“Você não está casada?”, ele perguntou.
“O que isso tem a ver?, sempre saí com você também
casado?”, repliquei um tanto malcriada.
Era uma quinta-feira de Fevereiro, fazia alguns minutos que
eu resolvera telefonar a ele, meu antigo patrão. Gostava dele, às vezes precisava
dele, alguém que não deixava de resolver minhas dificuldades. Mas o problema
era que ele não telefonava havia dois meses, uma quantidade de tempo enorme
para quem deseja manter um relacionamento, mesmo que em banho-maria. À ultima
vez houve um probleminha. O homem me ligou bem na hora que meu marido estava
próximo ao meu celular. O que eu iria fazer? Não podia sair correndo com o
aparelho como se nada tivesse acontecido. Cínica que sou, pedi atende pra mim,
amor. Ele atendeu, e era o meu ex-patrão. Ao ouvir voz de homem, deve ter
levado um susto. Este telefone não é da Márcia?, perguntou. Sim, respondeu o
marido, quer falar com ela?, e me passou o aparelho. O que eu podia dizer. Oi,
Sr. Jaques, como vai sua esposa? Ele, no entanto, insistiu, queria saber
quem era o homem que atendeu ao telefone. Não pude negar, disse com a voz alta,
clara: meu marido. Agradeceu, despediu-se e desligou. Depois, dois meses em silêncio.
Como vou retomar a relação?, pensei.
“Preciso falar com o senhor”, continuei, não consegui perder
o modo de tratá-lo, sempre chamando o homem de senhor.
“Pode falar.”
“Sabe”, continuei, “é melhor marcarmos em algum lugar, é uma
conversa um tanto pessoal, não dá pra falar assim, ao telefone.”
Ele aceitou. Foi ao meu encontro. Sabia que, para ser
atendida, não ia sair de graça.
“Quinhentos?”, pareceu assustar-se.
“Estou passando por um probleminha, achei que pudesse me ajudar.”
“Vamos ver”, coçou a cabeça. Estávamos num café, no subsolo
de uma galeria comercial, no centro.
Tomamos os cafés, às vezes em silêncio, às vezes um assunto
engraçado. Perguntei pela esposa. Ele respondeu de pronto, sem tremores, vai
muito bem.
“O Senhor gosta dela”, afirmei.
“Quem sabe”, sorriu, olhou pra cima, depois me encarou nos
olhos. “E então?”
Eu já sabia do que se tratava. Levantamos e saímos pela Rio
Branco, entramos na Treze de Maio, depois na Senador Dantas. Trinta minutos e
eu nua num quarto de hotel, fresquinha, saída do banho. O homem a babar por
mim. Comecei a colocar em ação minhas habilidades.
“Sabendo que você está casada, fico mais excitado”,
comentou.
“Não ligo pro meu marido, um casamento formal.”
“Ele não tem quinhentos reais?”
“Está desempregado.”
“Ah, sim, a crise”, sussurrou.
“É, a tal crise”, concordei.
“Além do dinheiro, trouxe um presentinho pra você”,
ofereceu-me a bolsa de uma loja famosa.
Abri. Era um biquíni de praia.
“Quero que você vista”, pediu.
Vesti, amarrei os lacinhos.
“Que gracinha”, falou com seu sorriso sempre pronto, “deixa desamarrar”.
E assim foi, ótima a tarde pra namorar. Eu peladinha, na
cama, todas as posições. Como adoro falar sacanagem, ainda contei uma história
no ouvido dele.
No final, insistiu:
“Quero você de biquininho, mais uma vez.”
“Espere”, pedi.
Fui ao banheiro, me lavei e voltei vestidinha, o biquininho
como uma luva, eu um tanto molhadinha, como que saída da água da praia. Me
aproximei do ouvido dele e falei:
“Sabe de uma coisa, vou voltar pra casa vestida apenas de
biquininho.”
O pênis do homem ficou duro de novo. Desfez meus laços,
fomos a mais uma boa trepada.
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