O difícil é convencê-lo. Como posso deixar você assim, quase uma da madrugada e num lugar tão deserto?, nervo puro o homem. Desde o começo avisei que não daria explicações sobre isso, rebato, e tem mais uma coisa, lembra que aceitei a sua
aproximação, deixo você realizar o seu desejo, sempre nos encontramos duas
horas antes e ficamos muito à vontade. O
homem respira fundo. Teme que me aconteça algo ruim. Não vai acontecer nada,
fique tranquilo, uma mulher bonita tem sorte, depois de amanhã
estaremos juntos de novo, você vai poder invadir o meu corpo, como gosta de
dizer. Ele fica sério. Toma a sacola nas mãos sem mostrar muito jeito,
aponta sem saber como agir. São roupas, digo já sem paciência, nunca viu roupa
de mulher?, depois de amanhã pego de volta, cuida porque são roupas caras, e
tudo está pelos olhos da cara. Ele acaba aceitando. Entra no carro, mas demora a
dar a partida. Bato duas vezes na lataria da porta. Não o vejo, mas faço sinal que se vá. Assim que o carro desaparece, sinto aquele friozinho no
estômago, comum nessas situações. Ao longe faróis anunciam a aproximação de outro
veículo. Da beira da estrada, pulo para dentro do mato, me agacho. Sei que não
é quem aguardo. Para uma picape. Desce um homem grande. Acho que desconfia,
talvez me tenha visto de relance. Meu coração acelera. Permaneço quietinha,
guardo até mesmo a respiração. Chego a suar. Dou com as nádegas na terra, entre
a vegetação. Se esse homem me encontra, já sei o que vai acontecer, penso,
ainda sem soltar o ar. Escuto som de água correndo, depois sinto o cheiro.
Xixi. Isso mesmo. O desconhecido urina quase ao meu lado. Ao longe ouço o som
de outro automóvel. Assim que passa, um cão gane. O ronco do motor anuncia a
partida do automóvel. O grandalhão se vai. Solto a respiração. Volto cautelosa à beira da pista. Limpo
com as mãos o naco de terra que me gruda às coxas e ao bumbum. Procuro o
perfume dentro da bolsa, mas faróis novamente se aproximam, e o alerta vem
piscando. É o sinal. Carlos para, abre a porta. Entro. Ai, você ainda me mata, pouso
as mãos sobre as coxas depois de beijá-lo. A questão deste é outra, quer saber
como faço para chegar nua até ali. Nada de perguntas, vamos aos fatos, declaro.
Então ele me leva a um hotel, desses em que se entra com o automóvel dentro da garagem do apartamento. Juntos tomamos banho. Carlos me ensaboa e eu passo as
mãos sobre o seu tórax. Quando voltamos ao quarto, tira da bolsa a garrafa
térmica. Ela contém água morna. Serve-me um grande gole num copo que há sobre o
frigobar. Encho a boca com a água. Está suave. Sento-me na cama. Ele chega o
pênis bem junto do meu rosto. Abro a boca. Deixo que deslize através dos meus lábios
até mergulhar no líquido tenro, que guardo entre as bochechas. Fazemos um sexo
oral delicioso. Seu pênis indo e vindo, banhado na água morna. Carlos se
extasia e não demora a gozar. Quando tira fora o sexo tapa-me a boca, pede que eu engula a água junto com a porra. Faço hum hum como sinal de aprovação.
Assim que vê os músculos do meu pescoço demonstrarem o movimento de deglutição me solta e corre a beijar minha boca. Deitamos e ele enfia seu sexo na minha
vagina. Quando está próximo o fim da madrugada digo a ele vamos, não tenho o
que vestir. Ele morre de tesão e me come mais uma vez, pleno de voracidade.
Saímos às cinco e quinze. Ainda predominam as sombras, mas à oriente se percebe alguma claridade. Quando chegamos a casa beijo o namorado, olho ambos os lados,
abro a porta do automóvel e corro. Amanhã você me conta como faz para vir nua
ao meu encontro, ainda o ouço. Ok, respondo, amanhã falamos sobre isso. Já
pensei também em começar por Carlos. Ser deixada na estrada depois da meia-noite
por ele e apanhada pelo namoradinho da matinê. Mas, desse modo, saberiam o
meu segredo. Logo, nada de vice-versa.
terça-feira, agosto 30, 2016
terça-feira, agosto 23, 2016
A calcinha ficou no bolso dele!
