Faz algum tempo, eu queria tirar a moral das histórias;
hoje, acho que o importante é contar uma boa história, apenas isso. Foi então
que ele veio com a ideia do celular. Eu nua e ele falando que fez uma coisa
engraçada com o celular da ex-namorada. Como, uma coisa engraçada?, eu quis
saber. Ela estava nua, assim como você agora, e com o celular na mão, ele se
pôs a contar...
... Achei engraçado ela atender a ligação e dar uma desculpa
esfarrapada para o homem que estava do outro lado da linha, quem sabe se
tratava do marido dela. Como você já percebeu, não pergunto sobre esses
assuntos. A postura da mulher era de algum charme: em pé, de costas para mim,
uma das mãos com o celular no ouvido, a outra na cintura. Depois que desligou,
dei a ideia, vamos colocar o seu celular num saquinho plástico. Para quê?, ela
perguntou como num rápido reflexo, não vai dizer que você vai querer... As
reticências foram dela. Isso mesmo, respondi, você adivinhou. Não trocáramos
palavra alguma sobre o que ela pensara nem sobre o que eu iria sugerir, mas a
nossa língua era a mesma. Sentou na cama e entregou o aparelho a mim. Só não
quero que, caso ele toque, você atenda, advertiu. Não, não vou atender, melhor,
não vamos atender, assegurei. Levei o telefone e voltei com ele dentro do
saquinho plástico. Adivinhe o que fizemos? Não, não precisa responder nem ficar
tão assustada. Enfiei o celular no saquinho. Quando acabei, ela já estava
deitada. Abriu as pernas e falou pronto, agora é com você. Num tempo em que reina a
tecnologia, trepei com ela de celular enfiado na vagina. O pior de tudo, ou o
melhor, não sei dizer, é que o telefone tocou. Ela gritou deixa tocar, deixa,
deve ser ele, vamos gozar primeiro. E gozamos. O telefone tocando e vibrando
junto com o meu piru dentro dela.
Ele acabou de contar e olhou do modo frontal para mim. Gelei.
Será que pretendia fazer o mesmo comigo? Ainda nua movi-me um tantinho na
cadeira, balancei um dos pés; de pernas cruzadas, puxei a coxa direita um pouco
mais para cima. Sorri, enfim. Ele, para não alongar o constrangimento, disse
longe de pensar que vou pedir para você fazer isso. Ainda bem, respondi, mas
acho que a mulher fica muito desvalorizada quando os homens propõem situações desse
gênero, acrescentei. Mas ela é uma mulher de outro nível, ele tentou se salvar,
e no fundo a proposta foi dela, também acrescentou.
Ele ligou o som. Encerramos o assunto e ouvimos a música.
Era uma canção americana, quase um folk. Ele tem bom gosto para essas coisas.
Depois, fomos para cama.
Após me levar em casa (esqueci de dizer que estávamos na
casa dele), já sozinha, tentei enfiar o telefone na minha vagina, a mesma
atitude que ele fizera à ex-namorada. Aqui entra a questão que escrevi lá no
começo, a minha antiga necessidade de tirar a moral das histórias. Eu dissera que as mulheres saem diminuídas
com tais atitudes, e era eu mesma que, naquele momento, introduzia o celular em
mim. Fui, então, ao telefone da casa e liguei para o meu número. Confesso que
me arrepiei quando ouvi o som da campainha; afinal, eu emitia um som distante.
Era como se o telefone soasse em algum lugar da casa e eu não soubesse onde ele
estava. Mas aconteceu algo ainda melhor, a vibração do aparelho me trouxe de
volta ao meu corpo. Senti intenso prazer.
Nos dias que se seguiram, toda vez que meu namorado
telefonou demorei a atender. Até que ele perguntou a razão de tanta demora.
Você deve imaginar onde estava o meu celular, respondi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário