quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Oito dias em Porto Seguro

Domingo:
Chegamos a Porto Seguro às 12:30h, hora local. Céu azul, sol maravilhoso. Nosso hotel é o Resort Boa Vista, fica bem de fronte à praia de Taperapoã; está lotado, mas de gente bonita, é lógico. Almoçamos e fomos à piscina do hotel; as mulheres, principalmente as mineiras - já conheci duas - usam biquínis mínimos. Depois das quatro, eu e Júlia fomos até a praia. Sentamos numa das barracas, tomamos duas cervejas, depois mergulhamos. A Júlia já botou as manguinhas de fora, ou melhor, os seios; soltou o sutiã dentro d'água e deixou que ele flutuasse. Acabou a tarde com os bicos dos seios fora d'água. Chamou a atenção de dois homens que se aproximaram e já queriam nos abraçar. Fugimos delicadamente. À noite, assistimos à música ao vivo no próprio hotel. Misturamo-nos aos jovens. Dançamos, nos divetimos; eu, de shortinho e miniblusa; Júlia, de minissaia e bustiê.


Segunda:
Fomos a Trancoso, praia ao sul, vinte quilômetros de automóvel. Tomamos um táxi e combinamos a volta para o final da tarde. O motorista fingiu não se surpreender ao reparar sob nossas cangas transparentes os menores biquínis que trazemos. Após saltarmos, caminhamos durante trinta minutos até um lugar deserto. Ali não havia mais estrada, apenas vegetação nativa; o céu estava muito azul, o mar límpido e translúcido. Os raios de sol refletiam pontos luminosos na superfície da água criando efeitos semelhantes ao brilho de diamantes sob luz intensa. Um arrepio me correu todo o corpo ao observar a envolvente beleza. Mergulhamos. A temperatura alta da água do mar – que é característica nas praias de todo o Nordeste - faz que a gente se demore em banho envolvente e sensual. Não resistimos à tamanha sensação de liberdade: soltamos nossos laços e deixamos as pequenas peças flutuarem, como Júlia fizera na véspera; depois, ela achou melhor guardá-las junto aos nossos pertences, na faixa de areia. Nossos corpos nus com a água escorrendo pela pele bronzeada vez ou outra refletindo os raios dourados de sol encheriam de gozo um eventual observador. Éramos, sem falsa modéstia, deusas vivas esculpidas pelas mãos do mais refinado artista. Nesse momento, houve uma divertida complicação. Com o passar do tempo, começaram a surgir algumas pessoas; mantivemo-nos, a princípio, ocultas até o pescoço pela capa provisória e semitransparente das águas do mar; os primeiros caminhantes não deram por nossa presença. Mas, depois, alguém reparou que apenas nossos biquínis, acanhados e vazios, tomavam sol sobre nossas cangas (Júlia esquecera de escondê-los), então eles – eram dois homens –, aflitos, puseram-se à procura dos corpos femininos nus e fugitivos. Ao nos localizarem, aguardaram ansiosos que saíssemos de dentro d'água. Fiquei muito excitada e Júlia, gelada; depois, acenei a um deles. Quando se aproximou, fiz ao desconhecido a seguinte proposta: o endereço de onde estávamos hospedadas em troca ao menos da calcinha. Ele atendeu e trouxe de lambuja nossos tops.

À noite, houve show dos Paralamas, quase diante de nosso hotel, na barraca Axé Moi. Em todo Nordeste, essas barracas são verdadeiras casas de show sobre as areias da praia. Dançamos até as duas da madrugada enquanto a banda tocava sobre um palco gigantesco. No mexe remexe da multidão, fui beliscada e apalpada, mas não liguei. Beijei na boca três rapazes. A Júlia se perdeu de mim e apareceu no hotel somente uma hora após o fim do espetáculo. Mas contou casos surpreendentes. O mais interessante foi sobre o namorado que arranjou já no final da apresentação. Disse que ele se apressou em deslizar as mãos sob sua saia e surpreendeu-se com falta da calcinha. Para não falar que ela quase não a usa, disse que presenteou um admirador anterior, ainda durante o show. Segundo ela, não houve nada além de alguns beijinhos; marcou encontro com ele para o dia seguinte. Diz que não tem intenção de aparecer. Também demos bolo nos dois de Trancoso. Queremos nos divertir.


Terça:
Acordamos tarde, mais de onze. Café da manhã já encerrado. Fomos ao bar da piscina e comemos por nossa conta. Depois atravessamos para a praia. Mas dessa vez, caminhamos até a altura da barraca Toa Toa. Ali havia gente alegre e colorida. Entramos nas águas do mar e reparamos que era possível caminhar boa distância sem que o nível nos ultrapassasse a cintura. Quando nossos seios ficaram submersos, estávamos bem longe, e junto a poucas pessoas. Conhecemos dois senhores. São de Mato Grosso. Disseram que são fazendeiros. Tenho minhas dúvidas. Ficaram muito próximos e o que estava conversando comigo chegou a tocar-me os quadris. Devorava-me com os olhos, mas não acredito que funcionaria caso eu resolvesse baixar o biquíni. Acabamos por acompanhá-los em terra firme, no restaurante à beira-mar. Pagaram tudo que pedimos, queriam nos encontrar mais tarde. Júlia ficou de pensar, eu descartei, mas delicadamente. Ele percebeu que minha praia é frequentada por gente jovem.


À noite, mais música no hotel. Júlia bebeu duas Margaritas e arrastou um garoto, devia ter dezessete ou dezoito anos, para beira da praia. Eu permaneci e quando a música terminou fui dormir. Depois, eis o que ela me contou. O rapaz deu-lhe mais uma dose de outra bebida. Logo o álcool subiu. Foram para um lugar deserto e então ela – não sabe dizer se de propósito ou levada pelo excesso de bebida – começou a gritar descontrolada ante a um jovem atônito: "rasga minha roupa toda, me deixa nua, vai, atende, me rasga, me amordaça, me bate, me come, depois me abandona nua e amarrada, vai, por favor, anda, é só assim que eu consigo gozar". Segundo ela, seu par, inexperiente e atemorizado, fugiu desesperado. Ao reparar que estava só e tinha atraído a curiosidade de dois ou três casais que namoravam por ali, jogou o vestido sobre o corpo e correu para o hotel. Amanhã vai procurar as sandálias.


