Todo sábado vejo a vizinha sair, uma adolescente ainda, acho
que dezessete anos, a roupa curta, tudo de fora. Minissaias,
vestidinhos, shortinhos, as pernas na medida certa, bronzeadas, convidam à carícia ou mesmo ao
beliscão. Olho da janela, escondida, e lembro meus namorados de outros tempos.
Isso mesmo, agora ando meio devagar, recolhida, mas já tive ótimos namorados. Também saía
quase nua, e já com trinta anos, adolescência tardia. A vizinha entra no carro, numa posição que para sentar no banco do carona não se tem como deixar tudo intacto. Que horas ela volta?, me pergunto. Quero ver se chega nua! Tornei-me a Candinha do lugar, a tal mulher que toma conta da vida
alheia. Mas eu não vou contar a ninguém, quero apenas o prazer de olhar, e
talvez sentir o frisson que a menina sente. Eu, que também já andei nua por aí
(nua mesmo, sem saia e sem calcinha), sinto um arrepio só em pensar o que ela
faz nos braços do namorado.
Escondo-me na sacada, a noite de sábado é quente, céu de
estrelas. Às dez ela parte, vestidinho branco, curto,
coladinho, sandália plataforma. Acho que já a vi com essa roupa. Abre a porta
do automóvel e entra. Hoje não durmo, vou esperar.
Vejo um filme na TV, ouço os sons da rua. Quando me canso,
volto à sacada e olho se há automóveis trafegando. Não quero ser vista. Ouço música,
escrevo uma história, tomo uma taça de champanha. Lembro-me de Adélia, quarentona desinibida, sempre falada nas rodas de homens e de mulheres. Morou numa casa ao lado da minha. Numa madrugada de verão, vou à janela e a vejo sair nua de um carro. Esfrego os olhos para me certificar se estou acordada. Ela caminha para o portão de casa como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.
Às três e trinta ouço o motor. A jovem enamorada volta, Ela salta. Mas não entra logo em casa. O rapaz também salta, espera que ela venha, juntam os corpos num abraço interminável, um dentro do outro. Não foram a um hotel?, tenho vontade de perguntar. Reparo que o vestidinho da moça sobe. Ela não se preocupa, ninguém a olhar, quer o beijo, quer a mão do homem sobre suas pernas. Depois de dez, quinze minutos, despedem-se e ela entra.
Às três e trinta ouço o motor. A jovem enamorada volta, Ela salta. Mas não entra logo em casa. O rapaz também salta, espera que ela venha, juntam os corpos num abraço interminável, um dentro do outro. Não foram a um hotel?, tenho vontade de perguntar. Reparo que o vestidinho da moça sobe. Ela não se preocupa, ninguém a olhar, quer o beijo, quer a mão do homem sobre suas pernas. Depois de dez, quinze minutos, despedem-se e ela entra.
O namoro alheio despertou desejo dentro de mim. A noite vai fresca. Preciso
fazer alguma coisa. Não tenho namorado, mas tenho vestidinhos. Não os uso para bater
pernas pela cidade, seria um escândalo. Mas visto um deles, o mais curto,
uma sandália meio salto, a bolsinha a tiracolo, nos lábios um batom. A noite me
convida a ir até lá embaixo. Desço os dois lances da escada. O vizinho do
primeiro andar é um senhor, faz tempo que deve estar dormindo. Onde vou?
Passeio, ando uns vinte metros para a esquerda,
depois retorno. Caminho trinta metros à direita. Quem sabe escapo até a
esquina? Uma surpresa. Um carro de motor quase silencioso dobra minha rua. O
motorista para. Está surpreso Como vai?, quanto tempo, está saindo?, levo você.
Nada falo. Ou melhor, deveria dizer que estou chegando, que moro três casas adiante,
mas tenho um ataque de mudismo. Desejo experimentar o arrepio? Quem sabe. Ele dá a partida.
Quanto tempo, hein?, dois, três anos? E a cidade é
pequena, nunca mais vi você, retoma a palavra, vamos a um bar.
Um bar às quatro da manhã, chego a pensar. Ele dirige na direção da orla marítima. Você era fogo, lembra?, continua, por que terminamos
mesmo?, acrescenta. Eu, ainda muda, tento descer a barra do vestido, mas este,
teimoso, resiste.
Os bares da orla todos fechados. Que pena, mas não faz mal,
diz. Saímos do carro. Tenho de voltar, consigo falar. Por quê?, está bom aqui,
está fresco, vamos aproveitar o final de madrugada. Tenho de voltar, insisto.
Mas você era tão fogosa, ele lembra.
Segura-me pelo braço e me conduz até a areia da praia. Já
vamos, sim, prometo, levo você. Aceito descer com ele. Mas só um instantinho,
ressalvo. Lá embaixo a água do mar está morna, que delícia, sinto as espumas
nos pés. O cheiro de maresia e o respingar das ondas crescem dentro de mim. Ai,
suspiro, já não posso. Um favor, peço, guarda no carro meu vestidinho? Ele
sorri. Agora eu reconheço a Delinha, ele suspira. Leva meu vestidinho. Você entra comigo?, convido quando volta.
Entramos no mar. Brincamos, nadamos, meus cabelos escorrendo
espumas brancas. Antes de amanhecer, eu ainda nua, mas nos braços dele. Antes que amanheça, deitamos sobre uma toalha estendida na areia, um ardil que ele trouxe da mala do carro. Ai, minha vizinha, que tesão me fez sentir, ainda
sou adolescente. Gozo. Será? Ele enfia o pênis dentro de mim. Ui, que tesão.
Por favor, demore bastante, faz tempo que não tenho namorado. Gozo mais. As mulheres
não param de gozar. Depois, outro banho de mar; outra vez a toalha sobre as areias brancas. Mais um banho. Enfim, luzes a oriente. Ainda nua, olho meu recente namorado. Nós mulheres queremos sempre mais.
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