Ele sempre me pedia para eu vir com o vestido curto,
coladinho ao corpo. Eu não podia sair lá da Baixada, onde moro, tomar o trem
vestida, ou melhor, nua daquele jeito, os homens querendo-me despir com seus
corpos, beliscando minhas coxas e outras coisas mais. Iam me chamar de piranha,
vadia, vagabunda. Eu estaria a serviço de quem pagasse mais. Por isso o
vestidinho veio na bolsa, e eu de macaquinho, as pernas de fora, mas comportadas.
À tarde, encontrei com o namorado. Fomos a um hotel. Bonito o lugar, pode-se
dizer requintado. Ele gosta de conversar, de me abraçar, beijar, de ficar
agarrado comigo, quase inocente. Olhei o cardápio e telefonei pedindo um
lanche. Continuamos nosso papo e nossos toques. O lanche não demorou. Comi com
gosto. Ele apenas ficou olhando para mim, me apreciando. Quando acabei, ainda
esperei um pouco, sorri, fui até a janela e olhei lá embaixo. Depois voltei e
disse que ia ao banheiro. Demorei uns dez minutos. Tomei um banho, escovei os
dentes e vesti o vestidinho. Abri a porta e disse:
“Surpresa.”
Ele ficou realmente excitado. O vestido curtinho, coladinho,
subia quando eu dava alguns passos. Ao chegar perto dele, não deixei que viesse
logo me agarrar, não queria que colocasse as mãos por baixo do pano. Pelo menos
naquele momento. Fiquei um pouquinho distante. Desfilei. Só depois fui chegando
a ele, me encostando. O namorado me pegou pela cintura, me levantou.
“Não vou tirar o teu vestido, não, mas a calcinha.”
Me colocou no chão, deslizou as mãos pelas minhas coxas e trouxe
a pequena peça enroladinha, puxou até os joelhos, depois desceu aos tornozelos,
ultrapassou o calcanhar e a calcinha nas mãos dele. Guardou em um dos bolsos.
Tal ação me provocou arrepios. Há homens que adoram nos deixar sem a calcinha
não apenas no momento do sexo, mas também gostam de guardá-la com eles. ‘Depois
compro outras pra você’, dizem. Já tive namorados assim.
Mas este não ia roubar minha calcinha. Ele adorava meter em
mim seu grande pênis. Primeiro pediu que eu o chupasse. Quando me dei por
satisfeita, levantei a cabeça, deitei, ele veio me penetrar. No meio do
caminho, falou:
“Vamos fazer coisa melhor.”
Sentou numa cadeira, pediu que eu me aproximasse, que
abrisse as pernas, o vestidinho sobre o corpo, e que descesse e subisse várias
vezes sobre o sexo dele. Eu é que devia regular os movimentos, o nível da
penetração.
Uau, que delícia.
Não posso nem pensar. Deixei mesmo que ele gozasse dentro de
mim. Estava tão gostoso que não tive coragem de tirar. Ele cuidou para que não
sujasse o vestidinho.
“Você passeia comigo com o vestidinho?”
“Como pego o trem depois?, vão me agarrar”, retruquei.
“Fazemos assim, passeamos, depois vai ao banheiro do Mc Donalds
e troca pelo macaquinho.”
Concordei. Fomos ao passeio. Era fácil perceber todos os
homens a me acompanhar com os olhos. Não é só no trem que há tarados.
Anoiteceu, tomamos um suco no café da Cultura.
“Então, vamos”, pedi.
“Ao Mc Donald, que não serve só hamburguês”, ele completou.
Ri. No banheiro, ao vestir o macaquinho foi que lembrei:
onde a calcinha?
Na saída, nada falei, sorri, beijei-o e parti.
Quando cheguei a casa, lembrei: a calcinha ficou no
bolso dele!
