quarta-feira, agosto 10, 2016

Você quer que eu fique nua pra você?

Você quer que eu fique nua pra você?, tudo bem, mas vamos a um hotel, não gosto de namorar dentro de carro nem lá embaixo na areia da praia, eu disse.

Eu o conhecera já fazia duas ou três semanas, ele viera trabalhar na cidade, na verdade um lugarejo, mas que tinha instalações para exploração de petróleo em alto mar. Passamos a nos encontrar quase todos os dias, frequentamos o principal restaurante, que ficava na orla marítima. Ele atendeu ao meu pedido. Ensinei o caminho e fomos a um hotel na cidade vizinha.

Durante o tempo em que ele permaneceu na minha cidade, ficamos juntos. Levei-o uma ou duas vezes pra casa. Mas não quis que virasse costume. Como nesse tipo de lugar quase todos se conhecem, logo começa o falatório, e eu não estava a fim de ouvir bobagens. Sabia que ele não ficaria pra sempre, o trabalho dele não permitia, eu tinha consciência também de que quando ele partisse seria muito difícil encontrá-lo de novo. Nos seus últimos dias, resolvi fazer algo marcante, algo que me tornaria inesquecível a ele.

Tenho uma fantasia, falei. Fantasia?, ele me olhou curioso, sorriu e esperou a explicação. Nada de carnaval, lembra quando saímos nas primeiras vezes?, você queria tirar minha roupa dentro do carro, pedi então pra irmos a um hotel; aqui há um pequeno morro, de lá dá pra ver a cidade inteira, embora a escalada seja um pouco cansativa; minha fantasia é tirar a roupa lá no topo; não podia pedir isso a você naquele dia; vamos hoje? Ele concordou, achou a ideia muito boa e engraçada. Ensinei o caminho. Guiou até as proximidades. Deixamos o carro bem protegido, num trecho da estada que pouca gente conhece. Começamos a subida.

Sabia que não encontraríamos pessoa alguma naquelas bandas, mas mesmo assim preferi tomar o caminho mais difícil, afastado da possibilidade de um encontro casual com qualquer habitante da cidade. Algumas vezes tínhamos de andar no meio do mato; outras, aparecia um tipo de trilha, que nos ajudava. Faltando cem metros para atingirmos o topo, encontramos uma espécie de caverna. Como eu já conhecia o local, entrei e o chamei. Ali dentro o abracei, beijei-o na boca e ficamos agarrados um ao outro por um longo tempo. Você não me quer nua?, incentivei. Ele fez que sim com a cabeça. Tirei então toda a roupa, enrolei a blusa, a calcinha e o sutiã e os coloquei dentro da calça comprida, enrolei a calça e a escondi num dos cantos da gruta. Quem cavou isso aqui?, ele perguntou. Não sei, esse lugar já existe faz tempo. Você não tem medo que alguém more nesse lugar, algum desconhecido?, você vai deixar suas roupas aqui?, ele duvidava. Não vem ninguém não, vamos subir. Peguei o namorado pelo braço e continuamos a escalada. Após um tempinho, atingimos a parte mais alta. Sempre à frente, mostrei os quatro cantos da cidade. Foi engraçado, eu nua puxando o homem de um lado a outro pra mostrar a paisagem. Ninguém ainda teve essa mesma ideia, de vir aqui pra namorar?, ele estava preocupado. Acho que não, falei, a cidade tem lugares mais fáceis de se chegar, onde se pode namorar sem ser incomodado.

E realmente foi assim, namoramos bastante e não apareceu ninguém enquanto estivemos ali. Mas o namorado se mostrou um pouco intranquilo. Você não precisa ficar preocupado, relaxe, eu dizia, quem está nua sou eu. Abracei-o mais uma vez e trouxe o seu sexo de novo para o meio das minhas pernas. É bom a gente gozar com essa paisagem bonita em volta, debaixo desse céu salpicado de estrelas, veja como brilham, falei O céu estava sem nuvens e sem lua, dava para ver até mesmo a via láctea. Quando ele pensou em descer, resolvi pregar uma peça. Contei uma história.

Você deve estar pensando que trago aqui todos os namorados, ou todos os homens que conheço, mas não é isso não; confesso que já vim, fiquei nua, mas apenas com dois deles; e o mais engraçado foi o que aconteceu uma das vezes. Alguém surpreendeu vocês, e como você estava nua..., ele insinuou. Não, não foi bem assim, sabe a caverna?, fiz como agora, deixei minhas roupas lá, mas quando voltamos elas tinham desaparecido. Jura?, ele fez cara de surpresa. Juro, procurei tudo, mas não encontrei, o rapaz ficou como você, mais apavorado do que eu. Não posso voltar nua pra casa, disse a ele, mas temos um jeito, me empresta tua camisa, pedi. Ele vestia uma blusa de mangas compridas de tecido aflanedado, pois era outono e ele parecia sentir frio à toa. Sem a blusa vou ficar doente, mas tenho outra solução, vou descer sozinho e volto com uma roupa pra você, ele assegurou. Acreditei no homem e fiquei esperando, agora me pergunte se ele voltou?, eu disse finalizando o relato. E como você fez? Ah, isso não posso contar, morro de vergonha. Você voltou pelada pra casa?, perguntou ansioso. Não posso dizer que não, mas também não posso dizer que sim. Agarrei o homem, tirei seu sexo para fora da calça e trepamos mais uma vez. Descemos calados, já alta a madrugada. Entramos no carro e ele me deixou em casa. Antes de ir embora, ainda o beijei pela última vez. Você ficou me devendo, ele acrescentou. Eu?, o quê?, retorqui. O fim da história. Ah, não liga não, brincadeirinha, sabe como é a vida numa cidade pequena, sorri e acenei um adeusinho. Fiquei olhando o carro até desaparecer no final da rua.

Ah, meu namoradinho que me deixou nua, tomara que um dia desses você apareça de novo por aqui.

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