quinta-feira, junho 14, 2012

Olímpica

Queres todo o serviço, não? Conto, com vagar e pouco a pouco. Nada deixarás de saber.

As mulheres adoram andar nuas. Verdade. Pode aparecer alguma que o negue. Mas mente. Todas amam a pele apenas, e ao arrepio.

Já saí nua sentada no banco do carona. Na primeira vez, lógico que tremi, transpirei, o ventre e as pernas molhados de suor. E nem era verão. Mas, depois, com uma ponta de gozo, a excitação súbita, veio a compensação. Só o sapato e uma bolsa mínima, imagina. Saí do carro, sim. Saí do carro assim... Tremes só em pensar, juras? Mas como foi bom, nua e sob o sereno, amar.

Há namorados mais conservadores. Alguns me querem de vestido. Derradeira peça a me cobrir. E como gelam ao acariciar-me a pele. Sutil, não?

E houve aquele que me levou embrulhada num grosso casaco de peles. Apenas coberta pelo pano pesado e o liso forro a roçar meu corpo leve, nada mais. Se ele roubou-me o agasalho? Claro, que mais poderia levar?

Já dirigi também vestida apenas pelo carro. Saia e blusa de metal e vidros. Estes, pouco transparentes. Percorri 15 km ao encontro do amante.

Se já corri nua surpreendida pelo sol, finda a madrugada? Várias vezes. É meu o recorde olímpico!

Lembrei também aquele que me fez esperar quinze minutos ante à porta da rua. Batia, batia e ele, nada. E eu, nua!

Sempre em público, sempre externa, nada mais me surpreende. Achas as mulheres loucas? Os homens muito mais! Aguentam-se as suas loucuras e se terá o namorado perfeito.

Mas sinto que tu me queres pelo avesso. Aonde vais com a câmera? Já me desces o liso  ventre. Poucos meus pelos pubianos, constatas; na verdade, quase nulos. Mas me invades com a extremidade fria do vitral!

Queres filmar-me por dentro? Oh, você, nunca vi nada igual! Avança, com vagar, mas avança. Assim já alcanças.

Olhas no monitor? Aprecia! Tão comprido o mar... Vê, logo hás de nele mergulhar.

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