Ah, deixa pra lá. O importante e que tudo foi muito bom. E o
vestidinho pronto para entrar em ação de novo.
terça-feira, agosto 16, 2016
Trinta minutos
Olha, Sirlene, o homem é bonito. Ela ria, três copos de cerveja, ria desbragada. Olha, Sirlene, vamos manter a compostura, modos, podemos desejar, mas discrição acima de tudo. Cruzou as pernas para o outro lado, a esquerda agora sobre a direita. Nas paredes, fotos de cantores, a música paga, jukebox. Quer ouvir de novo, Sirlene? Quanto a ficha? A mesma música mais uma vez, emoção. O homem de costas para o balcão olhava em linha reta. Não sei se a mim ou a ela. Sei que olhava, tenho certeza. Às duas? Talvez. Não, não, às duas não. Sirlene ria, olhou pra mim. Você gostou, hein?, eu disse, na verdade gosta de todos, cada semana um, ou todos ao mesmo tempo, não sei. Ela suspirou duas ou três palavras; quero pagar pra ver. Quatro palavras, afinal. Deixe que ele venha, não precisa avançar tanto, Sirlene, com dificuldade eles gostam mais, traçam planos, estratégias. Lembra a Emengarda? Sei que já está entrada em anos, Emengarda e o vestidão, mas eles não desistem, o que conta é o sorriso enigmático, eles não sabem se avançam ou esperam, se ela sorri pra eles ou pra dentro. Verdade, Sirlene, há mulheres que sorriem pra dentro, tudo pra dentro, isso mesmo, querem tudo ao avesso, não apenas o sorriso, o homem também, o homem pra dentro delas, o prazer assim é maior, o jogo demorado, às vezes a noite inteira, e Emengarda nua às quatro e trinta da madrugada, só tenho meia hora ela diz aos homens, tenho compromisso, eles fazem de conta que não entendem, mas ela goza, e como, lógico que eles também, mas ela não deixa que eles gozem primeiro, sabichona a velha, ou melhor, nem tão velha, madura, ou no ponto, sei lá. Não acredita, Sirlene?, por que então a mulher fica num bar até as quatro e trinta com um copo de guaraná?, além do gozo, a mulher não bebe, juro, nem uma gota, deixa pro gozo, sem bebida é mais intenso. Como sei disso? Lógico que não foi ela quem me contou. As paredes têm ouvido, Sirlene, aliás, têm olhos também. Não se trata de fofoca, mulher, não me dou com fofoqueiras. Sei que a ladeira é cheia delas, mas não me dou com fofoqueira alguma. Verdade, amiga, quem me conta, jura, e não brinca, é pessoa séria. Emengarda tem um segredo. Relato da mesma pessoa, pessoa séria, posso afirmar. Modos, mulher, faz como a Emengarda, pernas fechadas, discrição, no final quando sobra ela e o homem, às quatro e trinta, ela diz só tenho trinta minutos, tenho compromisso. Mas enquanto bebe o guaraná, nada fala, nada de expansões vazias, o homem tem de sofrer, se for fácil, vai embora logo, eles ficam, esperam a hora que ela vai. E só às quatro e trinta, apenas meia hora. Sirlene, calma, ele não vai agora. Está olhando pra mim? É porque sou mais difícil, mulher, não estou me abrindo pra ele, não mostro as pernas num bar, nada de vestido curto, nada de calcinha na bolsa, eles se interessam, depois vem falar ao meu ouvido. Não sei, vou responder espero o namorado. Eles morrem de raiva e de tesão quando ouvem que a mulher espera outro homem. Pagam pra ver, ficam até ela ir embora. Ele não veio, tenho enfim de dizer, me deu bolo. É a única vez que sorrio. Não sabem se é de disfarçada desilusão ou porque fiz que esperassem até quatro e trinta da madrugada, a noite quase perdida. Como Emengarda. Nenhuma de nós dá nada por ela, e sempre trepa mais do que a gente. E de vestidão. Eles não desconfiam que ela se insinua com vestidões. A mulher tem ardil, acaba a noite sempre com um homem, nada de noite perdida, e cada um mais bonito do que o outro. E querem voltar, se deixar querem até morar com ela. Emengarda se transforma quando tira o vestidão. Certa vez deixou um deles tão louco que ele lhe levou o vestidão. Mas ela não ligou, tinha outro em casa. Sirlene, você não escutou o que ele me falou, sei, o jukebox, a música, o volume alto. Você espera por mim? São quatro e trinta, tenho compromisso, apenas trinta minutos, viu, apenas trinta minutos.
quarta-feira, agosto 10, 2016
Você quer que eu fique nua pra você?
