terça-feira, outubro 19, 2021

Uma caixa de chocolates e a história das três empadas

Um dia desses fui tomar café da manhã com um amigo, em Copacabana. Digo amigo, mas na verdade já tive um caso com ele. Quando nos encontramos, ele me beijou e disse você está tão bonita. Passeamos pelo calçadão, a praia toda, fomos até o Leme, onde seguimos por um caminho junto à pedra. Ficamos admirando o mar. Depois voltamos. Caminhamos pela areia da praia durante um bom tempo. Lá pelo posto 5, ele disse é uma boa hora para um café da manhã. Entramos uma transversal e paramos num Bistrô.

Peça o que quiser, aqui há um café com muitos acompanhamentos, incentivou. Decidi por um em que vieram queijo, frios, manteiga, requeijão, mel, croissant, suco de laranja e café expresso grande. Meu amigo reparou o prazer que sinto quando saboreio todas essas coisas. Você tem os lábios lindos, falou enquanto eu, delicadamente, mordia um pedaço de queijo. Fez uma foto, eu com a xícara numa das mãos. Tive a intuição de que ele queria a minha boca e os meus lábios para outra coisa, verdade.

Certa vez, estivemos num hotel, onde passamos a tarde. Eu pelada no colo dele. Deve ter imaginado a cena ao me ver comendo. Você chupa meu peru? A pergunta, no hotel, não na cafeteria, no tempo em que tivemos o tal caso.

Depois de beber e comer, ainda no bistrô, pedi mais um croissant. Estou um pouquinho acima do peso, mas ele me admira do jeito que sou.

Quero você nua, com esses lábios sensuais comendo chocolate na cama, ele disse enquanto eu tomava o último gole do café. Chocolate?, repeti. Isso, a caixa inteira, confirmou. Será que compreendi?, ele me ouvia, você me quer nua comendo uma caixa inteira de chocolates, recostada na cama? Isso mesmo. Mas você não acha que já estou gorda o suficiente, ainda uma caixa inteira de chocolates? Não faz mal, ele assegurou, gosto de você gordinha, e depois posso ajudar a pagar a academia. Mal sabe ele que para emagrecer é necessário apenas fechar a boca, e não uma ginástica cara. Acabei de tomar o último gole, juntei os talheres e esperei por ele. Tinha certeza de que não iríamos a outro lugar. Eu tinha um problema para resolver e com ele acho que acontecia o mesmo.

Na rua, ainda caminhamos um pouco, até a Av. Atlântica. Ele falou umas coisas engraçadas. Eu ri. Depois nos despedimos e cada um partiu para o seu lado. No caminho, lembrei de um homem com quem saíra algumas vezes. Ele tinha essa mania, de gostar de me ver comendo. Certa vez trouxe cinco empadas grandes e quis que eu as comesse todas. Todas?, vou passar mal, respondi. Come devagar, temos toda a tarde. Comecei a comer e a beber uma  água mineral que tinha na geladeira. Depois de uma hora de conversa, eu tinha comido apenas uma das empadas. Você não comeu nada, falou. Não aguento, vou guardar para mais tarde. E foi feito. O homem não me pediu mais. Comi as três empadas restantes depois, uma à noite, e as outras no dia seguinte. Ele, sim, me comeu ali mesmo, na sala, depois de eu guardá-las na cozinha. No final, quis que eu desfilasse nua pra ele, era o que tinha de pagar pelas empadas em estoque! Vá entender os homens.

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