Tenho um admirador com quem saio vez ou outra. Ele adora me beijar os lábios, diz que eles são molhadinhos, o maior frisson. Mas tenho um segredo, vou contar, não espalhem. Sou casada. Meu bairro é Copacabana, meu marido fica em casa, e eu domingo pela manhã dando beijos na boca de meu admirador. Ele é esperto, sempre convida para o café da manhã. Caminho até a orla ou até o local combinado, encontro com ele e vamos para uma das cafeterias do bairro. Caso meu marido me telefone, estou com a Milena, uma amiga parecidíssima comigo que muita gente pensa que é minha irmã gêmea -, ela adora tomar café. Meu amigo me diz escolhe o que você quiser. Outro dia me disse vamos tomar café da manhã no restaurante do Hotel Tal e Tal. Entrei e saí do hotel com o rabinho entre as pernas, morta de medo de que algum conhecido me reconhecesse, e ao lado de um homem que não é o meu marido! Na despedida, me segurou a cabeça com as duas mãos e beijou meus lábios, úmidos e deliciosos, como sempre diz.
Quando era solteira, tive um namorado que adorava a mesma coisa. Era um sarro. Eu não queria outra vida. Penso por que não ficamos juntos. Não sei. À época, eu saía com tanta gente, muitas festas, muitos homens. A fila anda, eu dizia. Até que parou. Parou no casamento. Será? Você, querido leitor, há de achar que não parou, que continua, e como.
Ah, minhas divagações. Agora, caminho pela Santa Clara, meu amigo ou admirador-amigo-namorado
me aguarda. Enquanto desço a Rua, penso na Clara. Ela adora passear sem o
marido. Clara, por que você casou, se sai com tanta gente? Márcia, fala sério,
você acredita em monogamia? Mono o quê?, tenho vontade de perguntar, só de
brincadeira. Não sei, Clara, monogamia é um problema... Então, o que tem a
gente passear com amigos, admiradores, colegas etc. e tal? Diz adorar o marido,
mas adora mais a vida que leva, portanto as duas ações lhe caem bem. Você apenas,
passeia, não é, Clara? O que você acha, Márcia? Sorriu, extasiada. Não sei o que
significou o sorriso. Eu não quis insistir no assunto. Certa vez a encontrei vestindo
uma saída de praia de rendinha, o biquíni mínimo. Vou encontrar um amigo,
disse, ele fica ali no 4, um amigão mesmo, me deu as costas e partiu, de
bundinha de fora. Acho que me lembro de Clara, porque faço a mesma coisa que ela!
Ah, é aqui, o local combinado com meu admirador, uma nova cafeteria. Onde, ele? Acho que está atrasado? Envio mensagem. Outro dia foi a Alessandra, disse que ficou uma hora esperando pelo homem. Eu, esperar?, nem pensar, sumo no ato. Alessandra esperou, desculpou-o pelo atraso e depois disse que teve uma tarde maravilhosa. Meu admirador-amigo-namorado já chegou, olhe ele lá, numa mesa, bem no final da varanda. Será verdade o que vejo, está acompanhado? Quem é a mulher? Não é possível, não acredito, é a Milena! E tem os lábios todo molhadinho...
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