“Quero comprar alguma coisa”, sorri, um sorriso que
foi quase um beijo.
Ele devolveu-me o beijo. Entramos numa loja famosíssima. Cada
peça cara! Quem sabe faria uma surpresa à mulher bela que ia ao seu
lado?
Experimentei saias, vestidos e uma calça comprida. Comprei
tudo o que provei. As roupas acompanharam tão bem as curvas do meu corpo, uma
beleza. O preço? Não preciso falar, digo apenas que, para o amor, nada é tão
caro. Meu amigo estendeu a mão no momento em que fomos ao caixa.
“Deixe por minha conta, um presentinho”, agora suas as palavras, e mais do que um beijo.
Sorri, abracei-o e retribuí-lhe o beijo.
Adiante, mais uma loja. Dessa vez, de blusas. Aventurei-me já de braços dados, um casal de namorados; ou melhor, de noivos; ou, talvez, de recém-casados.
Cada blusa linda! Várias as cores, vários os modelos:
curtas, barriguinha de fora; compridas, mangas três-quartos; frente
única; decotada; e houve até um top, quase um sutiã. Adivinhem. Difícil? Claro
que não. Comprei todas, inclusive o top.
Andamos ainda pelos corredores do shopping. Paramos num
pequeno quiosque para comer bolo de laranja. Que bom gosto tem esse meu recente
amigo! Gosta de bolos. O mesmo gosto que eu. Ouvimos várias canções,
brasileiras e americana, canções que nos fazem flutuar pelo ambiente. Antes de chegarmos ao estacionamento, acho que já me tornara sua mulher. Então, ele me
falou.
“Quero-lhe fazer mais uma surpresa.”
Tirou a carteira do bolso, pegou duas notas de cem, dobrou e
as colocou no bolso traseiro de minha calça jeans.
“Que é isso?”, achei engraçada a brincadeira.
“Algo mais que estou comprando pra você, mas não digo agora.”
“Adoro mistério”, falei e me dependurei no seu pescoço.
Taquei-lhe um beijo na boca.
Saímos ainda a passear pela cidade. Já anoitecera.
“Vamos à minha casa?”, convidou-me. “Tomemos uma taça de
vinho.”
“Adoro vinho”, sorri. Um sorriso que foi outro beijo.
Resumo a história.
Que casa linda a do meu namorado. Logo ao entrar,
despenquei num estofado maravilhoso. Uma sala de móveis imponentes. E lá veio
ele com o vinho e alguns minis sanduíches.
Abraçou-me, e foram muitos os beijos. Depois sussurrou juntinho ao meu
ouvido:
“Vou deixar você peladinha.”
“Vai?”, continuei agarrada a ele.
“Peladinha, peladinha.”
“Que bom!”, palavras de uma mulher eufórica.
“Hoje você é toda minha.”
“Sou toda sua”, repeti.
“E aquela surpresa, lembra? As notas de cem.”
“Sei, o que tem elas?”
“É pra você. Mas significa que comprei também essa roupinha
que você traz sobre o corpo, ok?”
“Ok”, eu disse, mais um beijo na boca, mais um beijo
estalado nos seus lábios.
“Mas vai deixá-la aqui em casa. Uma simpatia, sabe? Quero que você volte outras vezes. Está bom assim?”
“Está ótimo”, arfei. “Deixo a roupa, deixo o que você
quiser. Só te peço uma coisa.”
“Peça, estou aqui para lhe satisfazer”, sorrisos e brilhos
no rosto dele.
“Me come, vai. Me come. Estou morta de tesão!”
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