Quarta:
Enquanto eu voltava ao apartamento após o café da manhã, minha amiga foi até a praia em busca das sandálias. Lógico que nada encontrou. Às dez horas, decidimos ir a Arraial da Ajuda. Vesti um outro biquíni que trouxe na bagagem. É azul com motivos floridos em rosa; um pouquinho maior do que aquele que deixei flutuar em Trancoso. Júlia também preparou-se com cuidado. Sempre sai como se fosse conhecer o homem de sua vida. Desta vez, tomamos um ônibus. Embarcou nele também uma rapaziada alegre. Mais homens do que mulheres. Levavam instrumentos musicais e foram cantando e tocando até o ponto final, junto à estação da balsa. Atravessamos o canal em grande euforia. Cantamos algumas músicas baianas e alguns sambas cariocas. Após desembarcamos em Arraial, despedimo-nos deles. Em primeiro lugar, passeamos pelo centro. Queria comprar alguns presentes para os amigos. Observei o casario antigo, as lojas de lembranças, os bares e restaurantes; estes últimos já estavam funcionando, com muita gente bebendo cerveja. Um ou outro nos olhava com mais atenção. Não deixavam de nos lançar uma piada, ou alguma gracinha, às vezes até mesmo inteligente. Depois de percorrermos o pequeno comércio local, fomos à praia. O litoral se estendia da mesma forma, vistoso, azul e muito atraente. Resolvemos ficar logo em uma das primeiras barracas. Passamos o bronzeador, colocamos os óculos escuros e deitamos sob pleno sol. Depois de mais ou menos uma hora, entramos nas águas quentes daquele trecho de mar. Então, deu-se a aventura do dia. Três rapazes se aproximaram. Disseram-nos que eram paulistas. Estavam de posse de um pequeno barco a motor. Convidaram-nos a um passeio. Olhei para Júlia, que me retribuiu o gesto como se dissesse: "o que você decidir, estou de acordo". Voltei-me a eles e disse que iríamos. Queríamos levar nossos pertences, eles, porém, acharam melhor que os deixássemos na própria barraca, já que havia quem os guardasse. A embarcação não era grande, comportava três ou quatro pessoas, mas apertamo-nos os cinco. Foi um passeio muito agradável. Distanciamo-nos da costa de maneira prudente e quando nos aproximamos dos recifes, o rapaz que guiava desligou o motor; disse, a seguir, que todos mergulhariam, porque ali o mar é mais propício ao banho. E realmente era. A maré estava baixa e a água não era tão quente como junto à costa; produzia, porém, sensação deliciosa; não dava pé, mas nos foi possível bom divertimento. Todos mergulhávamos e nadávamos de volta ao barco. Quando desejávamos subir a bordo, era necessário que alguém contrabalançasse o peso, segurando do lado oposto. A seguir, surgiu outra pequena embarcação, com três pessoas. Desta vez, duas mulheres e um homem. Encostaram. Uma das mulheres me reconheceu; está hospedada em nosso hotel. Após nos cumprimentar, disse que fora a Trancoso e ficara decepcionada, não vira a praia de nudismo. "Nessa época de alta temporada, há muitos curiosos, muitas famílias, as pessoas quase que não tiram a roupa lá". Júlia não se conteve, exclamou: "nós tiramos, fomos lá na segunda-feira". As pessoas se excitaram. Primeiro a mulher, depois os rapazes. Quiseram saber todos os detalhes. O frisson aumentou quando contei a distração de Júlia, que fez os dois homens nos descobrirem nuas. Os rapazes começaram a nos olhar de outra maneira. Não resistiram e pediram que tirássemos a roupa ali também. Júlia me olhou sorrateira, eu disse rápida: "agora não há clima, essas coisas tem que acontecer naturalmente. E, além de tudo, quando chegamos lá, não havia ninguém, aqui há vários espectadores". Eles riram, depois uma das duas mulheres falou. "não tenho esse problema, mergulhou e quando veio a tona, lançou para dentro do barco primeiro a parte superior, depois, o biquíni. Os rapazes ficaram em silêncio por alguns instantes, em seguida mergulharam para junto dela. Após alguns instantes, sua companheira também arremessou barco adentro o pequeno traje. Então foi a vez dos rapazes; tiraram as sungas e nadaram nus. Júlia não resistiu por muito tempo. Apenas eu permaneci de biquíni e mesmo que pequenino sentia-me a mulher mais vestida do mundo. Não houve jeito: pelada uma, pelados todos. Mas juro, só tomamos banho, não permiti que ninguém me tocasse o corpo. Na despedida, marcamos encontro com todos para a noite do mesmo dia, haveria em nosso hotel show do J. Quest.


Durante o espetáculo, outra grande badalação. Dançamos a todo vapor. No final da festa, estava exausta. Não queria outra coisa a não ser uma boa cama. Encontrei as duas mineiras que conhecera no domingo; disseram-me, furtivas, que descobriram um meio de levar os namorados para o apartamento sem que entrassem pela porta da frente do hotel. Prometeram-me contar amanhã. Júlia só apareceu ao amanhecer, tinha viajado para curtir a natureza e se divertir, mas alega, e não sem razão, que sexo faz parte da natureza e também é diversão. Seu par? Depois me conta.


