domingo, novembro 27, 2022
Fiquei um pouco mais do que arrepiada
terça-feira, novembro 15, 2022
Dois dias e duas noites
Tranco-me no quarto, deixo a toalha sobre a poltrona lateral e deito-me. O que penso? Saí do banho há pouco, está na hora de dormir; a casa, em silêncio. Minha filha, no seu quarto, distrai-se com o celular. É hora do meu prazer maior do mundo. Procuro algum namorado do passado, alguém que me tenha dado intenso prazer; vou também à procura do namorado do futuro, mas este virá devagar, com o correr da noite, depois do gozo com o primeiro. Este é alguém que me deu um biquíni de presente, desses muito curtos, usados pelas garotas adolescentes. Elas vão à praia vestidas no paninho estreito e não pensam muito em sexo. Para pessoas como elas, a nudez é normal. Para mim, ou para a minha geração, já não é assim que sentimos. Num primeiro momento, achamos que a praia toda está a nos olhar, a nos explorar a pele, os centímetros de corpo ainda cobertos. Depois, porém, chegamos à conclusão de que não somos a estrela do local; é certo que há quem nos olhe, mas, de modo geral, as pessoas têm mais o que fazer. Vou à praia dentro do tal biquíni, uma praia onde ninguém me conhece. Sobre a areia, sentada na cadeira ou deitada sobre a toalha, sou a mulher mais desinibida do mundo. O namorado, a tarde já avançada, gosta de me levar a um motel. Cada um mais bonito do que o outro. Amor, não posso chegar à noite em casa, nua, não vai ficar bem. Você não está nua, mas de biquíni, ele rebate. Estou nua, você não sabe olhar. Houve um dia em que esquecemos, fiz ele ir ao shopping comprar um vestido, enquanto eu esperava no estacionamento, nua dentro do carro. Por que o namoro não durou? Não lembro, acho que ele foi trabalhar em outra cidade, lá conheceu alguém e casou.
E quanto ao namorado do futuro? Esse é alguém que conheço.
Mas estamos apenas na fase dos cumprimentos e sorrisos, conversarmos respeitosamente.
Engraçada a expressão, conversas respeitosas. Um acaso, encontramo-nos no
centro da cidade, numa rua onde há hotéis turísticos. Por falar nesse tipo de
hotel, certa vez um amigo me falou sobre hotéis turísticos do centro velho. Eu
pensava que todos eram hotéis de viração, amantes de hora do almoço ou trepadas
ocasionais quando não se sabe nem se quer saber o nome do parceiro ou da
parceira. Meu namorado do futuro, o tal homem dos cumprimentos, encontra-me na
Senador Dantas, ou na Presidente Vargas, quem sabe na Alcindo Guanabara. Estou
sozinha à porta do hotel, o guarda-chuva aberto protege-me de chuviscos. Estava
passando, um consultório por perto onde frequento, digo sem graça. Ele levanta os
olhos e repara o letreiro: Hotel. Pego-o pelo braço, puxo para o saguão. É pequeno
o local. Você jura que não fala pra ninguém?, sopro-lhe no ouvido. O homem da
recepção encara-nos. Pergunta o tipo de apartamento que desejamos, o tempo que
vamos ficar. Onde as malas? Já vão chegar, retruco. Dois dias, digo, dois dias
de estadia. Meu namorado recente me olha sem demonstrar surpresa. Gosto dos hotéis
dessa região, declara. Sétimo andar. Subimos. Dentro do apartamento, o mundo
tornou-se mágico. O namorado do futuro (ainda estou na minha cama, gozando com
a história) pede para sair um instante, precisa resolver um problema, volte logo,
não vá embora, por favor, peço. Já vi vários filmes semelhantes. Não vai
voltar. Deito-me nua na cama do hotel, minha roupa dentro do armário, arrumada.
Esqueci de trazer peças íntimas! Telefono-lhe, envio-lhe mensagens, compre-me um
par de calcinha, por favor.
O final é diferente dos filmes americanos que eu costumava a ver. O namorado do futuro me
come dois dias e duas noites seguidas. Tanto o prazer. Nenhum problema. O par de calcinhas, onde você guardou? Arrepio.
domingo, novembro 13, 2022
O marido de Milena
O marido de Milena adora me paquerar, onde quer que me encontre, está a me dizer elogios, a me olhar de um jeito apaixonado. Antes dela, ele me namorou, inventava uma porção de artifícios para a nossa relação se tornar cada vez mais ardorosa. Subia a ladeira onde moro, eu aparecia à porta, saía para a calçada, ele me abraçava, me beijava e dizia vamos apreciar essa paisagem maravilhosa, tão atraente como você. Depois, entrávamos. Nosso ardor caminhava pela sala, cozinha e terminava no quarto. Minhas poucas roupas espalhadas pela casa. Às vezes, me convidava para passear, alugava um desses carros grandes, com motorista, me levava então pela orla marítima: Leme, Copacabana, Ipanema, Leblon etc. Um dia, porém, fez a pergunta crucial: Márcia, quer casar comigo? Não, por favor, casamento, não. Ele não entendeu a minha negativa. Não era pelo casamento ser com ele, mas com qualquer um. Por mais que eu falasse, faltavam-me argumentos para fazê-lo acreditar. Pouco a pouco, diminuiu suas vindas à minha casa, até que um dia, aproximou-se, me beijou e disse tenho uma coisa para te dizer. Esperou minha reação. Continuei olhando-o, como se quisesse que falasse logo. Disse vou me casar com a Milena.
Não posso afirmar que não fiquei triste com a notícia. Pouco
a pouco, no entanto, passei a lhe estimular. A Milena é minha amiga, deve estar
muito feliz. Veio ela à minha casa, com o convite de casamento, me informou que eu seria a madrinha. Aceitei.