Você quer que eu fique nua pra você?, tudo bem, mas vamos a
um hotel, não gosto de namorar dentro de carro nem lá embaixo na areia da
praia, eu disse.
Eu o conhecera já fazia duas ou três semanas, ele viera trabalhar na cidade, na verdade um lugarejo, mas que tinha instalações para exploração de petróleo em alto mar. Passamos a nos encontrar quase todos os dias, frequentamos o principal restaurante, que ficava na orla marítima. Ele atendeu ao meu pedido. Ensinei o caminho e fomos a um hotel na cidade vizinha.
Durante o tempo em que ele permaneceu na minha cidade, ficamos juntos. Levei-o uma ou duas vezes pra casa. Mas não quis que virasse costume. Como nesse tipo de lugar quase todos se conhecem, logo começa o falatório, e eu não estava a fim de ouvir bobagens. Sabia que ele não ficaria pra sempre, o trabalho dele não permitia, eu tinha consciência também de que quando ele partisse seria muito difícil encontrá-lo de novo. Nos seus últimos dias, resolvi fazer algo marcante, algo que me tornaria inesquecível a ele.
Eu o conhecera já fazia duas ou três semanas, ele viera trabalhar na cidade, na verdade um lugarejo, mas que tinha instalações para exploração de petróleo em alto mar. Passamos a nos encontrar quase todos os dias, frequentamos o principal restaurante, que ficava na orla marítima. Ele atendeu ao meu pedido. Ensinei o caminho e fomos a um hotel na cidade vizinha.
Durante o tempo em que ele permaneceu na minha cidade, ficamos juntos. Levei-o uma ou duas vezes pra casa. Mas não quis que virasse costume. Como nesse tipo de lugar quase todos se conhecem, logo começa o falatório, e eu não estava a fim de ouvir bobagens. Sabia que ele não ficaria pra sempre, o trabalho dele não permitia, eu tinha consciência também de que quando ele partisse seria muito difícil encontrá-lo de novo. Nos seus últimos dias, resolvi fazer algo marcante, algo que me tornaria inesquecível a ele.
Tenho uma fantasia, falei. Fantasia?, ele me olhou curioso,
sorriu e esperou a explicação. Nada de carnaval, lembra quando saímos nas primeiras vezes?, você queria tirar minha roupa dentro do carro, pedi então pra
irmos a um hotel; aqui há um pequeno morro, de lá dá pra ver a cidade inteira,
embora a escalada seja um pouco cansativa; minha fantasia é tirar a roupa lá no
topo; não podia pedir isso a você naquele dia; vamos hoje? Ele concordou, achou
a ideia muito boa e engraçada. Ensinei o caminho. Guiou até as
proximidades. Deixamos o carro bem protegido, num trecho da estada que pouca
gente conhece. Começamos a subida.
Sabia que não encontraríamos pessoa alguma naquelas bandas,
mas mesmo assim preferi tomar o caminho mais difícil, afastado da possibilidade
de um encontro casual com qualquer habitante da cidade. Algumas vezes tínhamos de
andar no meio do mato; outras, aparecia um tipo de trilha, que nos ajudava.
Faltando cem metros para atingirmos o topo, encontramos uma espécie de caverna.
Como eu já conhecia o local, entrei e o chamei. Ali dentro o abracei, beijei-o na boca e ficamos agarrados um ao outro por um longo tempo. Você não me quer
nua?, incentivei. Ele fez que sim com a cabeça. Tirei então toda a roupa,
enrolei a blusa, a calcinha e o sutiã e os coloquei dentro da calça comprida,
enrolei a calça e a escondi num dos cantos da gruta. Quem cavou isso aqui?,
ele perguntou. Não sei, esse lugar já existe faz tempo. Você não tem medo que
alguém more nesse lugar, algum desconhecido?, você vai deixar suas roupas
aqui?, ele duvidava. Não vem ninguém não, vamos subir. Peguei o namorado pelo
braço e continuamos a escalada. Após um tempinho, atingimos a parte mais alta.
