quinta-feira, março 21, 2013

De biquíni e de bicicleta

Não posso voltar pra casa depois do anoitecer, vou passar vergonha, falo.

Que vergonha, nada, você está gostando, não? Pois fique até amanhã.

Amanhã?

O que tem? Você é uma pessoa adulta.

Mas deixei a bicicleta lá embaixo.

Quanto a isso, não se preocupe, eu resolvo.

Estou nua na cama de um namorado que arranjei nesta mesma tarde.

Você é muito bonita. Quando a vi pedalando na orla, logo disse a mim mesmo: não posso perder esta mulher.

Quando passei por ele, também o admirei. Ele, um quarentão de porte atlético, caminhava. Na volta, reparei que estava quase no mesmo lugar. Fez sinal para eu parar. Obedeci. Meus poros exigiam. Depois, não poderia ser diferente, a conversa de sempre. Nossos corpos se falaram, sabíamos que se entenderiam. Acabei indo com ele. Primeiro aceitei tomar uma coca-cola, após um quarto de hora o segui. Atravessamos a Atlântica, entramos na primeira transversal, bem ali no posto 5. Chegamos ao prédio onde mora. Subimos. Último andar, uma espécie de cobertura. Que paisagem linda. O  mar, as ilhas, o  outro lado da baía, acho que um pedaço das praias de fora de Niterói. Fiquei na amurada a apreciar. Ele veio por trás, me abraçou, e eu só de biquíni, como estava na praia sobre a bicicleta. Trouxe uma dose de uísque. Tomei um pequeno gole. Ele ficou com o copo na mão, abraçado a mim. Deixou que eu apreciasse a vista por muito tempo, depois entramos no apartamento. Daí em diante, o  amor. Rapidinho, eu mesma me despi. Ele, demorado, me acariciou Tem experiência em toques e abraços.

Finda a tarde, e eu preocupada.

Nunca voltei de biquíni de noite pra casa.

Não se preocupe, fique até amanhã, caso queira ir mais tarde, empresto uma camisa.

Empresta, mesmo?

Claro. Empresto e levo você em casa.

Você me deixa experimentar? Quero escolher a melhor camiseta. Que caia como um vestidinho.

Faça como quiser. Posso levá-la de automóvel. Guardo a bicicleta pra você.

Não, não precisa. Volto sozinha. Quero apenas uma blusa. Mas quem sabe, só pra amanhã de manhã. E se chover.

Ele ri e, de novo, escorrega para dentro de mim.

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