Sempre mudo a foto do meu zap, adoro. Ora poso de short, ora de vestidinho, ora de blusa que mostram meus ombros nus, já até postei foto de biquíni de praia, mas por apenas quinze minutos. De um tempo para cá, resolvi me casar. Juro. Não esses casamentos de igreja com véu e grinalda, nada disso, a gente só casa assim uma vez na vida. Mas um casamento bem atual, desses que chamamos o namorado para vir morar junto. Ele gostou da ideia, instalou-se na minha casa. Casa pequena, bairro simples, distante do centro, mas muito agradável. Eu não sabia, porém, que o homem era tão ciumento. Viu a minha foto do zap e foi dizendo nossa, você não pode se mostrar assim. Era a tal foto em que eu estava de shortinho. Postei, então, foto mais recatada, de bermuda. Meus amigos passaram a me mandar mensagens: Márcia, você nunca mais mudou a foto, era tão interessante ver você cada semana com uma roupa diferente. Acho que eles queriam dizer cada vez com menos roupa. Meu marido passou a controlar o meu telefone. Que aborrecimento. Tive de apagar as mensagens, de parar de conversar com alguns amigos. Tudo ele queria saber. Comecei a me arrepender do casamento. Que bobagem esta relação, passei a murmurar a mim mesma. O que compensa é que ele é muito gostoso. Acho que nunca tive um homem tão gostoso e disposto a trepar comigo a qualquer hora do dia ou da noite. Mas um dia desses me telefonou um homem com quem eu saí duas ou três vezes, alguém com quem tenho interesse em manter certa ligação, porque me dá muitos presentes, me convida para lugares chiques, eu é que recuso. Meu marido viu a tal ligação, o nome do homem e sem que eu soubesse ligou de volta para ele.
"Com quem você quer falar?", perguntou.
Acho que o homem ficou surpreso ao ouvir voz masculina.
"Não sei, não telefonei."
"Apareceu este número aqui, estou devolvendo a ligação, disse meu marido."
Acho que o homem fez a pergunta natural, aquela pergunta que a gente faz quando alguém atende o celular que não é o seu.
"Este telefone é o da Márcia?"
"Sim, quer falar com ela?, ela está aqui."
Me passou o telefone. O que eu iria dizer? Meu marido ali ao lado, o homem com quem eu transara duas ou três vezes do outro lado da linha. Um constrangimento. Mas consegui conversar como se fosse apenas um amigo. Dois dias depois saí para trabalhar, tive vontade de ligar ao tal amigo. Com tanto controle, achei que o marido precisava ser traído. Mas me segurei. Achei melhor dar a ele mais uma chance. No dia seguinte, porém, meu marido estava no celular, e conversava com uma mulher. Isso não vai dar certo, pensei. Liguei ao meu amigo, marquei um encontro, pedi um presentinho. Ele não é de negar.
Meu amigo adora minhas pernas, olha pra elas com intenso desejo. Deixa que eu tiro tua calcinha, disse. Eu já estava no hotel com o homem, esquecida do casamento. Ele não é tão quente como meu marido, mas também não é de se jogar fora. Tudo bem, boa a trepada. Me deu o que pedi, o tal presentinho.
Vou entrando em casa. Quero esquecer o que fiz. Será que já estou arrependida? Meu marido me espera. Arrepio. Caramba, será que o homem adivinha pensamentos. Vem cá neguinha, estava morrendo de saudade, onde você andava, hein? Me beijou na boca, foi me puxando a bermuda. Caramba, será que vai notar alguma coisa? Espera, alertei, estou morrendo de vontade de fazer xixi. Não faz mal, ele abaixou minha bermuda, faz aqui na minha boca. Foi então que reparou surpreso: ué, por que você está sem a calcinha?
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