quarta-feira, junho 07, 2017

Marquinha do biquíni

Esta história aconteceu há mais ou menos dez anos. Na época, ainda não havia por aqui smartphones, escrevi e arquivei num notebook antigo, que logo pifou. Agora, que consegui recuperar a memória daquele computador, descobri acontecimentos que vivi e anotei, algumas histórias estão prontas. A que vai a seguir é uma delas.

Estávamos numa praia retirada. Este é mesmo o melhor vocábulo: retirada. À época, ainda não havia estrada para chegarmos a ela. Foi preciso escalar um morro, acho que uma hora ou uma hora e meia de subida e descida. Ao pisarmos nas areias, eu, Augusta e Frida sentimos um friozinho no estômago. Que maravilha!, ninguém a nos incomodar, uma praia inteira para nós, quem sabe pudéssemos mesmo acampar, passar ali vários dias.

“Não trouxemos tenda para acampamento”, alertou Augusta.

É mesmo, estávamos mesmo desprevenidas, apenas a roupa do corpo, o biquíni por baixo e cada uma com sua bolsa e o conteúdo que toda mulher acha necessário para as circunstâncias.

Estendemos nossas tolhas sobre a areia, abrimos um guarda sol, nem precisamos nos preocupar com nossos pertences. O mar estava maravilhoso, as ondas explodiam longe, havia uma extensa faixa de areia, a água transparente chegava mansa, respeitosa, quase surpresa com nossa presença.

“Sempre quis bronzear os seios”, disse Augusta excitada pelo momento, “nada de marca do top, dessa vez meu namorado vai ficar surpreso, como você pode ter marquinha do biquíni e não do top?, ele vai perguntar.”

“O que você vai dizer?”, Frida falou de olhos bem abertos.

“Vou sugerir que adivinhe”, completou demonstrando muita alegria.

Acompanhamos seu entusiasmo.

“Você tem razão”, disse eu, “aqui não há ninguém, podemos até mesmo ficar nuas.”

“Nua, nua, acho melhor não, vou ficar apenas sem o top”, afirmou Augusta, e foi tirando a parte de cima do biquíni, admirou os próprios seios, olhou para nós duas e riu, depois se deitou esquecida da vida. Não passou muito tempo para Frida seguir seu exemplo, primeiro deitou-se de costa, depois soltou os laços, puxou o sutiã com os seios encostados na toalha e permaneceu na posição, seus seios grandes pressionando a toalha. Pediu que eu passasse o protetor solar. Fechou os olhos e fez de conta que aquilo era a ação mais normal do mundo.

Eu, que sou um tanto atirada, até ali permanecia vestida, as duas peças nos devidos lugares. Caminhei à beira d’água e molhei os pés, estava gelada, mas dava para experimentar certo frisson. Olhei o mar, o horizonte, depois virei-me para as extremidades da praia, acompanhei a extensão de areia, a cadeia de montanhas que se erguia do lado oposto e o caminho de onde viemos. Voltei ao guarda-sol e só então me desfiz do top. Espalhei um pouco de protetor sobre o ventre, sobre os seios, e permaneci deitada, de peitos voltados para o sol.

Após trinta minutos, achei que as amigas tinham dormido. Nenhuma delas falara alguma coisa durante aquele espaço de tempo nem abrira os olhos. Pensei, então, que poderia aparecer alguém. Talvez seguisse o mesmo caminho que fizemos. Olhei na direção, mas não vi ninguém. Seria engraçado caso chegasse um homem e desse com nós três de peito de fora.

Veio-me à mente uma lembrança, acho que em Búzios, fazia alguns anos. Eu decidira tomar sol de seios de fora e aparecera alguém. A princípio não liguei, mas depois comecei a ficar preocupada. Nesses lugares às vezes os homens são machistas, acham que podem agarrar, trepar com uma mulher que encontrem nua, não acham que ela tem seus desejos, suas preferências e que o desconhecido pode não estar em seus planos, e que mesmo não ficamos nua com o objetivo de trepar com o primeiro que aparece. Mas não aconteceu nada de mais, apenas ficamos conversando. Depois de algum tempo, peguei um enorme chapéu que trouxera para me proteger do sol e com ele cobri os seios. O homem sorriu e nada comentou, fumou um cigarro comigo e partiu.

“Meninas, vocês vão dormir a manhã inteira?, viemos à praia para curtir”, falei.

Ambas abriram os olhos e mudaram a posição, Augusta de ventre para cima, Frida de costas. Reparam que eu também estava sem o top e enrolara um tanto a calcinha para que a marquinha ficasse mais baixa.

“Será que aparece alguém?”, perguntei.

“Seria, bom, está tão monótono”, disse Frida, mas em tom de pilhéria.

“Jura?”, eu disse, “você não se sentiria vexada?”

“Eu, não, ninguém me conhece aqui, seria mesmo muito bom.

Reparei que ela não brincava.

Augusta riu, pareceu concordar com Frida. “Se alguém nos vir nuas vai achar que damos pra qualquer um, vamos ter problemas para nos safarmos.”

“E quem disse que quero me safar”, continuou Frida, com toda graça do mundo.

Mergulhamos, caminhamos pela areia, divertimo-nos, fizemos nossos lanches e bebemos o refresco que trouxemos. Sempre de seios nus.

Às quatro da tarde vestimos nossas roupas e pegamos o caminho de volta. O sol e a praia nos deixaram cansadas, mas pouco a pouco subimos e descemos o morro. Do outro lado, descobrimos um quiosque. Antes de partirmos, decidimos entrar e sentar um pouco. Frida pediu uma cerveja.

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