Preparamos nossos vestidos para a cerimônia. O dela, de noiva, é lógico; o meu,
muito parecido, mais discreto no entanto.
Aconteceu o casamento. A festa foi ótima. Muita bebida e
comida, uma delícia. Adoro champanhe. No final, ela veio falar comigo, disse
você continue amiga do meu marido, viu, ele vai ficar muito feliz, vamos
aproveitar porque a vida é breve, completou.
Depois que a vida de marido e mulher se estabeleceu entre os
dois, ele quase sempre passava lá em casa antes de ir para junto da Milena. A
gente conversava e conversava, ele me abraçava, me apertava e me beijava na
boca. Sempre nos beijamos na boca, não iríamos interromper por causa do
casamento. Ele tinha um jeito todo especial de me excitar, nada mudou em seu
comportamento, e eu não iria dizer que um homem casado não podia praticar tal e
tal ação com uma mulher que não fosse a esposa.
Numa sexta-feira, ele e Milena vieram me buscar, me
levaram com eles para passear. Milena disse temos os mesmos direitos, eu e
minha madrinha! Ficamos as duas agarradas ao homem; ela, muito contente.
Jantamos, dançamos e namoramos os três. Já passava da meia-noite quando me
deixaram em casa.
Ele, sempre quando vinha ao meu encontro, ficava mais de
meia hora; depois, ia embora todo excitado. Gostava de fazer as preliminares
comigo antes de ir à Milena. Não me importava, porque me dava muito prazer. Eu
dizia toma cuidado, não vai gozar comigo e deixar a Milena na mão, aqui é
apenas o esquenta. Ele ria, e me beijava, todo fagueiro. Algumas vezes, quando
nos agarrávamos dentro da minha casa, estava vestida com um minivestido, ou
minissaia, ele introduzia sua mão por entre as minhas pernas e passava um gel na
altura da minha vagina. Que delícia a sensação, o tal produto começava
geladinho, depois ia esquentando, esquentando, até que eu não podia mais. Então
introduzia seu pênis, me deixando doidinha. Eu não demorava a gozar. Ele mantinha
o controle, me dava prazer sem perder o seu, ia embora porque sabia que Milena
queria a parte dela.
Mas num dia desses a gente namorava a toda prova, o gel
fazendo maior efeito, esquentando, eu a mil por hora. De repente, eu disse hoje
fica mais um pouco, não vai agora, não. Deitamos na minha cama, mais conforto
do que namorar na sala, ele sempre sobre mim. No final, uma explosão. Quando me
senti toda meladinha, perguntei Oswaldo, quer que eu ligue pra Milena? Aposto
que ela vai compreender.
quinta-feira, novembro 03, 2022
Pedi uma Coca-Cola
Saí de casa às 7h30 e desci à praia. Foi então que lembrei a voz da amiga e da história acima. Só que na minha cidade, o mar bate contínuo, violento, selvagem. Quem deseja enfrentá-lo precisa aprender a disciplina das artes marciais, sobretudo as orientais. Andei pela linha d’água, vez ou outra respingos das ondas bravias molhavam-me o rosto e a canga violeta que eu enrolara no corpo. Após caminhar cerca de quinhentos metros na direção norte, descobri um pedaço de praia onde as ondas não estavam tão intensas. Despi-me do tecido e mergulhei. A temperatura da água estava ótima, talvez um pouco fria, mas eu gostava assim. Pensei de novo na amiga, a tomar banho de mar nua numa praia distante. Tive a mesma vontade, mas permaneci vestida pelas minhas duas peças. Depois de uns quinze ou vinte minutos, saí da água. O vento envolveu-me másculo, quase a me convidar, como jovem amante. Naquele momento descobri algo que me agradaria. Nada de andar nua à beira-mar. Enrolei a canga no meu corpo, um modo de me aquecer e de escapar do chicotinho de areia levantado de surpresa pelo mesmo vento. Mas resolvi tirar a calcinha do biquíni. Isso mesmo, permaneci de top e com o pano a me cobrir. Continuei a caminhar só, sobre as areias da praia ancestral. As mulheres são insaciáveis, vocês hão de dizer. Apesar do namorado e da noite anterior, eu procurava aventura. Algum leitor deve estar imaginando que surgiu um homem fenomenal, indescritível na beleza, atleta invencível. Nada disso. Surgiu sim, mas um pescador local, que por sinal eu conhecia. O homem cumprimentou-me respeitoso e continuou em frente. Satisfazer uma mulher é sempre muito difícil, pensei ao me ver sozinha de novo. Voltei, vagarosa, olhava toda aquela paisagem sempre envolvente. Ainda na praia, quando me aproximava do ponto próximo ao acesso à rua onde moro, comecei a sentir certa quentura entre as pernas. Já passara por aquela sensação, na maioria das vezes acontecia de modo involuntário. Caso eu tentasse provocar a tal sensação, não conseguia. Ela foi crescendo, crescendo, meu coração agitando-se, até que fui tomada de uma alegria indescritível. Parei de caminhar, pousei os braços sobre as coxas e esperei o que viria a seguir. Um orgasmo e tanto. Que me deixou trêmula. Respirei fundo para me refazer, voltei-me ao mar e apreciei o horizonte. Não segui para casa naquele momento. Permaneci na faixa de areia e caminhei na direção sul. Sentia-me molhadinha entre as pernas. E não era por causa das águas do mar. Ao chegar ao Remanso, dei-me com algumas pessoas. Pelas suas fisionomias, adivinhava-se que desejavam aproveitar o sol e o mar. Senti sede. Subi ao calçadão e encontrei um dos quiosques aberto. Pedi, então, uma Coca-Cola.