Estou no centro da cidade, acabo de sair de uma reunião de trabalho. Como
meu universo é o das artes, ando sempre muito à vontade. Gosto mesmo é de
vestir calça legging e um camisão, por baixo o top. Não há homem que deixe de
me olhar, principalmente depois que passo. Às vezes tenho vontade de me virar
para surpreendê-los reparando minha bunda. Já sei até o que imaginam, minhas
nádegas volumosas, a marca da calcinha e, quem sabe, a camisa comprida
levantada! Encontro, de repente, um amigo. Já não o vejo faz tempo. Ele se curva
pra me beijar. Sou baixinha mas, como revanche, quem já trepou comigo sabe o
tanto que sou gostosa. E nesse dia eu estou ardendo. Por que tanta excitação? Sou
sincera, não sei dizer o motivo. Talvez a calça apertada, a calcinha entrando
que dá gosto, tudo contribuindo pra elevar minha temperatura. Ele pergunta o
que eu estou fazendo. Assunto de trabalho, respondo, mas já está resolvido.
Vamos tomar um café? Prefiro um chope, respondo. Não consigo reparar, mas
aposto que meu amigo ficou arrepiado. Os homens adoram mulheres que
surpreendem. Seguimos a um bar na Cinelândia. Ele me olha, sorri, e toca num
dos meus braços durante a conversa. Sorrio que só, sou feliz. Também é feliz a
tarde de quinta-feira.
Conheço aquele amigo faz uns quatro ou cinco anos. Também
assunto de trabalho. E faz uns três anos que não o vejo. Ele lançou um livro e
me convidou, saímos alguns dias depois. No momento em que tomamos o chope me
pergunto, será que trepei com ele? Sei lá, tantos namorados.
Fica bem essa roupa em você, ele diz. Você acha?, às vezes
penso que me torna extravagante. Que nada, continua, as mulheres devem usar o que
lhes cai melhor, essas calças colantes sempre chamam a atenção dos homens, e o
que há melhor no mundo do que as mulheres? Meu amigo tem boa conversa, melhor,
boa cantada, e eu já vou quase nadando nas águas dele, águas cada vez mais
quentes. Bebemos um, dois, três chopes. Ele pergunta se como alguma coisa. Não,
nada de comida, respondo. Ele ri, já sei, a elegância, acrescenta. Abro-me num
sorriso que convida. Ele sente a carícia. Que tal mais um?, sugiro. O garçom volta
com dois copos grandes. No final, estamos soltinhos. Mas meu amigo não me
convida pra sair, apenas diz que está feliz por ter me encontrado, não esperava
coisa melhor para aquela tarde. Penso o que lhe impede de me convidar a um hotel,
e ali em volta tem tantos. Meu amigo é um homem elegante. Precisamos marcar um
dia desses um encontro, com mais tempo, ressalta. Então, percebo que tem um
compromisso, talvez um compromisso mais importante do que levar uma mulher
bonita a um hotel, alguém que ele não vê faz tempo. Você não quer casar
comigo?, ele pergunta, é o homem mais natural do mundo. Por essa eu não
esperava, casar?, jura? Ele jura. Vou deixar meu número com você, falo, você me
pegou desprevenida, quem sabe seja a calça legging, tiro a calça e tudo se
acaba... Meus olhos ficam úmidos. Ele nota. Talvez seu objetivo seja emocionar
uma mulher. Há homens que sentem mais prazer nisso do que numa boa trepada. Pra
me vingar digo, ainda com os olhos úmidos, sabe, tive um namorado que me roubou
as calças leggings, juro, me deixou só de camisão, e eu pensando que ele queria
casar comigo! Ambos caímos numa gargalhada gostosa. Juro que não vou roubar
suas calças, não é do meu feitio, acrescenta. Seu negócio é casamento!, exclamo.
Isso, casamento, e você é tão bonita. Jura que não foi o chope?, pergunto. Você
acha que três ou quatro chopes vão fazer um homem querer casar?, ele. Sei lá,
há gente pra tudo. Até pra roubar calças leggings, completa, me telefona, tenho
de ir agora, mas me telefona, olha que não é todo dia que aparece alguém pedindo
pra casar.
Meu amigo se vai. Fico a passar o que ele quer comigo.
Ligo três dias depois. Você tem uma cantada, hein, todas as mulheres vão querer teus braços.
Vamos a um motel, no centro da cidade. Mas não visto, naquela tarde, calça legging. Casamento? Melhor sermos amantes, sussurro no seu ouvido, sai mais caro mas é melhor. E tem mais uma coisa, você sempre vai querer roubar minhas calças.
Ligo três dias depois. Você tem uma cantada, hein, todas as mulheres vão querer teus braços.
Vamos a um motel, no centro da cidade. Mas não visto, naquela tarde, calça legging. Casamento? Melhor sermos amantes, sussurro no seu ouvido, sai mais caro mas é melhor. E tem mais uma coisa, você sempre vai querer roubar minhas calças.
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