Existem vários modos de se manter um namorado. Um deles é, antes do encontro, esquentar. Os homens adoram a manobra. Querem – mesmo que não o digam – a mulher nos braços de outro. Este deve deixá-la no ponto. Nada para mais nem para menos. Dali em diante, a continuação é com eles. Ela pode e deve vir em plena rotação, lubrificada, mas não pode ter gozado antes, isto é, ter vazado o óleo.
Não demorei a perceber o jogo do namorado. Como há sempre
alguém me desejando, foi fácil arranjar um namoradinho como entrada, digamos
assim. Mas não podia eu comer o prato principal! Que maravilha mas, ao mesmo
tempo, que tortura. A entrada, uma delícia, porém nada de transformá-la no prato
principal, que seria o namorado titular.
A gente ia a um motel, eu e o namoradinho, o do
esquenta-esquenta. No apartamento, havia uma piscina de água quente, aliás, água quase fervendo. Em temperaturas elevadas, a água relaxa, baixa a pressão, tira
as forças e provoca um pouco de sono. O namoradinho não era diferente. Assim
que começava a me acariciar, sentia uma enorme vontade de descansar. As coisas
se encaixaram, ele só ia até certo ponto. Eu não precisava ficar alertando.
Antes da piscina, seu pênis estava eretíssimo, mas depois, já não aparentava o
mesmo vigor. Caso ele não quisesse mergulhar, eu dizia olha o que
combinamos.
Tive uma amiga que saía com o reserva e ficava com ele durante
a tarde inteira. Não dá confusão, Marcia, como você aguenta? É questão de
treino, ela me dizia.
Minha estratégia funcionou durante alguns meses. Um dia, no
entanto, quando já ia nua, ao lado dele, à beira da piscina, percebemos que a água
estava fria. Telefonei à recepção. A resposta foi há um defeito no aquecimento
geral, vamos dar desconto no pagamento. Não me interessava o desconto, mas o tal
que me bolinava sem chegar ao principal. Ele prometeu que não atravessaria a
fronteira interditada. Sim, verdade, prometeu mesmo, mas quem atravessou o
limite entre a entrada e o prato principal?
O namoradinho começou a me tocar, a me acariciar. Como eu
vinha da praia, estava de biquíni. Não passou muito tempo para eu ficar nua. Ele,
a me olhar; seu pênis, durinho. Que delícia, pensei, que beleza, toquei-o.
Entramos na água fria da piscina. A temperatura geladinha nos excitou. Ele me
pôs sobre a borda. Como é mais alto do que eu, achamos uma posição em que, de
pé, de dentro d’água, conseguia me penetrar. Eu, apoiada, nas duas mãos, controlava
o movimento de subir e descer.
O esquenta-esquenta se tornou incontrolável. Eu sempre
prolongando a transa, até que... Não resisti. Ou melhor, nem eu nem ele. Comemos a
entrada e o prato principal!
Como vou ter vontade para outra refeição quando encontrar mais
tarde o namorado titular? Qual será minha desculpa? Melhor desmarcar, pensei naquele
dia.
Minha amiga Márcia sempre diz tudo é uma questão de treino.
Por isso, você está um pouco gordinha, tenho vontade de replicar.
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