposite quinhentos reais na mina conta, dentro de 24 horas irá lhe acontecer algo maravilhoso, caso não aconteça deposite mais quinhentos.

O problema, ou a solução, não sei, foi que ele depositou. Recebi a resposta menos de uma hora depois, pude constatar o dinheiro na minha conta através do celular.

À tarde ele apareceu no meu consultório. Entrou, abraçou-me e disse: “já me aconteceu a tal coisa maravilhosa, estou aqui ao seu lado.”

Suspirei aliviada. Ficamos conversando durante alguns minutos, mas um paciente logo chegou e precisei atendê-lo.

“Volto depois da consulta”, sussurrou no meu ouvido enquanto eu fechava a porta.

Ele desceu, foi à rua, e me deixou com o paciente.

Voltou mesmo, uma hora depois. Vamos lá embaixo tomar um café, sugeriu.

Aceitei. Sentamos no bistrô que há na galeria do próprio prédio, em frente às duas livrarias. Começamos a conversar.

Ele tem uma conversa terrível, qualquer uma é capaz de cair seduzida por ele. Falou dos dias que se passavam, do verão, das coisas boas que há para se aproveitar. Como sua voz tornava tudo um mar azul de águas plácidas! No final, jogou um beijinho para mim. Não sei por que me arrepiei, e não consegui esconder. Caímos os dois na gargalhada.

Sempre fui uma mulher pudica, não dou bola para qualquer um, mas aquele meu amigo era uma tentação.

Instantes depois, tirou um presente da pasta e me ofereceu. Ainda não havíamos acabado o café.

“Uma pulseirinha”, exclamei, “tão delicada, tão mimosa, que beleza”, sorri e coloquei no braço, ficou uma gracinha.

Após acabarmos o café, aliás, comemos também um pedaço de bolo, perguntei se iria subir comigo. Vou arrumar o consultório para ir embora, não tenho mais paciente.

Concordou. Com muita elegância, prontificou-se a me esperar.

Ao descermos novamente, começamos a andar pela Av. Rio Branco. Depois caminhei até o ponto de um ônibus. Vamos juntos, falei a ele. Embarcamos. O tempo foi curto, vinte minutos e saltávamos à Rua das Laranjeiras.

Meu amigo desceu comigo. Surgeri que me acompanhasse. Pensava se o convidava a subir ou se me despedia dele ali mesmo na rua. Caso esgcolhesse a segunda alternativa, perderia muito. Como era fofo ficar com ele e, afinal, ele me presenteara duplamente. Com ele só tinha a ganhar.

“Vamos lá em cima comigo”, convidei.

Dentro do apartamento, liguei a TV, mas sintonizei na parte de música, para preencher o ambiente. O que eu faria a partir daquele momento?

“Aguarde um instantinho”, pedi.

Fui ao quarto. Claro que não apareceria nua na sala, de repente, como uma doce surpresa a lhe cair no colo. Seria demais. Optei por lhe pedir que reparasse um vestido que comprei havia pouco, precisava da opinião de um homem.

“São sempre boas as opiniões masculinas”, sentenciei.

Voltei dentro do vestido azul, que comprara fazia dois ou três dias.

Ele achou lindo. Sentei-me ao seu lado, ainda bem vestida, olhei-o nos olhos, depois fechei os meus, como que mergulhada em pensamentos.

Senti, então, seus lábios quase tocando os meus.

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