Quinta:
Dia tirado para descanso. Ao menos para mim. Permaneci no apartamento até as quatro da tarde. Depois, saí para comer. Às cinco, entrei em uma das piscinas. Muita gente bronzeada nas espreguiçadeiras. Axé-music rolava no quiosque do hotel; algumas meninas dançavam de biquíni. A mineirinha, recostada em uma das cadeiras, me acenou. Contou sobre o namorado e o fim de noite que vivera. "Ele é daqueles machões que segura com força, aperta, joga na parede e tudo mais", nesse momento sorriu, "de início, fiquei com medo, afinal o conheço há dois dias, mas logo percebi que não me queria mal, queria sim, me proporcionar prazer". Perguntei pela outra, "ela? Está lá no quarto com o seu; tiramos a sorte, ganhei a noite e ela ficou com o dia, depois vamos inverter", sorriu de novo e bebeu um gole de caipirinha. Convidou-me a ir com ela, a amiga e outros mais, ao centro; querem aproveitar a vida noturna da cidade. Concordei e prometi levar a Júlia.


No centro da cidade, há uma rua chamada Passarela do Álcool; nome pitoresco, porque possivelmente se imagina que há gente bêbada por toda a parte, mas não é nada disso. Trata-se de uma extensa rua, por sinal muito agradável, em que se enfileiram bares, restaurantes, lojas que vendem camisetas com motivos locais e lojas de suvenires. Há também pequenas barracas de bijuterias e outros objetos, como brinquedos artesanais. O que mais me chamou atenção foi a quantidade e diversidade dos bares e restaurantes, daí o nome da rua. Vi também algumas pequenas casas noturnas com música ao vivo, muito diversificada. Quem viaja a Porto Seguro pensando que vai encontrar apenas trios elétricos e música baiana está enganado; minha experiência a respeito da região é bem diferente. Caminhamos por toda a extensão da rua eu, Júlia e as duas mineiras com seus namorados baianos, até desembocarmos numa praça, que mantém a mesma paisagem da Passarela. Entramos por uma rua lateral e paramos em um dos bares. Um músico cantava "Você é linda", de Caetano; cantava e tocava muito bem. Eram mais ou menos dez da noite. Pedimos vários chopes e procuramos no cardápio a indicação de alguma comida gostosa. Como éramos seis, o local estava cheio e sobravam duas cadeiras à nossa mesa, duas mulheres se aproximaram e pediram para sentar junto a nós. Eu e Júlia começamos a conversar com elas enquanto as mineiras namoricavam. Uma delas falou: “Viemos de Goiânia para tomar banho de mar”. A mais falante nos disse que é médica, se não me engano pediatra, a outra, não pude saber em que trabalhava. Estavam felizes porque fizeram vários passeios e também porque conheceram várias pessoas, dentre elas dois homens com quem haviam marcado encontro para mais tarde. Falaram muito neste assunto. Disseram que eles tinham casa alugada em Taperapoã. Mencionamos que estamos hospedadas próximo àquele local. Elas acabaram nos convidando para acompanhá-las, porque eles tinham pedido que trouxessem mais algumas pessoas. Júlia me olhou de soslaio, sua fisionomia demonstrava aprovação. Agradeci, mas disse que precisava descansar. À meia noite e meia deixamos o restaurante, o lugar fervia de gente. As mineiras com seus pares se despediram e embarcaram num táxi; nós, em outro, junto com nossas recém conhecidas, já que elas ofereceram carona. Durante o trajeto insistiram que as acompanhássemos ao encontro. Júlia concordou, mas eu mantive-me irredutível. Quando chegamos ao local onde elas saltariam, os homens – eles eram jovens – as estavam esperando. Ao verem a mim e Júlia, mostraram-se muito animados. Falei que só aproveitara a carona; eles, então, também insistiram para que eu permanecesse. Disseram que tinham preparado um pequeno coquetel, que não fizesse tal desfeita. Acabei cedendo. A casa era grande e confortável. Na parte posterior, havia um gramado iluminado por alguns spots; podia-se perceber uma convidativa piscina ao centro; algumas árvores nativas cercavam o local. Entre os fundos da casa e a piscina, estava arrumada com requinte uma mesa comprida. Ali havia frios, pastas, diversos tipos de queijos e pães. Para beber, três garrafas de champanha e duas de vinho. Descobri um pequeno freezer junto à porta dos fundos com cerveja, água e refrigerante. O que em definitivo me seduziu foi uma pequena mesa lateral, que abrigava doces típicos e abacaxi em calda. As mulheres disseram que precisavam relaxar. Mergulharam. Só que inteiramente nuas. Os rapazes continuaram conversando com elas e conosco, agiam com se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo. Abriram uma das garrafas de champanha. A médica e a amiga saíram d'água em pêlo, com muita naturalidade, seguraram suas taças e todos brindamos. Depois, entre dois tipos de carícia: a brisa da madrugada e a água morna da piscina, escolheram pela última. Júlia, inicialmente surpresa, em alguns segundos se refez e mergulhou, também nua. Os rapazes entraram, mas não foi ainda aí que se despiram. Relutei durante uns bons quinze minutos, mas depois, sem alternativa, acabei cedendo. Saudaram-me com entusiasmo. O que aconteceu daí em diante, queridos leitores que me acompanham nesses dias de férias, fica a cargo da imaginação de cada um de vocês. Só mais uma coisa: lá pelas tantas, enquanto eu relaxava em uma das espreguiçadeiras junto a uma das bordas da piscina, senti alguém derramar sobre meu corpo uma espécie de creme, era a calda do doce de abacaxi. Fingi que cochilava enquanto a mão hábil me lambuzava.


