terça-feira, agosto 30, 2016

Vice-versa

O difícil é convencê-lo. Como posso deixar você assim, quase uma da madrugada e num lugar tão deserto?, nervo puro o homem. Desde o começo avisei que não daria explicações sobre isso, rebato, e tem mais uma coisa, lembra que aceitei a sua aproximação, deixo você realizar o seu desejo, sempre nos encontramos duas horas antes e ficamos muito à vontade. O homem respira fundo. Teme que me aconteça algo ruim. Não vai acontecer nada, fique tranquilo, uma mulher bonita tem sorte, depois de amanhã estaremos juntos de novo, você vai poder invadir o meu corpo, como gosta de dizer. Ele fica sério. Toma a sacola nas mãos sem mostrar muito jeito, aponta sem saber como agir. São roupas, digo já sem paciência, nunca viu roupa de mulher?, depois de amanhã pego de volta, cuida porque são roupas caras, e tudo está pelos olhos da cara. Ele acaba aceitando. Entra no carro, mas demora a dar a partida. Bato duas vezes na lataria da porta. Não o vejo, mas faço sinal que se vá. Assim que o carro desaparece, sinto aquele friozinho no estômago, comum nessas situações. Ao longe faróis anunciam a aproximação de outro veículo. Da beira da estrada, pulo para dentro do mato, me agacho. Sei que não é quem aguardo. Para uma picape. Desce um homem grande. Acho que desconfia, talvez me tenha visto de relance. Meu coração acelera. Permaneço quietinha, guardo até mesmo a respiração. Chego a suar. Dou com as nádegas na terra, entre a vegetação. Se esse homem me encontra, já sei o que vai acontecer, penso, ainda sem soltar o ar. Escuto som de água correndo, depois sinto o cheiro. Xixi. Isso mesmo. O desconhecido urina quase ao meu lado. Ao longe ouço o som de outro automóvel. Assim que passa, um cão gane. O ronco do motor anuncia a partida do automóvel. O grandalhão se vai. Solto a respiração. Volto cautelosa à beira da pista. Limpo com as mãos o naco de terra que me gruda às coxas e ao bumbum. Procuro o perfume dentro da bolsa, mas faróis novamente se aproximam, e o alerta vem piscando. É o sinal. Carlos para, abre a porta. Entro. Ai, você ainda me mata, pouso as mãos sobre as coxas depois de beijá-lo. A questão deste é outra, quer saber como faço para chegar nua até ali. Nada de perguntas, vamos aos fatos, declaro. Então ele me leva a um hotel, desses em que se entra com o automóvel dentro da garagem do apartamento. Juntos tomamos banho. Carlos me ensaboa e eu passo as mãos sobre o seu tórax. Quando voltamos ao quarto, tira da bolsa a garrafa térmica. Ela contém água morna. Serve-me um grande gole num copo que há sobre o frigobar. Encho a boca com a água. Está suave. Sento-me na cama. Ele chega o pênis bem junto do meu rosto. Abro a boca. Deixo que deslize através dos meus lábios até mergulhar no líquido tenro, que guardo entre as bochechas. Fazemos um sexo oral delicioso. Seu pênis indo e vindo, banhado na água morna. Carlos se extasia e não demora a gozar. Quando tira fora o sexo tapa-me a boca, pede que eu engula a água junto com a porra. Faço hum hum como sinal de aprovação. Assim que vê os músculos do meu pescoço demonstrarem o movimento de deglutição me solta e corre a beijar minha boca. Deitamos e ele enfia seu sexo na minha vagina. Quando está próximo o fim da madrugada digo a ele vamos, não tenho o que vestir. Ele morre de tesão e me come mais uma vez, pleno de voracidade. Saímos às cinco e quinze. Ainda predominam as sombras, mas à oriente se percebe alguma claridade. Quando chegamos a casa beijo o namorado, olho ambos os lados, abro a porta do automóvel e corro. Amanhã você me conta como faz para vir nua ao meu encontro, ainda o ouço. Ok, respondo, amanhã falamos sobre isso. Já pensei também em começar por Carlos. Ser deixada na estrada depois da meia-noite por ele e apanhada pelo namoradinho da matinê. Mas, desse modo, saberiam o meu segredo. Logo, nada de vice-versa.

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