Havia pedido que eu usasse o vestido justo e curto.
“Esconder o que se é, é fingir o que não somos.” Assim, a função da roupa que
uso não é a de me cobrir, mas de salientar o meu corpo, as minhas curvas plenas
de volúpia. Palavras dele.
“Você é fogo, viu, fiquei morrendo de vergonha, ir daqui de
Copa até Mesquita de trem com esse vestidinho apenas, os homens todos a me
olhar, até achei que algum deles ia me agarrar”, sussurrei no seu ouvido
enquanto ele fazia carinho nos meus seios.
Mas preciso explicar. Sou secretária desse senhor. Faço todo
o serviço doméstico e de rua. Acabei me deixando seduzir. No começo, por causa
do bom salário; depois, porque passei a gostar dele. E o homem adora que eu
vista roupa curta, no escritório e na rua, sozinha ou ao lado dele.
“Com essa roupa, estou chamando muito a atenção; assim, acho
que alguém vai me roubar de você.”
“Não vai, não”, retruca, “o que é do homem o bicho não come.”
“Não come? Não tenha tanta certeza disso. Minhas amigas
trocam de namorado como trocam de calcinha.”
Ele ri.
“Mas você não vai agir assim.”
“Não acha melhor que eu me mostre nua só pra você?”
Ele, porém, apenas manifesta um ligeiro movimento de cabeça,
a princípio parece concordar.
“Quando você vem com esse vestidinho de malha, colado ao
corpo, nem fala, morro de tesão. Acho engraçado você ficar o tempo inteiro
esticando a barra do vestido.”
“Foi você quem me deu de presente. E mais uma coisa, a
partir de agora vou deixar o vestido subir.”
Adoro quando estou trabalhando sozinha e ele chega de
repente. Me abraça e me beija, aperta o seu tórax contra o meu, passeia as mãos
pelas minhas costas, vai descendo, até que para sobre o meu bumbum. Então, faz
uma massagem muito gostosa ali. Caso eu esteja de vestido, não demora a enfiar
as mãos por baixo do pano.
“Estou em horário de trabalho”, finjo-me aborrecida.
“Trabalho?”, repete.
“Isso mesmo”, reafirmo. “Você sabe que adoro trabalhar.”
“Pago a você o dobro para me namorar.”
“Nada disso”, replico, “Você sabe que só namoro por amor.”
Esse meu namoradinho... Se fosse outra tiraria todo o
dinheiro dele, mas não tenho coragem.
“Vamos fazer assim”, sugiro, “trabalho durante o dia, amor
durante a noite,” tento colocar ordem no caos.
Mas sei que ele não vai aguentar, quero dizer, nem eu.
Sinto um calor. E lá vem ele a levantar a minha saia. E lá vou eu a fingir que
não estou a fim. Mas não demoro a entregar o ouro. Assim, não há trabalho que
renda.
Agora estou aqui esperando por ele. Disse que voltaria logo.
Querem saber mesmo aonde ele foi? Numa loja linda que há aqui embaixo. Quer me dar um vestidinho novo de presente.
“É melhor você me dar o dinheiro, prefiro eu ir, assim
experimento.”
Mas ele não aceita, quer ter o prazer de me trazer a roupa.
“Como você vai saber se cabe em mim?”, ainda faço a última
investida.
Olha então pro meu corpo.
“Levo este que você está usando como modelo, cai tão bem no
seu corpo.”
E lá foi ele, o meu vestidinho numa bolsa. E cá estou eu,
peladinha, a esperar por ele!
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