Sexta:
Eis o mais interessante desse dia: às duas da tarde, estávamos na praia, vestira novamente meu menor biquíni e tomava sol com o bumbum para cima, poucas pessoas passavam pelo trecho que escolhemos, fugíamos um pouco das grandes barracas. De repente, surgiu um rapaz que se ofereceu para me tatuar. Disse que era tatuagem de hena. Como me achou simpática, deixaria quase de graça. Fizemos negócio. Mostrou-me diversos modelos. Olhei todos, depois falei: "o que desejo como tatuagem não é nenhum desses modelos." Ele me olhou surpreso. Continuei: "quero que você faça sobre meu bumbum a tatuagem de um minúsculo biquíni, menor que esse aqui." Ele me olhou muito assustado. "Como assim?", parecia não entender. Reafirmei: "quero como tatuagem um mini biquíni fio dental". Retrucou: "nunca fiz tatuagem assim, mas vou tentar". Soltei os lacinhos e puxei a peça para debaixo de meu ventre. Ele começou a fazer o desenho. Com o bumbum de fora ainda brinquei: "não vai tremer, viu?". Respondeu: "pode deixar, dona, sou profissional". Júlia, que estivera dentro d'água, reapareceu. Como já conhece minhas loucuras, olhou para minha bunda e depois para mim. Deitou para se bronzear sem dizer nada. Quando o rapaz terminou, perguntou a ela: "Vai querer também?". "Não, obrigada", respondeu. Ele disse que eu esperasse um pouco antes de entrar na água. Paguei e ele se foi. O desenho ficou ótimo. Na verdade, era o menor traje de banho que eu já vestira, mas só possuía a parte de trás. Passado o tempo, olhei para um lado, para outro, me levantei e entrei no mar. Foi uma sensação ótima. Permaneci dentro d'água durante um bom tempo. Quando saí, dirigi-me ao mesmo local e deitei novamente sempre de bumbum para cima. Entrei e saí da água mais duas ou três vezes. As pessoas que passaram nem notaram a diferença. Depois fomos embora para o hotel. Sobre o corpo, apenas a canga. À noite, fomos ao luau da Barramares. Havia ali uma confraternização. Muita música, muita paquera. Tomamos, cada uma, duas caipirinhas. Dançamos, mas não ficamos com ninguém.


Sábado:
Resolvemos ir a Coroa Vermelha. Aproveitamos a praia. Almoçamos camarão. Bebemos algumas cervejas. Não fizemos nenhuma arte. Antes de voltarmos, visitamos o local onde se supõe ter sido celebrada a primeira missa, depois fomos conhecer a aldeia dos Pataxós. Diante daquela grande cruz de concreto, não pude deixar de refletir: há quinhentos e seis anos, ao fincar mastro naquele lugar os portugueses cometiam o primeiro estupro na terra recém-descoberta. Daí em diante, violência sobre violência, extermínio sobre extermínio, até restarem apenas alguns poucos nativos, como estes que moram em pequenas casas com antenas parabólicas, como a menina índia em trajes típicos sobre a saia jeans, que me vendeu na praia um pente de pau-brasil. Não somos nós as pervertidas.


À noite, no ponto de ônibus, enquanto pensávamos como aproveitaríamos nossa última noite em Porto Seguro, duas adolescentes – deviam ter quinze ou dezesseis anos – nos perguntaram se tínhamos fogo. Júlia lhes ofereceu o isqueiro. A mais nova acendeu o cigarro, a outra pronunciou um sonoro palavrão. Como aquilo nos causou surpresa, pediu desculpas e disse: "estamos muito aborrecidas, nossos namorados nos abandonaram". Foi então minha vez: "meus amores, alegrem-se, foi a melhor coisa que podia ter acontecido a vocês". A mais velha franziu a testa e me olhou desconfiada. Perguntou: "como assim?” Olhei para Júlia, que sorriu, depois me voltei à surpreendida jovem: "basta que nos acompanhem para que vocês se arrependam de terem namorado um dia alguém por duas horas seguidas.” Acabamos todas rindo. "Olhem, lá vem o ônibus", foi a vez de Júlia dizer alguma coisa. Embarcamos, nós e as duas quase meninas. Só para resumir, naquela noite houve de tudo: barzinho, chope, caipirinha, refrigerante e pizza (elas não bebiam e tinham predileção por massas ­- ah, essas jovens!); houve uma boate, uma casa de forró, flertamos com variados homens e rapazes. No fim da madrugada, dançamos coladinhas com outros jovens na festa de uma barraca próxima ao hotel. Já perto do amanhecer, Júlia inventou de tomar banho de mar. Tirou toda a roupa e entrou na água sob os olhares assustados das meninas. Depois, foi a minha vez. Não demorou e elas também apareceram. Temiam que alguém lhes roubassem as roupas deixadas sobre a faixa de areia. "Procurem aproveitar a vida, não é sempre que se tem uma oportunidade dessas", tentei relaxá-las. Às primeiras manchas do vermelhas do céu, corremos para nossos pertences, vestimo-nos e nos apressamos para o hotel. As duas estavam muito felizes. "Puxa, não pensei que nos divertiríamos tanto, vocês tinham razão, ainda bem que aqueles caras não apareceram!", disse Clarice, a mais nova. Antes de nos despedirmos, passei nossos números e endereços eletrônicos a elas. "Entrem em contato, venham nos visitar", convidei. Elas nos abraçaram e nos beijaram. Depois, a mais velha falou: "vocês é que sabem viver!".


Domingo:
O avião decolou na direção do oceano. Da pequena janela pude apreciar em primeiro lugar o litoral sul; depois que fez a curva, o norte. Agora, voamos continente adentro. Vamos para São Paulo. Temos lá alguns amigos. Continuaremos a nos divertir. Um grande beijo a todos.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Divertimento

Verão, sol, praia, biquininho.

Deito-me sobre a canga, me bronzeio.

Um rapaz passa, pára, me observa. Disfarço, procuro uma revista. Ele estaca, sorri. Mal disfarço, correspondo. Ele vem, se aconchega. Muda admiração, mudo contentamento.

Um cigarro?

Não fumo.

Uma cerveja?

Não bebo.

Um sorvete?

Obrigada.

Longo silêncio. Ao fundo, barulho de domingo, ajuntamento.

