segunda-feira, junho 01, 2015

A bebida de cor vermelha

“Vou a M. na próxima quinta, quem sabe  seja possível um encontro?”, ao escutar a voz de Mário, Deli arrepiou-se. Não sabia se era excitação ou certo desconforto. Havia lembranças que desejava esquecer. Mas a voz do homem, que chegava através do telefone, provocou-lhe um frisson difícil de controlar. Suspirou, chegou a respirar fundo e acabou dizendo que sim, ia ver se seria possível o encontro. Depois de guardar o telefone na bolsa, avaliou mais uma vez as perdas e ganhos de ter de novo aquele homem ao seu lado. Afinal, o ex-namorado, com seu jeito de conquistador experiente, ainda lhe fazia bater forte o coração, era impossível esquecer suas investidas furiosas, o modo como ele a segurava no momento do abraço e de seu vigor durante o sexo. Recordava também os passeios com ele nas cercanias da cidade, dos banhos de mar em praias distantes e desertas. Ele a estimulava, e ela tornara-se ousada, como na manhã em que correra nua do carro de Mário até às águas da praia, dera um belo mergulho e nadara ao natural durante boa parte do dia. Lembranças é que não faltavam. Havia uma que sempre lhe fazia sentir um friozinho na barriga. Foi numa madrugada de temperatura baixa, ela resolveu sair do automóvel em que iam os dois, pediu que ele parasse o carro e saltou apenas de casaco. O tal agasalho mal lhe atingia a cintura. Ao voltar ao carro ele lhe disse que as roupas dela haviam desaparecido. No final, uma boa trepada. E, agora, o telefonema, ele viria na próxima quinta-feira. Comeriam uma pizza, era uma boa ideia, e no restaurante preferido de ambos.

Deli gostava dos fatos no passado, as lembranças sempre são melhores, dizia a si mesma. Por isso, tempos depois, escreveu o encontro com Mário. Leria-o sempre; tanto mais o tempo passasse, melhor.

Eram seis e meia da noite, encontrei-o à porta da faculdade onde ele trabalhou durante muitos anos. Entrei no seu carro e ele dirigiu à orla marítima. O ar estava fresco, a temperatura convidava a encontros.

Você tem problemas de horário?, perguntou.

Não, nenhum problema.

Ele sorriu e percebeu que eu abria várias portas.

Já no restaurante, vi uma mulher duas mesas adiante tomando uma bebida de cor vermelha. Perguntei ao garçom o que era. Campari, respondeu. Pedi a bebida. Meu acompanhante, que tomava um chope, olhou-me surpreso, logo eu que me negava a bebidas alcoólicas. Começamos a colocar a conversa em dia. O tempo foi passando e a cada gole eu tornava-me mais faladeira, contei tudo que acontecia na cidade, sobre as pessoas amigas e sobre mim. Acabou surgindo o assunto sobre meu marido. Falei o que devia e o que não devia. Quando reparei, a bebida estava no fim. Repeti a dose.

Saímos do restaurante passavam das dez.

Onde você quer ficar?, perguntou.

Não quero ficar, ou melhor, quero passear. Por falar nisso, lembra dos nossos passeios? Estiquei o braço esquerdo e toquei o seu ombro. Pôs o carro em movimento, contornou toda a orla e entrou na rodovia estadual.

Pare ali, no acostamento, pedi.

Ele obedeceu. Enfim, desligou o carro. Envolvi-o num longo abraço. Como bom conquistador, abraçou-me e nada falou.

Quero uma coisa, eu disse.

O quê?

Acho que não preciso entrar em detalhes.

Mergulhei direto no pênis de Mário. Abri sua calça e o coloquei inteiro na boca. Ainda nem estava rijo quando o introduzi, mas pouco a pouco seu volume foi aumentando até atingir minha garganta. Eu o chupava de todos os modos, numa gulodice de fazer inveja. Fui tão habilidosa que ele não demorou a gozar. Não deixei escapar  uma gota sequer, engoli tudo demonstrando um ar de sacana que só eu sei representar. Ele demonstrou que ainda tinha fôlego para uma trepada. Tirei toda a roupa e saltei sobre o seu ventre. Ficamos naquele local até depois de meia noite.

Ainda estava nua quando pedi para que ele dirigisse. Mário ligou o automóvel e o pôs em movimento. Pouco a pouco foi aumentando a velocidade. Antes de chegar à rodovia federal, pedi que parasse novamente.

Quero saltar, falei.

Ele nada disse, apenas me beijou e sorriu.

Desci do carro, levava apenas o telefone, a pequena bolsa e a sandália. Sempre achei muito deselegante andar descalça. Dei a volta pela frente, curvei-me à janela do motorista e o beijei, a seguir disse a ele:

Pode ir.

Ele não demonstrou surpresa. Beijou-me mais uma vez, acelerou e partiu.

Depois daquela madrugada não mais atendi seus telefonemas. Tenho certeza de que deseja me encontrar de novo, e também saber como me virei para chegar nua em casa. Gosto de fantasias, da imaginação... Mas deixo registrado aquele final de madrugada.

Telefonei a meu marido. Ele sabia das minhas aventuras pretéritas com Mário, inclusive a história da estrada. Na ocasião em que contei, nada falou, mas percebi sua excitação no momento do sexo. Revivia o episódio e lhe oferecia de presente. A bebida de cor vermelha dera-me coragem.

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