Domingo de sol com o namorado. Bebemos refrescos com pedras de gelo. Ao longe, a praia. Olho o celular, uma mensagem. De um admirador. Não posso ler à vontade. O namorado aproxima-se, beija-me, acaricia-me, não tem a intenção de olhar o que me vem pelas antenas. Guardo o telefone. É o Alberto, tenho certeza, gosta de me enviar elogios nos dias de domingo.
Certa vez nos encontramos ao acaso e passeamos pela orla
marítima a manhã inteira, eu não tinha compromisso naquele dia. Alberto me
olhava, com seu jeito sedutor. Eu, calada. Como toda mulher, gosto de ser apreciada
pelos homens. Ele sabia que nosso passeio era apenas pelo passeio mesmo, não
poderíamos ir além. Em determinado momento, paramos e ele comprou sorvetes. Não
sou muito de sorvetes mas, para agradá-lo, aceitei. Minha boca ficou muito
vermelha. Morango é a tentação. Teve vontade de me beijar, em meio ao morango,
à temperatura fria do sorvete e ao sol que nos enlouquecia o desejo. Passeamos
e passeamos. Delicado, despediu-se no final do dia. Já tive namorados desse tipo,
me comiam com os olhos e queriam me levar ao seu apartamento, ou mesmo a um
hotel. Alberto, porém, nada falou. A gente se encontra por aí, qualquer dia
desses, eu disse. Não mais o vi.
Agora, eu com o namorado e a mensagem de Alberto no celular. O namorado disfarça, tenta respeitar minha independência, mas sinto que o ciúme não lhe abandona. Nenhum homem quer sua mulher recebendo mensagens de outros homens, sejam eles apenas amigos ou mesmo parentes, querem a mulher apenas para si. Como conviver com isso? Vai à cozinha. "Vou pegar uma cerveja", diz. Consulto o celular? Não, não consulto. Ele volta rápido e vai me surpreender. O problema de ter compromisso com um homem implica inconvenientes. Como posso saber o que Alberto tem a me dizer? Deve estar na orla e lembrou-se de mim.
Vem-me à cabeça um domingo de outros tempos, um namoro não
me lembro com quem. Estava eu na praia, final do dia, acabei na casa do homem.
Acho que o lugar era Mangaratiba. Ou será que cheguei a trepar com Alberto
naquele domingo? Não, não era Alberto. A trepada foi boa. O homem me tirou o
biquíni e se pôs a me acariciar longamente. Tão longamente que cheguei a
cochilar. Estava tão bom. Ao passar a língua sobre os meus lábios, despertei. Eu, nua às cinco e meia da tarde, numa casa de praia, com um homem que conhecera horas antes.
Será que há outras pessoas na casa?, cheguei a me preocupar. Quando pensei
nisso, senti o seu pênis a me penetrar. Suave, muito suave, escorregadio,
abria todas as cancelas. Pingos de leite. Por que a lembrança
agora, o que a mensagem de Alberto tem de ver com isso?
O namorado volta com a cerveja. “Você está bebendo refresco,
mas tenho certeza de que vai me acompanhar na cerveja”. “Acompanho, claro”. Ainda
bem, o pensamento, uma fugidinha. Eu, nos braços de outro, a pele lisa, morango com chantili não combina com cerveja. Engulo o morango.
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