Desfiamos uma conversa. Ele, duas palavras; eu, uma. Eu, uma indagação; ele, uma exclamação.

Um mergulho?

Vamos.

Corpos molhados, água escorrendo, mútuo deslumbramento. O mar nos revela. Deslizamos por nossas mãos. Ele ri, eu me divirto. Atracar em portos, marear de corpos. Tocar de mãos, apalpar de tesão.

Faço menção de escapar. Ele tenta me segurar. Doce resvalar. Simulamos um apartar. Dou impulso, escorrego, escapo. Sinto um desatar.

Em suas mãos, meu rastro: o biquininho.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Taça de champanha

Certa vez conheci um homem especialíssimo. Cada encontro com ele era criar asas e voar junto às águias em seus vôos migratórios. Eis instantes dessa travessia.

No momento em que estava em seus braços, dissolvia-me, era substância calcinada por líquido de temperatura mais elevada. Minhas entranhas se queimavam, eu era percorrida por arrepio que me fazia ansiar a nudez total. Quando alguém me explorava suave o corpo, sempre deixava que o invasor, numa cumplicidade tácita, me libertasse da última peça. Mas em momentos de pulsar explosivo, em que era arrebatada, presa fácil de êxtase cintilante, ápice de percurso que queria para sempre, despia-me por minhas próprias mãos. Depois deixava que meu sedutor me conduzisse num vôo de curva íngreme e arriscada, no qual alçaríamos altitudes impensadas, como dois Ícaros de asas temerosas, até mergulho talvez fatal, cuja curva só seria possível às aves de grande porte, que voam distâncias imensas e são capazes de manobras arriscadas, capazes de flertar com a própria morte e daí tirar uma espécie de gozo. Seus dedos alados me tocavam então o corpo, me arremessavam na direção de nuvens plenas de eflúvios eólicos, de gazes solares ora tépidos ora úmidos, que me salpicavam a pele de gotículas portadoras de mel olímpico. Queria continuar trafegando nos limites do prazer, beirar a cidadela do orgasmo, sem que este me tomasse de assalto. Queria prolongá-lo como nosso vôo. Não haveria aterragem, não seria possível. No momento, porém, em que não mais podia suportar tamanha excitação, em que não tinha mais capacidade de evitar erupção violenta e alucinada, me transformava em lava incontida. Ele pedia-me então que agachasse. Obedecia. Agachava-me, encolhia-me. Ele empurrava taça de champanha por sob minhas pernas. "Mulheres não ejaculam", eu tentava balbuciar envolvida em extremo gozo. "Ejaculam", rebatia certeiro, "basta que se soltem". Soltava-me então. Era salto no escuro, quase fatal, guiada por luz única prateada, perdida, luz que orbitava nos confins da criação. Era chegado o momento, ali eu não mais sentia o corpo, era quase nuvem que se evolava; era mergulho que me impedia ver se havia mar a amparar-me, rocha a despedaçar-me ou se me precipitava no vazio eterno; quando ia nos meandros de tamanho transbordamento e me deparava com a impossibilidade de regresso, liqüefazia-me, expelia substância viva ora translúcida ora leitosa; sentia pulsar de volta o coração, estava de novo no planeta após longa jornada, alguns séculos em frações de segundos... Era o momento de lhe entregar a taça. Ele, vitorioso, a tomava nas mãos, saudava e, enfim, bebia-me.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Fiquei sem

Kelly, você não sabe o que aconteceu comigo ontem aqui na praia!

O que foi, Mona?

Algo surpreendente...

É?

Você nem vai acreditar.

Então conta, vai, desembucha.

Eu nunca gozei tanto na vida!

Gozou aqui na praia? Você tá brincando...

Gozei, vou te contar.

Então conta, de repente eu gozo também.

Foi o seguinte: tinha um cara me paquerando...

Mona, isso não é novidade.

Mas dessa vez foi diferente, escute só; ele ficou me olhando, se aproximou e começou a conversar comigo.

Então você gozou?

Não, Kelly, calma, escuta; depois de papo pra cá, papo pra lá, resolvemos dar um mergulho.

E aí?

Aí, é que lá dentro d’água, onde não tinha quase ninguém, nós ficamos coladinhos um ao outro.

E isso foi suficiente para tamanho gozo?

Não, calma, ainda não acabei; continuamos coladinhos, ele começou a deslizar a ponta dos dedos pelas minhas costas, pela minha cintura, até que tateou os lacinhos do meu biquíni, desse aqui mesmo.

Não imagino que foi isso que fez você gozar...

Foi quase isso, um pouquinho mais; ele continuou com os dedos ali por um tempo até que num gesto rápido os desfez e me deixou nua, a calcinha foi parar nas mãos dele.

E você deixou?

Quando notei, ela já havia escapado, então aconteceu.

O quê?

O gozo; senti a água gelada no lugar que antes era o da calcinha, aquele pedacinho de pano nas mãos de um desconhecido... Pensei que ele poderia desaparecer me deixando ali daquele jeito, nuinha. Então senti mais uma vez um gozo como nunca tive, você acredita? Foram duas vezes.

Acredito.

E olha que hoje eu já tentei de novo, mas não consegui.

Tentou de novo? Como assim?

Tentei de novo, só que sozinha; entrei na água, tirei a calcinha, mas não gozei, acho que o que me fez gozar foi o gesto inesperado dele, e o risco que eu passei de não ter a calcinha de volta; ai, só de pensar eu me arrepio toda, como foi bom!

Mona, vou te contar uma coisa que nunca falei pra ninguém, você promete guardar segredo?

Prometo.

Promete mesmo?

Prometo, vai, conta logo.

Isso também já aconteceu comigo, só que não foi aqui na praia.

Foi aonde?

Foi num baile de carnaval.

Num baile de carnaval?

É, daqueles de antigamente, no Monte Líbano.

Como foi?

