Tenho um ex-namorado que, com o passar do tempo, se tornou meu amigo. Sempre me telefona, pergunta como estou. A gente conversa muito, assuntos superinteressantes. Outro dia ele lembrou que sou namoradeira: você gosta muito de namorar, por isso está sempre de bom astral. Eu disse é mesmo, tenho amigas que dizem não ter homens há vários anos, minha irmã mesma não sabe o que é transar faz 20 anos. Você é feliz, acrescentou, hoje muitas mulheres sofrem de depressão, deve ser for falta de namoro.
Ele tem razão. Houve uma época que fiquei sozinha.
Foi muito ruim. A gente adoece, até mesmo sente dores no corpo, além das
dores no espírito. Eu ficava doidinha. Ia pra lá e pra cá querendo arranjar
namorado. Me inscrevi numa porção de sites de relacionamento, contatei uma
porção de homens, enviei fotos e mesmo pequenos vídeos onde eu aparecia. Às
vezes, surgia alguém, mas apenas pra uma trepada. Eu aproveitava, mas o
que desejava mesmo era ter alguém certo, com quem pudesse contar, que pelo
menos viesse aqui pra casa uma vez na semana. Lembro que nessa época tinha um
velho que me paquerava. Eu passava pela casa dele de propósito. Um dia, me chamou e me deu uma bolsa de
presente. No dia seguinte, quando eu atravessava a rua, me convidou para
entrar, queria me oferece um café. Lá dentro, pediu para eu tirar a roupa,
garantiu que me dava mais um presente!
Enfim, arranjei um namorado, e não foi em sites,
não, foi alguém que me viu no mercado. Sério. Você já foi paquerada no mercado?
Ninguém vai fazer compras com intenção de arranjar namorado, eu sei, mas
acontece. Ele ficou olhando pra mim, olhava e mais olhava, então veio falar
comigo, aquela velha história que ainda cola. Você não mora não sei onde, não
frequenta não sei o quê? Quase respondi que sim, não queria dizer que a pessoa
não era eu. Mas não sou de mentir. Deve ser alguém parecida comigo, mas como a
pessoa não teve sorte de ser encontrada por você, vai eu mesmo, falei. O homem
riu muito. E foi assim que tudo começou. Depois vieram com a história de que
ele tem mulher, que ela depende dele, que é cheia de problemas. Não me conte
essas coisas, eu disse. Ele passou a frequentar minha casa uma vez
por semana, depois duas. Está ótimo, pensei, não preciso saber o que ele faz
nos outros dias, já o conheci desse jeito.
Contei ao meu amigo, meu ex-namorado. Que achou
ótimo. Você é uma mulher atirada, falou. Eu, atirada? Sim, você se atirou, e a
piscina estava cheia d’água, você aproveitou. Entendi. E gostei da metáfora.
Lembro uma vez, quando a gente namorava, ele adorava meu jeito de ser, eu não
tinha medo de nada, uma vez fiquei nua na praia, dentro d’água, o biquíni nas
mãos dele.
Sabem de uma coisa, só não gosto quando falam que
eu namoro dois homens ao mesmo tempo. Gosto de ser fiel ao meu
namorado, de fazer as coisas pra ele, de esperar por ele no dia marcado, de pensar
tirando minha roupa pra ele. Quando alguém insinua que namoro dois homens, fico
brava e não falo mais com a pessoa. Certa veza namorei dois, sim, mas foi só por uma
noite, e aquilo nem pode ser considerado namoro. Na véspera, um homem tinha me telefonado, eu ainda não o conhecia
pessoalmente. Ele ficou falando uma porção de saliências no telefone. Acabei
aceitando, aproveitando, tirando a roupa e gozando. No dia seguinte, veio à
minha casa um conhecido de outros tempos, alguém que eu gostava muito e não
posso dizer quem é. Trepei com ele. Depois que foi embora, pensei, traí o homem
de ontem, aliás, traí antes de conhecê-lo em carne e osso. Por isso, não se
trata de verdadeira traição, tentei me conformar e, assim, não fiquei angustiada. Mas só foi aquela vez.
O meu namorado diz que sou muito gostosa, que tenho um jeito de namorar que ele nunca viu em outras mulheres. E mais uma coisa. ele mete, dou uma mordidinha. Os homens adoram. Dou uma mordidinha e vou logo gozando, porque você sabe como são os homens. É importante a gente gozar. O gozo vence a angústia. Mas não fale isso pra
ninguém, viu. é o nosso segredo.
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