Meu amigo me deixou numa situação! Veio me visitar, com a minha permissão, é claro, e acabou me deixando a mil por hora. Como posso falar de outro modo? Ele é bonito, vive me galanteando, me convida para tomar café à tarde, sabe que adoro cafeterias e bistrôs. Acabou vindo aqui em casa, eu sozinha. Como eu poderia ter reagido? Levantado, tê-lo abraçado e lhe ter dito a verdade? Olhe, estou morrendo de tesão, venha trepar comigo. Nada disso, fiquei quietinha, apesar de toda toda molhada. Pensei mesmo ir ao banheiro trocar a calcinha. Ele continuou com a conversa: arte, literatura, lugares bonitos para passear. Como diz minha prima Ana, eu devia ser mais atirada.
Quando era bem jovem, tive uma amiga cheia de fogo. Ela me contava que era normal sentir vontade de experimentar o sexo dos rapazes. Quando havia a tal oportunidade, não perdia tempo, saía com eles e deixava-os entrarem em ação. Não se incomodava se depois dissessem que ela era piranha. Quando aparecer alguém que goste de mim, não vai se importar com quantas pessoas trepei, afirmava. Ela fazia a festa, levantava a saia e gozava que só. Não sei se eram verdadeiras todas as suas histórias. Disse que, certa vez, trepou no banheiro do Mc Donald.
Eu e meu amigo ali na sala, a conversa fluindo, eu me remoendo. Sônia, tenha compostura, disse a mim mesma, o cara não está te convidando para a cama. Mas ele é tão bonito, e me dá uma atenção que eu já não tenho faz tempo. Vou preparar um café, falei. Vou com você, ajudo. E fomos para a cozinha. Uma cozinha pequena, a gente quase a se roçar. Daqui vamos para o quarto, cheguei a pensar, ou mesmo ele me encosta na parede da cozinha e... Mas o que fez mesmo foi elogiar o café, como está gostoso, nunca tomei um igual. Voltamos para a sala, conversa para lá, conversa para cá, fui sentar ao lado dele, no sofá, quase tocando o seu joelho. Ele também estava com vontade de me possuir, percebi, mas não quis arriscar. Sua filha está em casa?, perguntou. Não, foi passear com uma amiga, só volta ao anoitecer. Sorri. Como se faz para dar a entender a um homem que a gente está a fim? Não posso pedir licença, ir ao banheiro ou ao quarto, tirar a roupa e voltar nua. Sei de mulheres que agem assim. Mas, quanto a mim...
Meu amigo falou bastante, eu também. No final, sugeriu, vamos sair uma noite dessas, ir a um restaurante, variar um pouco, depois do restaurante a gente faz outra coisa. Fiquei doidinha para perguntar que outra coisa seria aquela. Mas, como de costume, permaneci apenas na vontade.
Antes
de ir embora – já eram mais de seis da tarde – me beijou e disse: você é uma pessoa
muito especial.
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