Um rapaz ficou me assediando, até que se aproximou demais e eu não consegui escapar; a gente dançava em um camarote, e eu só vestia a parte de baixo, assim de lacinhos, como o seu; ele agiu da mesma forma, acabei aceitando a brincadeira; só que o final foi diferente.

Como foi?

Em primeiro lugar: gozei três vezes, uma a mais que você; e não foi só porque meu biquíni estava nas mãos de um desconhecido; e em segundo: fiquei sem, acabei a noite peladinha.

Ai!

O que foi, Mona? Tá sentindo alguma coisa?

Não, não, mas conta de novo.

Contar de novo? Por quê? Você não entendeu?

Entendi; entendi e gozei...

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Margarida nua

Data: Sab. 17 Set 2005 03:05:34 Assunto: estou nua De: marg_57a@yahoo.com.br> Para: celiasma@...com.br>
estou na festa da tob's, ocorreu um problema, peço que venha rápido e me traga roupas, pegue-as com a cristina, consegui falar com ela pelo celular, depois te conto o que aconteceu, as cinco horas a boate fecha, temo não ter o que vestir, não posso voltar pelada pra casa, teu celular está desligado, deixei mensagem de voz e enviei torpedo, não demore,
marg

Data: Dom. 18 Set 2005 15:43:30 Assunto: re estou nua De: celiasm@...com.br> Para: marg_57a@yahoo.com.br>
Creio que houve algum engano. Recebi sua mensagem, mas não conheço você, ou conheço? Espero que tenha resolvido o problema!
Um beijo,
Célia

Data: Seg. 19 Set 2005 l9:51:03 Assunto: rere estou nua De: marg_57a@yahoo.com.br> Para: celiasm@...com.br>
Claro! Ou melhor, começando pelo final: resolvi em parte. Não nos conhecemos, é verdade. Naquela hora da madrugada eu estava tão nervosa, que troquei uma letra do endereço. Agradeço sua atenção.
Beijos,
Marg

Data: Ter 20 Set 2005 20:14:03 Assunto: rerere estou nua De: celiasm@...com.br> Para: marg_57a@yahoo.com.br>
Sei que a curiosidade mata, mas será que dá pra você me contar o que aconteceu? Sabe, é difícil a gente receber uma mensagem dessas e não ficar morrendo de vontade de saber o desfecho.
Um beijo,
Célia

Data: Ter 20 Set 2005 22:14:37 Assunto: rererere estou nua De: marg_57a@yahoo.com.br> Para: celiasm@...com.br>
Ai, que transtorno! Não você, é claro, mas o acontecido. Ainda estou um pouco traumatizada. Será que você pode aguardar uns dias? Aí, eu conto tudinho. Não conheço você direito, mas acho que você vai ficar excitada! Por enquanto, porém, ainda morro de vergonha!
Beijinhos,
Marg

Data: Qua 21 Set 2005 21:15:35 Assunto: rerererere estou nua De: celiasm@...com.br> Para: marg_57a@yahoo.com.br>
Ai, assim você me mata! Mas aguardo. Espero que você esteja bem. Pode deixar que eu entro em contato.
Um beijo,
Célia

Data: 26 Set 2005 22:12:43 Assunto: rererererere estou nua De: celiasm@...com.br> Para: mailto:marg57a@yahoo.com.br>
Hei, tudo bem? Será que agora você me conta?
Um beijo,
Célia

Data: 27 Set 2005 23:15:23 Assunto: estou nua De: marg_57a@yahoo.com.br> Para: celiasm@...com.br>
Agora já posso contar. O fato até está na rede! Leia lá, você vai ficar excitadíssima! http://margarida57.blogspot.com/, o título é Festa especial.
Beijos,
Marg

Data: 28 Set 2005 22:14:15 Assunto: re estou nua De: celiasm@...com.br Para: marg_57a@yahoo.com.br>
Querida Marg, que história deliciosa! Me convida para essa festa, será que posso ir? Só de pensar fico toda arrepiada. Será que vou ter coragem de fazer aquelas coisas? Não estou acostumada... Mas falta uma coisa. Minha curiosidade ainda arde. Como você fez depois que perdeu o vestido? Me conte, por favor.
Um beijo,
Célia

Data: 29 Set 2005 23:35:42 Assunto: rere estou nua De: marg_57a@yahoo.com.br> Para: mailto:celizsm@...com.br>
Se você quiser participar dessa festa, mando um convite. É uma festa particular. Só entram convidados especiais. Sobre o vestido, ou a falta dele, faço sua curiosidade arder mais um tantinho: o que você faria se estivesse no meu lugar?
Beijos,
Marg

Data: 30 Set 2005 21:14:34 Assunto: rerere estou nua De: celiasm@...com.br> Para: marg_57a@yahoo.com.br>
Ai! Você assim está me maltratando. Imagino muitas situações, queimo toda por dentro. Ah! Antes peço que me envie o convite. Vou! Tomei coragem. Sempre há a primeira vez para participar de algo desse gênero. Mas voltando. Se eu estivesse no seu lugar, pediria ajuda a alguém!
Um beijo,
Célia

Data: 01 Out 2005 23:14:56 Assunto: rererere estou nua De: marg_57a@yahoo.com.br> Para: mailto:celizsm@...com.br>
Oi, querida! Que bom que você quer participar da festa. O convite vai anexo. Basta que você o imprima. E, sobre aquele assunto, foi o que fiz. Pedi ajuda!
Beijos,
Marg

Data: 02 Out 2005 20:44:51 Assunto: rerererere estou nua De: celiasm@...com.br> Para: marg_57a@yahoo.com.br>
E ajudaram você? Como? Não falhe dessa vez! Ou morro.
Um beijo,
Célia

