Passáramos toda a noite juntos, meu namorado e eu. Estávamos na ponta da praia, em Geribá. Sutis manchas num dos lados do céu anunciavam a despedida da noite. Eu, só de calça jeans justíssima, de sapatos de salto, mas sem a blusa, que ficara no carro. Era desejo dele me ver seminua. E eu bem que gosto de andar assim. Passeávamos olhando o mar, distantes de qualquer marco da civilização. Em algum momento tirei os sapatos e, segurando-os em uma das mãos, pusemo-nos a caminhar sobre as areias da praia indo até a beira d’água. Ele me abraçou, me beijou, apertou-me junto a seu corpo musculoso. Ficamos ali parados, a namorar, por muitos minutos. Quando a manhã já ofuscava o piscar das últimas estrelas, caminhamos na direção do calçamento.
“Vou pedir a você mais uma coisa.”
“Pois, peça, sou toda realização.”
“Quero acreditar”, falou.
“Peça; prometo cumprir.”
“Então, ouça, vou pegar o notebook no carro, quero que escreva agora uma história para mim, desse jeito que você está.”
“Mas não consigo escrever com ninguém olhando.”
“Dou umas voltas enquanto você escreve.”
“Vais me deixar sozinha?”
“Sozinha e nua. E quero a história em tempo real.”
“Tempo real? Mas sou tão perfeccionista...”
“Você prometeu que cumpriria meu pedido. Volto após ler a postagem.”
“Está bem, vou tentar; mas onde você vai enquanto escrevo?”
“Dou umas voltas.”
Foi ao carro, apanhou o computador, entregou-mo, beijou-me e se foi.
Bandido, não é que foi passear de carro e me deixou aqui de peito de fora?
Aí vai a história.
"A Beatriz quis fazer uma surpresa para seus amigos e amigas; como adora festas e vinha prometendo uma especial desde o ano passado, resolveu reunir o grupo que não se encontrava havia algum tempo. Convidou todos para passar o domingo em sua casa. A casa da Bia é ótima, há um espaço enorme, e divertimentos para todos os gostos. Mas logo que fomos chegando ela alertou, principalmente a nós, mulheres: 'meninas, comportem-se, haverá hora para tudo'.
Tomamos banho de piscina, bebemos, comemos, cantamos, dançamos e, depois das quatro, apresentamos um espetáculo especial.
A idéia que ela teve surpreendeu não só a eles, mas também a nós.
Vestimos nossos menores biquínis e nos preparamos para enfrentar umas às outras numa piscina cheia de gel. Era como se diz por aí, luta no gel. Tiramos as duplas e fizemos um trato. Cada combate duraria no máximo dois minutos. Ganharia a que conseguisse fazer a oponente entregar os pontos. Acredito que ao assistir a lutas desse tipo, todo homem gostaria de ver uma das competidoras arrancando o biquíni da outra. Mas combinamos que, caso isso acontecesse, a participante seria desclassificada.
Nunca imaginei o que poderia ser esse tipo de enfrentamento. Fiquei melada até as entranhas. Meu biquíni entrou todo e a todo o momento eu tinha que esconder um dos seios. Ganhei a primeira e a segunda luta, mas na terceira, caí de bruços e fui imobilizada de uma forma que cheguei a engolir gel. Então fui derrotada. Lutar nessas condições nem adianta ter noções de qualquer tipo de artes marciais, porque o principal problema é que não há onde se apoiar. Somente quando se derruba a rival e se está por cima é que se tem alguma condição de agir. Mas logo a situação pode se reverter, com a outra pessoa escorregando e pulando sobre você. Os rapazes gritavam, excitadíssimos.
Quando tudo acabou, estávamos tão meladas que os convidamos para nos tentar segurar. Uma das moças ainda disse: 'isso não vai dar certo'. Lógico que a primeira coisa que eles pensaram foi tirar nossos biquínis. Uma vez que estávamos escorregadias, a ação deles não se deu com tanta facilidade. Depois de algum tempo, com o corpo já ressecado em alguns pontos, tudo se tornou mais fácil. Aí, pouco a pouco, nos deixaram nuas.
A casa da Bia fica num condomínio fechado e, além disso, um muro alto de hera impede que estranhos observem quem está no quintal. É lógico que, com todas as mulheres peladas, pode-se imaginar o que aconteceu. Mas ninguém reclamou; tanto para eles quanto para nós, foi um domingo muito divertido. E prazeroso."
Meu Deus, já passam das seis, e meu namorado não volta. Uma pessoa já apareceu, distante ainda, mas pouco a pouco se aproxima. A única coisa que posso fazer é sentar, abraçar o notebook, juntar os joelhos pontudos e recuar os calcanhares até que toquem minhas nádegas.
Mas não faz mal ser surpreendida. Pensando bem, azar é o dele que não volta. Dizem que quando uma mulher é flagrada nessas circunstâncias, significa boa fortuna.
Que, então, venham! O desconhecido e a fortuna!
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