quinta-feira, maio 26, 2011

E foi na mesma noite

Lena telefonou e me contou uma história engraçadíssima. Ela tomou um ônibus ontem na Tijuca, sentou ao lado de um homem de meia idade. Segundo ela, um senhor de aparência muito respeitável. Ela sorriu, pediu licença e quando ocupou o lugar junto à janela seu telefone tocou. Atendeu. Era a Maria Clara, lembra dela? Aquela que trabalha no BC e adora sair depois do expediente para tomar chope e conversar. Lena começou a contar à amiga um fato que lhe aconteceu na noite anterior. Vou tentar reproduzir suas palavras:

“Clara, ontem a Vânia me apresentou um homem, muito agradável por sinal. Mas não é que no final ele veio com aquela conversa de querer me levar para um lugar mais sossegado onde pudéssemos ficar a sós e conversar melhor... Disse que compraria pelo caminho uma garrafa de vinho. Falou que eu era uma graça, mulher perfeita para ele. Veja só, como eu ia sair com um homem que conheci naquela mesma noite? Não tenho nada contra ele, confesso que até gostei, estava bem vestido, sua conversa era interessante. Eu disse: hoje não dá, amanhã tenho que acordar cedo, vamos marcar para outro dia. Ele ficou insistindo, insistindo... Mas tive de dizer, determinada: nesta noite não posso, tenho um compromisso amanhã de manhã.”

Interrompo aqui as palavras de Lena para te dizer o seguinte. O cara que estava ao lado dela no ônibus começou a ficar interessado na conversa, acho que sintonizou melhor o ouvido e ficou escutando o que ela contava à amiga; depois, deu um ligeiro sorriso. Lena só pra provocar continuou falando do dito homem, das qualidades dele, e repetia que lhe negara a saída na mesma noite.

Continuava Lena:

“Ele já me telefonou duas vezes hoje, precisa ver como fala comigo. Acabei marcando para sairmos amanhã. Vamos ver onde isso vai dar.”

Enfim, desligou e reparou que o passageiro ao lado continuava a sorrir e aparentou que diria alguma coisa. Mas acho que ficou sem jeito. Ela pensou “se ele me abordar, dependendo da conversa correspondo, e se me chamar para descer do ônibus, aceito, tanto que seja para ir a algum bar perto de casa. Mas apenas para bater papo, porque se acontecer como o da noite anterior, tenho uma desculpa: você está me fazendo esse convite porque ouviu meu telefonema, não foi?” Lógico que ele ia responder que não, nada a ver com o telefonema, o importante era ela, uma bela mulher etc.

Mas, na verdade, o que aconteceu é que o homem saltou muito antes, na rua Riachuelo – o ônibus ia da Tijuca para o Jardim Botânico – e nossa amiga continuou até as Laranjeiras. Ele não lhe dirigiu palavra alguma durante o percurso em que estiveram juntos. Lena disse que naquele momento ficou um pouco decepcionada. Depois pensou, puxa, será que não gostou de mim, dei até um sorrisinho.

Ao saltar em Laranjeiras, porém, o homem a esperava no ponto:

“Como é possível, você desceu na Riachuelo!” falou alto sem pensar.

“Quis fazer uma surpresa”, e trazendo à frente uma das mãos ofereceu-lhe uma orquídea.

O que aconteceu depois? Ah, imagina! E foi na mesma noite.

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