Data: 03 Out 2005 20:56:42 Assunto: rererererere estou nua De: marg_57a@yahoo.com.br> Para: celiasm@...com.br>
Ajudaram, amor. O fato foi o seguinte: ... . Será que lhe provoquei arrepios após lhe contar esse desfecho? (A vocês que me lêem: sinto-me envergonhada em tornar pública essa passagem, mas àqueles que não se contentam com a imaginação estou disposta a relatar por e-mail o que aconteceu)
Beijos,
Marg

Data 04 Out 2005 21:14:15 Assunto: rerererererere estou nua De: celiasm@...com.br> Para: marg_57a@yahoo.com.br>
Obrigado, espero conhecer você na festa! Um segredinho: após o ponto de interrogação da sua última mensagem, você me provocou mais do que arrepios; fui sacudida por ligeiro tremor, me senti como se mergulhasse nua numa piscina de creme ao encontro de homem robusto e também nu! Que orgasmo maravilhoso!
Um beijo,
Célia

Festa especial

Recebi de um homem quase desconhecido o relato que vai a seguir. Segundo o texto, sou a deusa morena com quem seu autor... Bem, é melhor vocês mesmos lerem; beijos para todos os meus fãs.

Eu tinha terminado um relacionamento havia pouco, estava sozinho, sentia que precisava me divertir. Ia ao Centro com freqüência, reparava os bares e restaurantes sempre cheios após o dia de trabalho. Queria ir a alguma boate das imediações, mas temia que fossem casas de prostituição. As prostitutas, por mais que saibam representar, nunca me agradaram. É difícil a satisfação quando o sexo é pago. Soube, através de um conhecido, de uma boate que funcionava nas cercanias. Ele me disse que havia muitas mulheres bonitas lá, principalmente às quartas, que era o melhor dia. Não eram pessoas para namorar, nem para convidar e levar para casa, mas para distração. Elas não são prostitutas, ele assegurava, freqüentam o local por divertimento.

Na quarta-feira seguinte, após me informar sobre o horário de funcionamento da casa noturna, cheguei ao local em torno das 22 h. Fui recebido com muita educação. Entrei e reparei que o número de pessoas ainda era pequeno. Havia muitas mesas, que ocupavam um grande salão. A luz era baixa, o ambiente requintado e aconchegante. No fundo, vi a pista de dança. Era exígua. Algumas luzes piscavam num rodopio alegre e uma música ritmada procurava animar os recém-chegados. Pedi uma cerveja e permaneci sentado a uma mesa, bem junto à pista. Aguardava melhor momento.

Em uma das mesas do lado oposto, observei algumas mulheres. Eram louras. Vestiam de preferência vestidos claros, reparei que eram bem curtos. Chegaram a me olhar algumas vezes. Depois de alguns minutos foram para pista. Pude então distinguir com mais precisão a pequenez e transparência de suas roupas. De uma delas até desconfiei de que não trazia calcinha por baixo daquela fazenda delicada. Sutiã nem pensar, não era objeto de uso daquelas beldades.

O tempo foi passando, as pessoas chegavam em maior número e com mais animação. O público feminino era bem maior. Não esperava ver tantas mulheres vestindo tão pouca roupa. Desfilavam minúsculos shorts, vestidos transparentes, mini-saias que mais se assemelhavam a estreitos cintos, bumbuns à mostra. Algumas vestiam roupas de lingerie preto, deixavam à vista a pequena calcinha e o também minúsculo top. Quando alguma delas trazia um vestido mais longo, logo se via que era aberto ao meio de maneira exagerada. A música se tornou mais agitada, quase ninguém conseguia ficar parado. Os garçons avançavam e recuavam trazendo bandejas com diversos tipos de bebida.

Após a uma hora da madrugada, a bebida subiu e a temperatura também. Era possível apreciar muitas mulheres namorando de modo muito extravagante com pessoas que acabavam de conhecer. Não tinham pudor algum. Diversas moças, apesar do intenso ar-condicionado, tinham se livrado de blusas ou tops e mostravam os seios, com muita naturalidade. Na pequena pista, quando alguma luz esporádica refletia num raio mais extenso, viam-se mulheres apenas de calcinha. Eu já estava por demais excitado e me aproximei para dançar. Logo uma delas se chegou a mim. Sorria, roçava meu corpo, quase nua. Reparei que junto às mesas e cadeiras, muita gente dançava, se espremia, tocava corpos, com sensualidade. E as mulheres iam, pouco a pouco, se desfazendo das poucas peças de roupa, até que descobri algumas totalmente nuas. Elas eram explosões de partículas estelares cristalizadas em pedras preciosas que refletiam o brilho de um sol perdido nos confins do universo. A que ficou comigo me beijou na boca, enfiou a mão por dentro de minha calça e agarrou meu pênis. Depois disse arranca minha calcinha, arranca. Estava meio desconcertado, porém puxei as frágeis tiras com violência e a pequena peça se desmanchou em minhas mãos. Ela me levou para um local mais afastado, procurou um vazio entre pessoas que se agarravam e transavam, encostou na parede e pediu que eu a penetrasse. Foi ótimo. Fiz de tudo para segurar a tesão. Ela dizia não goza agora, deixa pra gozar na minha boca. Depois virou de costas e pediu para que eu a penetrasse por trás. A transa assim também foi maravilhosa. Eu quase delirava. A música era rápida, as luzes piscavam revelando e ocultando aquela quantidade grande de pessoas nuas, ela se agitava, gemia, me acariciava. Quando pareceu gozar mais uma vez, pegou meu pênis e enfiou na boca. Fazia de conta que saboreava um manjar delicado, enquanto se mantinha, gulosa, embaraçada a ele. Acabei gozando após alguns minutos. Ela se mostrava extasiada. Depois que terminamos, me levou para dançar mais uma vez. Uma outra mulher se aproximou, falou alguma coisa no ouvido dela. Ela me apresentou a amiga e pediu licença. Deixou-nos juntos na pista. Esta era morena, ainda estava vestida. Sussurrou então num de meus ouvidos puxe as pontas do lacinho que está segurando meu vestido, aqui atrás, no meu pescoço. Fiz o que ela pediu. O vestido se soltou e escorreu até o chão - permaneceu tal qual água vertida, poça ao pé de Vênus recém lavada por chuva de cristais -, revelando no piscar de luzes prateadas alternadas com luzes de outras cores seu corpo inteiramente nu, sem pêlo algum. Durante algum tempo, ficou agarrada a mim, depois curvou-se, tomou nas mãos o tecido frágil e estendeu-o sobre o encosto de uma cadeira vazia. Dançamos juntos. Tudo que aconteceu antes, com a primeira, se deu novamente e ainda de forma mais intensa.

