“Amor, fecha essa janela, já está claro, as pessoas do outro prédio vão me ver aqui pelada.”
“Não há ninguém lá, ainda é cedo, todos devem estar dormindo.”
“Fecha, amor, alguém pode estar olhando por trás da cortina.”
Tudo começou na madrugada. Depois de duas horas num bar, tendo bebido dois martinis com maçã e meu namorado alguns chopes, viemos para a sua casa.
Começamos então nossas brincadeiras. Ele tirou toda a minha roupa, e cada vez que eu tentava me tapar com alguma coberta ele a roubava de mim. Por fim, tirou até mesmo o lençol que forrava a cama, não tive mais onde me esconder. Namoramos então exageradamente.
“Amor, por favor, fecha pelo menos a cortina e me deixa dormir mais um pouco.”
“Diga que você gosta de ficar nua, você adora correr o risco de ser surpreendida peladinha...”
“Gosto, mas não quando estou morrendo de sono, você sabe que durmo até mais tarde.”
“Lembra quando quis sair nua no meu carro?”
“Lembro, amor, mais eram duas da madrugada, estava tudo escuro, agora não, me deixa dormir.”
“Lembra quando entrou na lagoa, nua, só a luz do quiosque ao longe?”
“Amor, eram três da manhã, não tinha uma viva alma por perto.”
“E quando você fez toda aquela encenação, bateu na minha porta completamente nua?”
“Mas era também de madrugada, e você me deixou dormir até as dez ou onze, por favor...”
Fechei os olhos, fiquei com o bumbum para cima, virei a cabeça para o canto da parede. Dormi.
Algum tempo depois, ele me sacode.
“O que foi dessa vez? Juro que vou embora, vou dormir em casa, e não volto mais.”
“Só se você for embora pelada.”
“Amor, deita aqui comigo, esqueça essas histórias, à noite juro que represento as fantasias que você quiser.”
“Jura, mesmo?”
“Juro, amor, mas fecha a cortina.”
Acordei três horas depois. Havia um recado escrito a lápis de que ele tinha ido comprar comida. Escrevera mais um aviso:
“Não se vista, por favor, me espere nua.”
Como ia me vestir? Esse meu namorado taradinho sempre esconde minhas roupas. O máximo que consigo é encontrar uma camiseta dele, vesti-la e sentar no computador para me distrair enquanto ele não chega.
Escrevo um pequeno poema no mural de um amigo surfista, no Facebook:
As ondas me levam ou eu as dirijo? Fico em pé e sei que lá da areia algumas pessoas me apreciam...
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