Sempre à frente, mostrei os quatro cantos da cidade. Foi engraçado, eu nua
puxando o homem de um lado a outro pra mostrar a paisagem. Ninguém ainda teve essa
mesma ideia, de vir aqui pra namorar?, ele estava preocupado. Acho que não,
falei, a cidade tem lugares mais fáceis de se chegar, onde se pode namorar sem ser
incomodado.
E realmente foi assim, namoramos bastante e não apareceu
ninguém enquanto estivemos ali. Mas o namorado se mostrou um pouco intranquilo.
Você não precisa ficar preocupado, relaxe, eu dizia, quem está nua sou eu.
Abracei-o mais uma vez e trouxe o seu sexo de novo para o meio das minhas
pernas. É bom a gente gozar com essa paisagem bonita em volta, debaixo desse
céu salpicado de estrelas, veja como brilham, falei O céu estava sem nuvens e sem
lua, dava para ver até mesmo a via láctea. Quando ele pensou em descer, resolvi
pregar uma peça. Contei uma história.
Você deve estar pensando que trago aqui todos os namorados,
ou todos os homens que conheço, mas não é isso não; confesso que já vim, fiquei
nua, mas apenas com dois deles; e o mais engraçado foi o que aconteceu uma das
vezes. Alguém surpreendeu vocês, e como você estava nua..., ele insinuou. Não,
não foi bem assim, sabe a caverna?, fiz como agora, deixei minhas roupas lá,
mas quando voltamos elas tinham desaparecido. Jura?, ele fez cara de surpresa.
Juro, procurei tudo, mas não encontrei, o rapaz ficou como você, mais apavorado
do que eu. Não posso voltar nua pra casa, disse a ele, mas temos um jeito, me
empresta tua camisa, pedi. Ele vestia uma blusa de mangas compridas de tecido aflanedado, pois era outono e ele parecia sentir frio à toa. Sem a blusa vou
ficar doente, mas tenho outra solução, vou descer sozinho e volto
com uma roupa pra você, ele assegurou. Acreditei no homem e fiquei esperando, agora
me pergunte se ele voltou?, eu disse finalizando o relato. E como você fez?
Ah, isso não posso contar, morro de vergonha. Você voltou pelada pra casa?,
perguntou ansioso. Não posso dizer que não, mas também não posso dizer que sim. Agarrei o homem, tirei seu sexo para fora da calça e trepamos mais uma vez. Descemos calados, já alta a madrugada. Entramos no
carro e ele me deixou em casa. Antes de ir embora, ainda o beijei pela última
vez. Você ficou me devendo, ele acrescentou. Eu?, o quê?, retorqui. O fim da
história. Ah, não liga não, brincadeirinha, sabe como é a vida numa cidade pequena, sorri e acenei um adeusinho. Fiquei
olhando o carro até desaparecer no final da rua.
Ah, meu namoradinho que me deixou nua, tomara que um dia desses você apareça de novo por aqui.
Ah, meu namoradinho que me deixou nua, tomara que um dia desses você apareça de novo por aqui.
terça-feira, agosto 02, 2016
Calça legging
Estou no centro da cidade, acabo de sair de uma reunião de trabalho. Como
meu universo é o das artes, ando sempre muito à vontade. Gosto mesmo é de
vestir calça legging e um camisão, por baixo o top. Não há homem que deixe de
me olhar, principalmente depois que passo. Às vezes tenho vontade de me virar
para surpreendê-los reparando minha bunda. Já sei até o que imaginam, minhas
nádegas volumosas, a marca da calcinha e, quem sabe, a camisa comprida
levantada! Encontro, de repente, um amigo. Já não o vejo faz tempo. Ele se curva
pra me beijar. Sou baixinha mas, como revanche, quem já trepou comigo sabe o
tanto que sou gostosa. E nesse dia eu estou ardendo. Por que tanta excitação? Sou
sincera, não sei dizer o motivo. Talvez a calça apertada, a calcinha entrando
que dá gosto, tudo contribuindo pra elevar minha temperatura. Ele pergunta o
que eu estou fazendo. Assunto de trabalho, respondo, mas já está resolvido.
