Na minha cidade, somos muitas e todas queremos arranjar namorados. Não precisa ser nada sério, mas mesmo assim não é fácil. Já faz tempo que perdi as esperanças. O último que frequentou meus lençóis, ouviu de minha voz um segredinho: não demora você vai me trocar por garotas mais jovens, elas são muitas aqui na cidade. Passaram-se algumas semanas, ele se foi. Poxa, por que não ficou comigo e com a moça de 18 anos, que desfila de biquininho na principal praia da cidade? M não é uma vila, mas, mesmo assim, todas nos conhecemos. De um tempo para cá, começaram a aparecer moças muito jovens, não sei se por causa da universidade, ou se vieram acompanhando pai ou mãe que passaram a trabalhar nas empresas de petróleo. O que é certo: uma delas roubou-me o namorado. Mas é a vida, e ele tem o livre arbítrio.
Passei, então, nos dias de folga, a viajar para outra
cidade, passear, aproveitar a vida. Num feriadão, fui a Cabo Frio. Para quem
mora na região, o local não é dos melhores. Mas serve para variar, para
conhecer novas pessoas. Fiquei num pequeno hotel, a praia quase em frente.
Naqueles dias, hospedava-se no mesmo hotel um grupo de rapazes. Acabei amiga
de alguns deles.
Você está sozinha?, o mais atirado perguntou. Não se fica
sozinha na maturidade, cheguei a dizer, sempre há alguém no nosso pé. Ele riu. Fosse mais perspicaz, perguntaria onde estava meu pé.
Não quis, logo de primeira, dar mole para um deles, não
ficaria bem, tenho o dobro da idade. Mas eles me acharam bonita, chegaram a me
chamar de gostosona. Tive de rir. Aquele grupinho devia ir pelos vinte e poucos anos.
Em M, tenho uma amiga que adora trepar com garotos jovens. Diz
que o peru deles é bem duro, e fica assim por muito tempo. Há apenas um problema: eles precisam entender o que ela deseja. Durante o tal feriadão, a imagem
de minha amiga de quase cinquenta anos trepando com um rapaz de vinte três não me saía da
cabeça. Apesar de não jovem, ela tem seus artifícios. Certo dia, quando foi despi-la, o moço descobriu
que ela estava sem a calcinha. Você nunca reparou?, perguntou com cara de
sapeca, já saí tantas vezes com você só com o vestido sobre a pele. Ela consegue,
com suas artimanhas, manter o namoradinho. As garotas jovens não sabem nada
disso, me diz em segredo.
Numa das noites, fui a um restaurante com música ao
vivo. Era a única sozinha em uma das mesas. Os homens estavam acompanhados. Havia também muitas mulheres sós. Bebiam, riam e tentavam se entender entre
a algazarra da noite. Pedi uma caipivodca. Lá pelas tantas, avistei meus amigos,
os jovens que estavam no mesmo hotel. Dois deles vieram sentar à minha mesa. Os
demais tinham outras expectativas. Bebiam cerveja, estavam muito alegres. Vestiam bermudas e camisas coloridas. Quando levantei e fui dançar com um deles,
repararam que eu trajava minissaia. Meu par gostou de dançar coladinho. Como
havia muitas mulheres, eles todos se arranjaram. O que ficou comigo também se
arranjou. Adivinhem com quem? Caso você queira acompanhar seus amigos, não faça
cerimônia, cheguei a sussurrar no seu ouvido. Mas ele não foi, permaneceu ao
meu lado, acabou me abraçando, me beijando e voltamos juntos para o hotel. Seus
amigos perderam-se pela cidade nos braços de moças fresquinhas, recém-saídas
da adolescência.
Meu namoradinho me acompanhou depois que deixamos o tal restaurante
com música ao vivo. Caminhamos até a beira da praia. Além de nós dois, ninguém no
local. Abracei-o. Continuou agarrado a mim. Você não gosta de mergulhar,
que tal entrarmos n’água? Riu e disse: você é muito doida.
No hotel, passou a última noite no meu quarto.
Não conte pros teus amigos, viu, vão ficar com inveja,
duvido que aproveitaram tanto.
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