Escutei de um colega enquanto conversávamos, no começo do
dia, numa das escolas onde leciono. O comentário versava sobre as más condições
de trabalho no nosso meio profissional, mas senti que ele mostrava sua
admiração por mim. Sorri, nada retruquei, nem sei o que fiz depois, devo ter
ido até a sala dos professores pegar minhas coisas para a primeira aula.
Será que o tal colega me paquerava? Já não tenho homem faz
tempo, minha vida é organizada, trabalho e tenho meus pequenos prazeres. Como
já não sou jovem, admirei-me da iniciativa. Há tantas professoras de menos idade,
bonitas e cheias de calor.
Faz alguns anos, quando trabalhei numa escola do litoral
norte, vivi situações que me deixavam a mil por hora. A cidade era convidativa
a muitas paqueras, à frequência à praia durante as horas vagas e a saídas
noturnas a vários restaurantes e bares aconchegantes. Lembro que certa vez
andava pela praia ao entardecer. Não sei o que me deu – a acho que fui picada por um desejo recôndito –,
tirei o top e passeei pela orla vestida apenas por uma camiseta larga. Um homem
passou por mim e sentiu-se surpreso ao reparar meus seios nus!, chegou dar um
sorrisinho com o canto da boca. Continuei minha caminhada como se aquela fosse a
atitude mais normal do mundo. Na época tive uma amiga que era maluquinha, além
de namorar vários homens ao mesmo tempo, ia à praia com um biquíni pequeníssimo,
dizia adorar a praia da Joana, onde vez ou outra podia ficar com os seios de
fora. Era solícita com todos que se aproximavam, dava seu número e, na maioria
das vezes, marcava encontros. Gosto de tomar uma caipirinha, dizia, depois
a gente vê o que acontece. E, segundo ela, só aconteciam coisas boas. Uma vez
arranjei também um namorado. Você bebe uma taça de vinho?, perguntou. Claro,
importado, ressaltei. Fomos a uma adega. Depois... Tenho vergonha de contar. Fiz
coisas que ninguém imagina. Pude constatar que a tal amiga tinha razão. Mas
nada falei a ela, não queria que me roubasse o namorado.
Volto à escola onde um colega chamou-me de mulher elegante.
Fiquei interessada no tal. Quem sabe, seria tão bom a gente sair e
passear, talvez uma taça de vinho. Mas levou um tempo enorme para eu estar com ele como
gostaria. Toda vez que passávamos um pelo outro nos cumprimentávamos, sorríamos e
seguíamos cada um seu caminho. As mulheres, no entanto, tem poderes especiais, não vai demorar ele cairá nas minhas malhas. Lógico que meus
artifícios são discretos, mas o sucesso é garantido.
Você sabe, perto da minha casa abriu um bar de cervejas
artesanais, uma delícia, disse eu a ele ontem. É mesmo, adoro cerveja
artesanal. Caso você queira ir, eu acompanho você. Vamos marcar, então, vamos
amanhã, pediu. Ok, ótimo, vamos sim.
Fiquei esperando, vestidinha, na porta de casa. Chegou de táxi, me beijou e fomos ao restaurante. Imaginem a noite mais
animada do ano, pelo menos para nós dois. Não preciso dizer que não bebo muito, mas
bastaram dois copos. Que calor. Lembrei a camiseta, os seios soltos por baixo,
sorri para o homem. Ele, não custa, vai me ver nua!, pensei num momento. Ah, minha amiga professora lá no litoral norte, o namorado tinha uma Mercedes, e ela nua no banco do carona!
Quando a gente fala muito de amiga, quem sabe fala de si própria!
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