terça-feira, novembro 15, 2016

Tirou o biquíni e o entregou na minha mão

Na verdade, tudo não passou de uma brincadeira de verão. Íamos à praia para ter a pele bronzeada mas, principalmente, para olhar os rapazes bonitos. Apostávamos se viriam conversar conosco. Quando se aproximavam, fazíamos de conta que éramos mulheres difíceis, sérias, não incentivávamos a conversa. Mas sempre estávamos doidinhas para namorá-los. Às vezes quando entrávamos na água, algum deles mergulhava. Eu achava que era para ver de perto as minhas pernas, reparar o meu biquíni bem pequenino. Aí veio a Fanny com a tal brincadeira:

“Quer valer como não descobre?”, perguntou.

“Não descobre o quê?”, eu não havia entendido.

“Não descobre que você está nua.”

“Nua? Como?”, custei a perceber o que ela insinuava.

“Vamos apostar”, falou. “Tiro o biquíni, deixo com você, quando um deles vier conversar aposto que não descobre.”

“E se descobrir?”

“Não descobre, não; nem vou pensar nisso.”

Ela não se fez de rogada. Tirou o biquíni e o entregou na minha mão. Ficou apenas de top. Veio um, veio dois, conversaram durante vários minutos, acho que uma meia hora. Nenhum deles deu falta do biquíni. Quando percebi que ela ganharia a aposta, sai da água e levei a peça comigo.

Depois de algum tempo, Cecília apareceu e me falou:

A Fanny está chamando você, e olha que está furiosa?”

"Onde ela está?"; fingida, eu.

"Lá, dentro d'água", apontou.

“Ok”, respondi.

Voltei.

“Você saiu da água, cadê o meu biquíni”, perguntou, parecia tão calma, uma artista a Fanny..

“Guardei lá na minha bolsa”, falei. “Espere que volto já.”

Então ela mergulhou rapidinho. Sem que eu esperasse, desfez os meus lacinhos. Só entendi o ardil, quando senti o biquíni escapar.

“Volto logo, deixa que eu mesma vou buscar”, falou e se afastou.

“Ei, volte aqui”, gritei agitadíssima. Ela vestiu o meu biquíni e se foi.

Ao me perceber só, fiquei quietinha, temia atrair alguém. Estava, porém, desesperada.

Depois de intermináveis vinte minutos, lá veio ela de volta.

“Que susto, Fanny, pensei que você não voltaria.”

“Fiz isso pra você ver como é estimulante correr risco”, fez cara de santa e me devolveu a calcinha. Estava escondida dentro do seu biquíni.

Suspirei, então:

“Fanny, você tem razão, é muito bom. Fiquei e estou toda trêmula, mas acho que gozei.”

Ela riu e completou: “gozou sem que algum dos rapazes viesse conversar com você? Espere que vou deixar você nua de novo!”

“Não, Fanny, por favor, assim eu morro.”

“Não morre, não.”

Realmente, não morri. E à noite ainda acabei pelada pelas mãos de um rapagão, o que mostrou os olhos mais abertos durante o dia. Era tudo o que eu queria.

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