terça-feira, maio 31, 2011

A gente se encontra qualquer dia desses

Para uma mulher, se a relação sexual é de camisinha é muito melhor. Não suja nem há perigo de problema algum, como gravidez ou doença. Tenho amigas que hesitam em namorar de camisinha. Querem que o namorado exiba exames de sangue de três em três meses. Prefiro a camisinha. Posso sair com quem quiser e nem me preocupo. Já houve vezes em que eu mesma levava a camisinha na bolsa. Quando percebia alguém interessado em mim e via que a relação iria além de uma simples conversa, perguntava: “trouxeste a camisinha?” Caso ele não a tivesse, apresentava-a eu.

Sabe-se que hoje em dia o sexo vem em primeiro lugar; depois, o amor. Quando é boa a trepada, é mais fácil a gente se apaixonar. Há amigas que me contam que conheceram um homem em uma festa e ficaram doidinhas para transar com ele na mesma noite, mas não o fizeram porque não encontraram o lugar apropriado. Meu problema não é o lugar. Para trepar sempre se dá um jeito. Já fiz amor em cada lugar que vocês nem imaginam. Mas é preciso que ele tire seu sexo de dentro da calça e vista a camisinha. Caso contrário, nada feito. Quero uma trepada limpa.

Outro dia estava na Lapa. Apareceu-me um homem lindo, jovial, bem vestido, alegre, do jeito que gosto. Estava sozinho numa mesa de bar. Eu tomava uma caipirinha com uma amiga. Ele olhou para nós duas e sorriu. Nada falei à minha amiga. Sorri em retribuição. Em algum momento, fui ao toalete. Ao voltar, entregou-me um bilhete quando passei perto dele. Era o número do telefone. Pensei: está investindo, pena que não seja para hoje. Aparentemente teria de me conformar. Não queria abandonar minha amiga no meio da noite. Pensei como faria para que ele se juntasse a nós. Minha amiga não gosta de que desconhecidos se aproximem dela sem que alguém os recomende. Sei que vocês vão achá-la uma mulher conservadora. E ela realmente é. Pedi licença para dar um telefonema. Liguei para ele, duas mesas depois de nós. Falei baixinho:

“Ei, estás me ouvindo. Venha até aqui. Mas faça de conta que me conhece há tempos. Meu nome é Júlia, viu? Fique aqui com a gente. Assim minha amiga não vai ficar aborrecida.”

Ele veio. Fez um teatro imenso ao fingir que me reconhecia. Minha amiga ainda sussurrou:

 “Mas esse cara não estava sentado a duas mesas daqui?”

“Não reparei”, respondi com toda a inocência.

Ficamos os três juntos. Conversamos sobre vários assuntos. Ele trabalhava com produção cultural. Veja só que legal. Falava dessas coisas em plena Lapa, e já passavam das duas da madrugada.

Em determinado momento, minha amiga fez menção de ir embora. Não pedi que ficasse mais um pouco. Tinha de acompanhá-la até em casa. Mas disse a ela o seguinte:

“Espera um instantinho? Vou mostrar a ele o sobrado aqui ao lado onde há um atelier. Cinco minutinhos, tá?”

Puxei o homem pelo braço. Entramos no sobrado. Estava aberto, mas vazio. Logo depois da porta de entrada há um vão à direita. Puxei o homem para lá.

“Queria acompanhar vocês, ficar mais tempo com você, principalmente.”

“A gente fica”, falei a ele, “mas minha amiga está com problemas, saí com ela para que se distraísse. Amanhã prometo que te ligo."

Agarrei o homem, beijei-lhe a boca. Ele me apertou, puxou meu corpo para bem junto do seu, encostou seu sexo em mim. Eu vestia um vestido reto e curto.

“Você tem camisinha?”, perguntei.

“Mas, aqui?”, falou baixinho.

“Se você quer deixar para outro dia...”

“Está bem, tenho.”

Tirou da carteira a camisinha, virou de costa. Quando voltou, já estava com o pênis dentro dela. Pênis grande aquele. Daí em diante, vocês já sabem o que aconteceu.

“Você passou dos cinco minutos”, disse minha amiga ao me ver voltar sozinha.

“Foi porque ele precisou de uma embalagem.”

“Embalagem?”, perguntou curiosa.

“Decidiu fazer um investimento.”

“Ah, sim, ele é produtor cultural.”

Pegamos um táxi. Deixei-a em casa.

Ainda bem que aproveitei aquela madrugada, porque perdi o número do telefone dele. Mas, quem sabe, a gente se encontra qualquer dia desses.

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