sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Divertimento

Verão, sol, praia, biquininho.

Deito-me sobre a canga, me bronzeio.

Um rapaz passa, pára, me observa. Disfarço, procuro uma revista. Ele estaca, sorri. Mal disfarço, correspondo. Ele vem, se aconchega. Muda admiração, mudo contentamento.

Um cigarro?

Não fumo.

Uma cerveja?

Não bebo.

Um sorvete?

Obrigada.

Longo silêncio. Ao fundo, barulho de domingo, ajuntamento.

Desfiamos uma conversa. Ele, duas palavras; eu, uma. Eu, uma indagação; ele, uma exclamação.

Um mergulho?

Vamos.

Corpos molhados, água escorrendo, mútuo deslumbramento. O mar nos revela. Deslizamos por nossas mãos. Ele ri, eu me divirto. Atracar em portos, marear de corpos. Tocar de mãos, apalpar de tesão.

Faço menção de escapar. Ele tenta me segurar. Doce resvalar. Simulamos um apartar. Dou impulso, escorrego, escapo. Sinto um desatar.

Em suas mãos, meu rastro: o biquininho.

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