No final da noite, embora minha atuação já não fosse a mesma, ainda tive fôlego para me deleitar com uma terceira. Era loura de cabelos curtos, pequena, tipo mignon. Uma gracinha. E o que tinha de mais interessante eram os seios. Já apareceu nua na minha frente. Assim que gozou, desvencilhou-se rápida. Disse que ia atrás do pequeno short e de blusa que vestia no início da noite. Eu não tinha mais pernas para ficar de pé, tudo tem limite, pensei. Quando percebi que a festa se aproximava do fim e as mulheres desapareciam, umas vestindo-se ligeiras, outras ainda procurando por suas roupas, pude reparar o vestido da deusa morena, esquecido sobre a mesma cadeira. Tomei-o nas mãos, apreciei-o durante breves segundos, escondi-o, a seguir, dentro da camisa e me dirigi ao caixa. Entreguei meu cartão, paguei a conta e parti. Já que elas não eram mulheres para namorar nem para levar para casa, ao menos teria em minha cama, naquela madrugada, o perfume de uma delas.

Nua, de salto e bolsa a tiracolo

Numa dessas noites quentes, estava eu debaixo de meu namorado, em sua casa, numa cama imensa e confortável. Ele percorria-me o corpo nu, tocava nos pontos mais sensíveis. De repente, sussurrou no meu ouvido vai lá fora, na rua, pelada. Pelada? retorqui. Sim, pelada, nua, sem roupa alguma. Nuazinha? ainda repeti. Sim, nua reafirmou ele. Mas se alguém aparecer? Não vai aparecer ninguém a essa hora assegurou. Confesso que a sugestão me atingiu em cheio. Senti um susto de prazer. Era uma nova dimensão, alvo além de meu próprio corpo, que eu descobria e que passou a me enfeitiçar. Deslizei de debaixo dele para a beira da cama, sentei, juntei os joelhos aos seios e me pus a pensar na nova situação. Meu coração ia aos saltos. Imaginei-me nua do lado de fora, eu ansiosa batendo à porta, que ele logo abrisse para eu me atirar em seus braços, ainda trêmula mas molhada de gozo. Não, é perigoso falei em voz baixa. Tem medo?, logo você que se diz corajosa, que enfrenta qualquer dificuldade... revidou. Realmente, eu me dizia mulher destemida. Mas nua, do lado de fora da casa, era demais. Apesar do calor que me tentava, havia dentro de mim uma pontinha de temor que ameaçava transbordar sobre a constante coragem. Vou afirmei sem querer perder a pose. Pus-me de pé. Senti ligeira contração numa das pernas, mas não demonstrei. Caminhei em direção à porta da rua. Espere aí ele falou, calma, vamos fazer a coisa com esmero. Voltei a ele, meu corpo nu reluziu à luz de um abajur que ficara aceso na sala, a luz prateada produziu contorno quase translúcido à pele branca de meu corpo; num jogo de sombras me vi lançada de uma parede a outra. Num pequeno espelho, que servia de adorno, meus cachos escorreram. Espere, vamos fazer uma coisa melhor falou. Fez-me subir sobre sapatos de salto alto. Depois, ajeitou-me ao ombro a correia de uma bolsa a tiracolo. Em seguida, penteou minha pequena púbis. Só, então, levou-me até a porta. Beijou-me. Com voz baixa e sensual, pronunciou em um de meus ouvidos você vai bater, eu vou abrir, você entra me pedindo ajuda, me conta uma história, vamos representar. Atravessei a porta um tanto trôpega, mal disfarçava. Mas ia de cabeça erguida. A porta se fechou atrás de mim. A luz da rua era fraca, senti um vento frio acariciar-me a pele. Por instinto, cobri os seios com as duas mãos. Meu corpo nu era fonte de água cristalina que refletia o piscar das estrelas sobre flores ainda virgens. Pensei no que ia dizer... Eu era uma desconhecida que batia à porta de um homem também desconhecido, completamente nua, de salto e bolsa a tiracolo. Imaginei a história que ia contar. Confesso que era uma boa história, mas... Após aguardar três intermináveis minutos, bati uma vez, ninguém veio atender. Depois bati duas, três vezes. Esperei. O tempo transcorreu vagaroso. Cinco, dez minutos. Uma eternidade. Qualquer ruído que não viesse de dentro da casa me assustava. Então, aconteceu o que eu tanto temia: um carro parou na frente do prédio e dele saiu um homem. Sem conseguir me dominar, com minhas carnes num saltar involuntário, ainda tive tempo de me abaixar junto à mureta da escada. O homem entrou apressadamente, passou a meu lado, mas não me viu. Levantei e retomei à pose anterior. Achei que meu namorado demorava para tornar a brincadeira mais excitante. Ele não me deixaria ali, pelada, pelo resto da noite. Respirei fundo, recompus-me, lembrei de novo a história que ia representar. Mais confiante, bati novamente à porta. Mas..., ele não abriu.

Eu era rosa, ainda úmida, envolta nas últimas sombras da noite, rosa de pétalas frágeis, temerosa ante a ameaçadora incandescência do dia, cujas primeiras luzes já batiam à porta da casa vizinha...

O que aconteceu depois, se eu tiver coragem um dia conto. Uma coisa posso assegurar: meu namorado é o mesmo, até hoje!