Vamos tomar um café? Prefiro um chope, respondo. Não consigo reparar, mas
aposto que meu amigo ficou arrepiado. Os homens adoram mulheres que
surpreendem. Seguimos a um bar na Cinelândia. Ele me olha, sorri, e toca num
dos meus braços durante a conversa. Sorrio que só, sou feliz. Também é feliz a
tarde de quinta-feira.
Conheço aquele amigo faz uns quatro ou cinco anos. Também
assunto de trabalho. E faz uns três anos que não o vejo. Ele lançou um livro e
me convidou, saímos alguns dias depois. No momento em que tomamos o chope me
pergunto, será que trepei com ele? Sei lá, tantos namorados.
Fica bem essa roupa em você, ele diz. Você acha?, às vezes
penso que me torna extravagante. Que nada, continua, as mulheres devem usar o que
lhes cai melhor, essas calças colantes sempre chamam a atenção dos homens, e o
que há melhor no mundo do que as mulheres? Meu amigo tem boa conversa, melhor,
boa cantada, e eu já vou quase nadando nas águas dele, águas cada vez mais
quentes. Bebemos um, dois, três chopes. Ele pergunta se como alguma coisa. Não,
nada de comida, respondo. Ele ri, já sei, a elegância, acrescenta. Abro-me num
sorriso que convida. Ele sente a carícia. Que tal mais um?, sugiro. O garçom volta
com dois copos grandes. No final, estamos soltinhos. Mas meu amigo não me
convida pra sair, apenas diz que está feliz por ter me encontrado, não esperava
coisa melhor para aquela tarde. Penso o que lhe impede de me convidar a um hotel,
e ali em volta tem tantos. Meu amigo é um homem elegante. Precisamos marcar um
dia desses um encontro, com mais tempo, ressalta. Então, percebo que tem um
compromisso, talvez um compromisso mais importante do que levar uma mulher
bonita a um hotel, alguém que ele não vê faz tempo. Você não quer casar
comigo?, ele pergunta, é o homem mais natural do mundo. Por essa eu não
esperava, casar?, jura? Ele jura. Vou deixar meu número com você, falo, você me
pegou desprevenida, quem sabe seja a calça legging, tiro a calça e tudo se
acaba... Meus olhos ficam úmidos. Ele nota. Talvez seu objetivo seja emocionar
uma mulher. Há homens que sentem mais prazer nisso do que numa boa trepada. Pra
me vingar digo, ainda com os olhos úmidos, sabe, tive um namorado que me roubou
as calças leggings, juro, me deixou só de camisão, e eu pensando que ele queria
casar comigo! Ambos caímos numa gargalhada gostosa. Juro que não vou roubar
suas calças, não é do meu feitio, acrescenta. Seu negócio é casamento!, exclamo.
Isso, casamento, e você é tão bonita. Jura que não foi o chope?, pergunto. Você
acha que três ou quatro chopes vão fazer um homem querer casar?, ele. Sei lá,
há gente pra tudo. Até pra roubar calças leggings, completa, me telefona, tenho
de ir agora, mas me telefona, olha que não é todo dia que aparece alguém pedindo
pra casar.
Meu amigo se vai. Fico a passar o que ele quer comigo.
Ligo três dias depois. Você tem uma cantada, hein, todas as mulheres vão querer teus braços.
Vamos a um motel, no centro da cidade. Mas não visto, naquela tarde, calça legging. Casamento? Melhor sermos amantes, sussurro no seu ouvido, sai mais caro mas é melhor. E tem mais uma coisa, você sempre vai querer roubar minhas calças.
Ligo três dias depois. Você tem uma cantada, hein, todas as mulheres vão querer teus braços.
Vamos a um motel, no centro da cidade. Mas não visto, naquela tarde, calça legging. Casamento? Melhor sermos amantes, sussurro no seu ouvido, sai mais caro mas é melhor. E tem mais uma coisa, você sempre vai querer roubar minhas calças.
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